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Case Study: Segurança alimentar nas cozinhas domésticas

De um modo geral, os consumidores consideram que as doenças de origem alimentar resultam essencialmente das más práticas de outros atores da cadeia agro-alimentar. Contudo, de acordo com o mais recente relatório da EFSA, relativo ao ano de 2014, a distribuição dos surtos alimentares resulta essencialmente do consumo de refeições preparadas em casa, local responsável por 37,3% dos surtos de doenças de origem alimentar, no seio da União Europeia, contrapondo com os 26% dos surtos ocorridos por consumo de refeições preparadas em restaurantes, cafés, bares, pubs, hotéis.

Contraria-se, assim, a perceção generalizada de que as doenças transmitidas por alimentos resultam do consumo de refeições fora de casa, tanto mais que, ao contrário do que ocorre em ambiente doméstico, as empresas do sector alimentar são obrigadas a cumprir a legislação vigente e a desenvolver um sistema de HACCP.

Levanta-se assim a questão: porque razão nem sempre os consumidores adotam práticas adequadas de higiene alimentar, nomeadamente a prática de uma correta manipulação de alimentos nas cozinhas domésticas, uma vez que essas práticas ajudariam a previr as doenças de origem alimentar? Trata-se de um tema pertinente, dado que os 5.251 surtos de origem alimentar relatados pela EFSA, para o ano de 2014, envolveram 45.665 casos humanos, resultando 6.438 internamentos e 27 mortes.

O trabalho aqui reportado visou aferir conhecimentos, atitudes e comportamentos relatados por consumidores portugueses relativamente à manipulação segura de alimentos aquando da confeção de refeições em suas casas. Conclui-se que, não obstante os inquiridos revelarem um elevado conhecimento sobre os conceitos associados à correta manipulação de alimentos e demonstrarem uma atitude favorável face a esta aplicação, apenas 65% relataram ter realizado, na semana anterior ao inquérito, a lavagem das mãos e apenas 72% relataram terem lavado adequadamente as tábuas de corte e utensílios. O elevado conhecimento geral dos inquiridos sobre as questões associadas à prática de uma manipulação higiénica dos alimentos e o facto destes acreditarem que já realizam comportamentos adequados são barreiras à adoção de novos comportamentos, higienicamente mais seguros.

Ana Pinto de MouraProfessora Auxiliar na Universidade Aberta, Engenheira Alimentar pela ESB-UCP e Doutorada em Engenharia de Sistemas Industriais, pelo INPL, Nancy, França. É investigadora do Green UP, CITAB-UP e Coordenadora do curso de Mestrado em Ciências do Consumo Alimentar, da Universidade Aberta.

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