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Portugal é o país onde os colaboradores se afirmam mais empenhados com a RSE

Foto Shutterstock

Quase quatro quintos (77%) dos colaboradores em Portugal considera-se promotor ou militante relativamente aos desafios da responsabilidade social empresarial. Portugal é, assim, o país com a percentagem mais elevada (a média é de 59%).

Os dados são avançados pelo Grupo CEGOS, que atua na área de Learning & Development, no seguimento do seu estudo internacional “Corporate Social Responsibility: mobilizar, envolver e formar para aumentar o compromisso e a ação”, realizado em maio junto de 3.802 colaboradores internacionais, dos quais 400 em Portugal, e 556 diretores ou “managers” internacionais de responsabilidade social empresarial, em oito países da Europa (França, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Portugal, Itália), Ásia (Singapura) e América Latina (Brasil).

A responsabilidade social empresarial (RSE) é definida pela Comissão Europeia como “a contribuição das empresas para o desenvolvimento sustentável”, o que implica “a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais nas suas operações comerciais e na sua interação com os ‘stakeholders’”. O objetivo é que as organizações tenham um impacto positivo na sociedade como um todo, mantendo-se economicamente viáveis.

O propósito deste estudo internacional foi triplo: compreender a forma como os colaboradores percecionam os desafios da RSE, identificar as partes interessadas envolvidas na abordagem da organização e inquirir os departamentos de RSE sobre os respetivos compromissos e ações nesta área.

Expectativas crescentes

Os dados do estudo revelam que as organizações estão sob pressão com expectativas internas cada vez maiores em matéria de RSE. Os colaboradores consideram haver um menor compromisso com a RSE do que os diretores, tanto em Portugal (5,8 face a 7,6) como no conjunto dos oito países (6,1 face a 8,1). Apenas 30% dos colaboradores em Portugal acredita que este compromisso responde aos grandes desafios globais da atualidade (alterações climáticas, diversidade e inclusão, eficiência energética, entre outros) e somente 37% (48% entre os oito países) considera que as iniciativas de RSE implementadas pela sua organização são eficazes ou muito eficazes.

Enquanto os diretores de RSE em Portugal consideram que os colaboradores estão bem informados sobre a abordagem da sua empresa (7,7 numa escala até 10), o sentimento é muito diferente entre os colaboradores portugueses (5,2). A mesma tendência é verificada à escala global.

A qualidade de vida no trabalho (91%), a redução do impacto ambiental (88%) e a saúde e a segurança no trabalho (86%) estão no centro das expectativas de formação dos colaboradores em Portugal.

O estudo também conclui que a maioria dos colaboradores ainda não está alinhada na plenitude com o conceito de RSE, mas este é visto como um desafio importante, um veículo de mobilização, de motivação profissional e de confiança no futuro. Em Portugal, os três temas que mais espontaneamente são trazidos à mente dos colaboradores pela RSE são a diversidade e inclusão (44%), a ética (43%) e a qualidade de vida no trabalho (41%). A única diferença para o cômputo geral verifica-se justamente no primeiro lugar, que na média dos oito países é ocupada pelo impacto social (41%), ficando a diversidade e inclusão no quarto lugar (34%).

Qualidade de vida e questões ambientais

A melhoria da qualidade de vida no trabalho é o principal benefício das empresas por estas assumirem compromissos de RSE, apontado em comum por colaboradores e diretores de RSE em Portugal. Entre os colaboradores está na segunda posição (62%), para os “managers” é mesmo o mais importante (49%).

Estas tendências são iguais às da globalidade dos países, aliás como sucede com a primeira posição entre os colaboradores, que para Portugal e para o conjunto dos oito países é a melhoria do desempenho ambiental (64% e 58%, respetivamente). Nesta questão, cada profissional foi convidado a escolher três benefícios principais.

Quando questionados sobre quais deveriam ser as três áreas prioritárias de ação para que a sua empresa/organização assumisse um compromisso mais forte em matéria de RSE, os colaboradores em Portugal são mais favoráveis àquilo que tem impacto na sua vida quotidiana (qualidade de vida no trabalho com 41% e saúde e segurança no trabalho com 32%) e, logo numa segunda linha, o ambiente (redução do impacto ambiental com 28%). Já os diretores de RSE colocam na primeira linha o ambiente (redução do impacto climático/carbónico com 60%, transição energética com 55% e redução do impacto ambiental 45%). Estas tendências são reproduzidas no conjunto dos países do barómetro.

Empenho limitado

O principal obstáculo à RSE, segundo os respetivos diretores em Portugal, é a ausência de uma equipa dedicada à execução do programa de RSE (35%). Se contabilizado a oito países, este fator é apenas o sexto mais referido, superado por cinco dificuldades que estão todas no mesmo patamar cimeiro (28%): estabelecer indicadores de controlo, equilibrar o curto prazo (desempenho) com o longo prazo (RSE), avaliar o impacto das ações implementadas, dispor de recursos financeiros específicos e, ainda, envolver os colaboradores nas atividades de RSE.

Os colaboradores em Portugal têm uma opinião bastante dura sobre o nível de empenho da sua empresa (5,8 em 10), que não é acompanhada pela dos “managers” de RSE (7,6). A nível global, a discrepância é similar (6,1 face a 8,1).

Mesmo que as empresas “possam e devam fazer melhor”, os colaboradores reconhecem o impacto significativo da abordagem de RSE da organização na sua atividade profissional quotidiana: 47% em Portugal e 51% na globalidade.

Embora este impacto seja concreto, não está ligado à gestão direta, que continua a ser considerada pouco envolvida na RSE por uma grande maioria dos colaboradores: 77% nos portugueses e 72% no conjunto internacional. Por exemplo, apenas 3% dos colaboradores portugueses (e 4% a nível global) considera que as chefias diretas são verdadeiros impulsionadores para a mudança nesta área.

A falta de comunicação também parece estar a prejudicar a eficácia das iniciativas de RSE nas empresas. Os colaboradores afirmam estar pouco informados sobre a abordagem da sua empresa, com uma classificação média de 5,2 em Portugal e 5,7 na globalidade dos países (numa escala até 10). Esta opinião não é partilhada pelos diretores de RSE, que classificam o nível de informação dos colaboradores em 7,7 em Portugal e 8 na média do barómetro.

Além disso, 30% dos colaboradores inquiridos em Portugal garante não ter concluído qualquer programa de formação relacionado com a RSE nos últimos três anos. Realidade semelhante abrange apenas 13% dos colaboradores da média dos países do estudo. Para se envolverem mais na RSE da sua empresa, os colaboradores, tanto da globalidade dos países como somente de Portugal, manifestam um maior interesse na formação em qualidade de vida no trabalho, saúde e segurança no trabalho e redução do impacto ambiental (todos com mais de 75%).

 

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