António Lopes Dias, engenheiro agrónomo e diretor executivo da ANIPLA
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Sondagem aos europeus acerca da produção de alimentos

No cerne do Pacto Ecológico Europeu, a Estratégia do Prado ao Prato visa desenvolver um sistema alimentar justo, saudável e amigo do ambiente na União Europeia. Entre os objetivos da Estratégia estão estimular a produção e transformação sustentáveis, garantir a segurança alimentar, promover o consumo sustentável, reduzir o desperdício alimentar e combater a fraude alimentar.

No sentido de avaliar o conhecimento público do sistema atual e o apetite dos cidadãos europeus pela mudança, no final de 2020, a União Europeia promoveu a realização de um inquérito para perceber quais os fatores que influenciam as suas compras e hábitos alimentares, descobrir o que acreditam constituir “sustentabilidade” e saber quem identificam como agentes da mudança (entre outros aspetos).

E o que disseram os mais de mil portugueses, quando questionados?

Afirmaram que, quando compram alimentos, os três aspetos que ponderam como mais importantes para a sua decisão são o custo (referido 70% das vezes contra a média europeia de 40%), o sabor (59%) e a segurança alimentar (42%).

Disseram também que as três características que consideram mais importantes, para uma alimentação saudável da população, são ser economicamente acessível a todos (referido 47% das vezes), ser nutritiva e saudável (46%) e fazer um uso reduzido ou nenhum de pesticidas (45%).

E, finalmente, quando questionados sobre quem são os agentes que consideram mais relevantes para o desenvolvimento de um sistema alimentar sustentável, disseram que são os produtores (referido 86% das vezes), a indústria agroalimentar (69%) e o governo (53%).

 

Da leitura destes resultados, facilmente se compreende que os portugueses são altamente sensíveis ao custo da alimentação, ainda que não queiram abdicar dos aspetos qualitativos e nutricionais.

Se, em paralelo, considerarmos que, de acordo com informação recente da Rede Rural Nacional, a balança comercial do complexo agroalimentar de 2019 apresentou um défice de quatro mil milhões de euros e que, segundo estudos feitos por especialistas portugueses, a conversão de 25% da área agrícola da União Europeia para modo de produção biológico, até 2030, proposta pela Comissão no âmbito da Estratégia do Prado para o Prato, provocará, em Portugal, um aumento significativo das importações (e, consequentemente, do custo e pegada ecológica dos produtos), percebemos que o risco do aumento do custo da alimentação, em Portugal, é enorme – note-se que 77% dos inquiridos disse reconhecer que a alteração dos padrões de produção para modelos (ditos) mais sustentáveis pode provocar um aumento dos preços dos alimentos. Curiosamente, em momento algum do inquérito, é perguntado se concordam com esse caminho.

 

O que deve então ser feito para ir ao encontro das expectativas dos portugueses?

Sendo os produtores agrícolas percebidos como os principais agentes para a mudança que se entende necessária, devemos concentrarmo-nos em apoiar o desenvolvimento da eficiência produtiva.

É absolutamente urgente que os portugueses compreendam que é pela criação de medidas que incentivem a adoção de boas práticas e novas tecnologias que se consegue dar resposta aos desafios que a Europa enfrenta para a construção de uma alimentação sustentável, saudável, de qualidade, respeitadora do ambiente e capaz de alimentar uma população em crescimento. É, sim, através da compreensão das especificidades e realidade de cada país, procurando ponderar as suas diferentes idiossincrasias, apoiando os agricultores para que possam ser mais eficazes e eficientes nos seus modelos, para que consigam, com a mesma área de produção agrícola disponível, fazer mais e melhores alimentos, saborosos, seguros e com menor pegada ecológica. Tudo isto, a um custo aceitável.

 

António Lopes Dias, engenheiro agrónomo e diretor executivo da ANIPLA

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