Um novo estudo desenvolvido pela Kaspersky revela algumas disparidades em toda a Europa sobre um futuro partilhado com “pessoas aumentadas”, onde Portugal surge como um dos países mais recetivos em aceitar o aumento/melhoria do corpo humano.
Em comparação com a média europeia (51%), os portugueses são aqueles que mais facilmente considerariam namorar com alguém com um aperfeiçoamento tecnológico (65%) e os que mais defendem que as pessoas devem ser livres para fazer o que quiserem com seu corpo (56%), face à média europeia (46%).
Quase metade (46,5%) dos europeus em idade adulta acredita que deveríamos ser livres de melhorar o nosso próprio corpo com a tecnologia de realidade aumentada, mas muitos outros demonstram preocupações sobre o impacto social, a longo prazo, que esta tecnologia pode ter, de acordo com um estudo pan-europeu desenvolvido pela Kaspersky.
Realidade aumentada
A realidade aumentada aplicada aos humanos pode apresentar-se sob duas formas: pode ser necessária devido a problemas de saúde, como a utilização de membros biónicos, ou as pessoas podem querer mesmo aumentar o seu corpo, através, por exemplo, da utilização de chips de identificação por radiofrequência (RFID).
O estudo da Kaspersky, que contou com a participação de 6.500 adultos em sete países europeus, revela que apenas 12% dos europeus se oporia a trabalhar com uma pessoa aumentada tecnologicamente, porque sentem que têm uma vantagem injusta no local de trabalho. No entanto, quase dois em cada cinco (39%) europeus em idade adulta temem que a realidade aumentada nos humanos possa levar a uma futura desigualdade social ou conflito.
No geral, quase metade (49%) dos europeus estão “entusiasmados” ou “otimistas” com uma sociedade futura que inclua tanto pessoas aumentadas, como não aumentadas.
De acordo ainda com a investigação, mais de metade (51%) dos europeus afirma ter conhecido alguém com um aumento tecnológico. No que diz respeito à sua vida pessoal, quase metade (45%) dos mesmos não teria problemas em namorar com alguém com um aumento e, inclusive, 5,5% revela já ter namorado com uma pessoa “aumentada”.
Ainda assim, mais de um terço diz que “sempre aceitou” pessoas aumentadas e 17% afirma que está a aceitar mais agora do que há dez anos. Já no que diz respeito à opinião por género, são os homens europeus que parecem estar mais recetivos a esta realidade: 50% diz que está “entusiasmado” ou “otimista” com um futuro partilhado com pessoas aumentadas e não aumentadas, em comparação com 40% das mulheres.
Aumento voluntário
Se um membro da família precisasse de tecnologia de realidade aumentada por motivos de saúde, os europeus ficariam mais confortáveis se este tivesse um braço biónico (38%) ou uma perna (37%). No que diz respeito ao aumento voluntário, os adultos em Portugal (56%) e Espanha (51%) são os mais propensos a dizer que as pessoas devem fazer o que pretenderem com o seu corpo, com o Reino Unido a concordar menos com esta afirmação, apresentando uma percentagem inferior de 36%. Além disso, quase três em cada dez (29,5%) europeus apoiariam um membro da família que decidisse aumentar o seu corpo, independentemente da sua escolha, sendo que os portugueses (46%) teriam maior facilidade em apoiar este membro familiar face à população francesa, que revela ter mais dificuldade em aceitar esta questão (19%).
Apenas 16,5% dos europeus vê a escolha de se aumentarem a si próprios como “estranha”, variando de apenas 8% em Portugal a 30% no Reino Unido, enquanto que quase um quarto (24%) vê a utilização desta tecnologia como um ato de coragem.
Um pouco mais de um quarto dos europeus (27%) acredita que as pessoas aumentadas deveriam ter uma representação especial a nível governamental, em comparação com os 41% que se opõe à ideia.
Marco Preuss, diretor da equipa global de investigação e análise da Kaspersky (GReAT), comenta que, “embora encontremos um amplo apoio e interesse na realidade aumentada em toda a Europa, existem preocupações compreensíveis em torno das implicações desta tecnologia para a sociedade. Governos, líderes da indústria e ‘pessoas aumentadas’ devem unir-se para moldar, em conjunto, o futuro da experimentação humana, para que possamos assegurar que esta indústria se desenvolve de forma regulada e segura para todos“.
Hannes Sapiens Sjöblad, Managing Director e cofundador da DSruptive Subdermals, acrescenta que “a tecnologia para aumentar o corpo humano não deve ser pensada como uma solução tecnológica de ponta, apenas para privilegiados. Deve ser acessível a todos, pois todos devem poder usufruir dos seus benefícios“.