Os iogurtes são uma das categorias de Fast Moving Consumer Goods (FMCG) mais próximas dos portugueses, refere a Kantar. No ano de 2018, esteve presente em 96% dos lares portugueses e, apesar de poder ser considerada uma categoria tradicional, está longe de ser desatualizada.
“Cada vez mais, temos assistido à mudança de necessidades dos compradores, que procuram estar atualizados nas escolhas de produtos que levam para a sua casa. Saúde, novidade, bem-estar e prazer convivem e misturam-se na cesta dos portugueses e iogurtes é uma das categorias onde existe um claro esforço para dar resposta a todas as necessidades dos compradores, através de uma oferta cada vez mais ampla e completa“, explica.
Nos últimos dois anos, o foco foi a exploração e o aumento de opções que permitissem à categoria fazer parte de uma dieta que contribua para o bem-estar do consumidor, sendo que aqui os biológicos e free from (sem glúten e sem lactose) tiveram um papel chave, ao ganharem adeptos e também uma compra mais intensiva, deixando para trás grandes conceitos como light e bifidus, que, apesar de continuarem a fazer parte dos iogurtes mais comprados nesta categoria, têm dificuldade em encontrar crescimento perante a expansão de oferta em segmentos com maior visibilidade no momento. Para além disso, destaca-se a crescente oferta de proteicos e kefir, sendo cada vez mais importantes na categoria, ao absorverem compras dos segmentos mais típicos de iogurtes.
Sendo os iogurtes uma categoria que se renova e atualiza juntamente com o comprador, de forma a acompanhar as suas necessidades, seria de esperar que o crescimento fosse uma consequência natural desta dinâmica constante, mas que na realidade não se verifica. Apesar dos três primeiros meses de 2019 terem apresentado uma evolução estável em volume face a 2018, a verdade é que, a longo prazo, a categoria revela dificuldades em encontrar fontes de crescimento. Há já alguns anos que os iogurtes fecham o ano sem crescimento, sendo que o grande obstáculo está na contínua redução de compra, com maior destaque para o menor tamanho das cestas, ou seja, compramos cada vez menos quantidade, de cada vez que vamos às compras.
Tem-se assistido a uma centralização da oferta em formatos menores, packs de quatro, de dois e até mesmo a recuperação da compra de iogurtes individuais, No entanto, a compra de packs menores não é compensada com maiores quantidades. Isto quer dizer que a categoria se mantém nos lares portugueses, mas em menor quantidade.
Nem mesmo a grande atividade promocional se mostra eficaz no incentivo a uma compra mais intensiva, uma vez que o comprador já convive de forma bastante natural com as promoções no linear. Com uma oferta cada vez mais ampla, variada e com ações promocionais permanentes, a categoria continua a perder volume.
Os iogurtes enfrentam uma redução de consumo ao dividirem os seus momentos de consumo com mais categorias, sendo que esta redução acontece, com maior expressividade, nos lares dos 35 aos 49 anos, que historicamente sempre foram a faixa etária mais dedicada à compra da categoria.
Os portugueses são atipicamente mais adeptos de iogurtes líquidos, gostam de fazer as suas próprias misturas, juntando ao seu iogurte frutas, sementes, cereais, etc. Outra característica é o local de consumo, pelo que, por reconhecerem o lado prático do produto, os portugueses levam o iogurte para o trabalho, onde a motivação de consumo difere um pouco. O local de compra também está a sofrer alterações, a solução “on the go” também é uma realidade e cada vez mais válida para o consumidor.
Todas estes detalhes e particularidades do consumidor devem ser consideradas, diz a Kantar, porque cada uma representa uma oportunidade de crescimento e de diferenciação para os fabricantes de iogurtes.