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Qual o real efeito da Covid-19 no mercado de suíno?

preço do porco
Pedro Matos, consultor

Julgo que ninguém terá a resposta exata a este tema. Mas as perspetivas, para quem tem acompanhado os artigos anteriores, é de baixa no preço do porco.

Localmente

Portugal guia-se pela bolsa de Lérida (Espanha) para os seus preços indicativos. Mais uma semana em que o preço do porco vivo caiu mais de 3% (3,2%) para 1,343 euros o quilograma. Desde que Espanha, em meados de março (15 de março), decretou o estado de emergência e confinou 47 milhões de cidadãos a sua casa que o preço do porco vivo cai a pique.

Falta de consumo, matadouros fechados, lay-off, restauração fechada, etc., são uma pressão local enorme que nem o autorizar das empresas a vender para a China compensa.

E como vão agora os produtores enfrentar a descida dos preços? Vão negociar a descida dos mesmos ou tentar recuperar os danos do início de 2019? Vão tentar recuperar os produtos que foram retirados por falta de condições comerciais (rentabilidade)? A que preço?

E os distribuidores? Irão passar a descida dos preços para o PVP (creio que sim e rapidamente)? Vão pressionar mais a produção, argumentando que é tempo de baixar tabelas de preços face ao passado recente? Vão abrir portas a fornecedores estrangeiros (que andam aí…)?

O tempo o dirá.

 

Bolsa de Lérida, 30 abril de 2020

 

  Globalmente

Todos os mercados de referência baixaram a cotação exceto os Estados Unidos da América,  que recuperam esta semana das drásticas descidas do último mês. Mas as notícias não são animadoras, pois os gigantes norte-americanos (Canadá e EUA) que trabalham esta “commodity” não param de informar que têm que fechar unidades de produção por causa da Covid-19.

O próprio USDA “comprará 100 milhões de dólares em carne suína e bovina para apoiar agricultores e aliviar a fome.” Esta mercadoria servirá para fornecer bancos alimentares e outras organizações sem fins lucrativos. Tão diferente de Portugal…

A ajudar temos notícias recentes em que o efetivo de suíno na China não para de aumentar. E com o músculo financeiro que estão a colocar por trás da produção, provavelmente, teremos a recuperação do efetivo mais rápido que o esperado. Iremos acompanhar o tema seguramente.

Até agora, o efeito é muito duro. E, creio, tenderá a piorar.

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