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Economia circular como veículo para a descarbonização da indústria

Foto Shutterstock

A Conferência realizada pela Associação Smart Waste Portugal teve como principais conclusões a importância que a economia circular desempenha relativamente à crise das matérias-primas e à crise energética, bem como o papel diferenciador que o sector de resíduos pode ter na produção de energia, nomeadamente através de operações de valorização energética, que podem apoiar o cumprimento da meta de desvio de resíduos de aterro.

Portugal encontra-se alinhado com a União Europeia, apresentando objetivos ambiciosos nesta matéria, nomeadamente a redução para 10% da deposição em aterro face à produção de resíduos, até 2035, chegar a 2026 com 80% da eletricidade proveniente de fontes renováveis e atingir a neutralidade carbónica em 2050. Nesta conferência, marcaram presença várias empresas para discutir e repensar o que falta para acelerar a transição energética e de que forma é que o sector dos resíduos pode contribuir para uma maior produção de energia.

A Sessão de Abertura esteve a cargo do secretário de Estado do Ambiente, Hugo Polido Pires que referiu “o financiamento via Portugal 2030, de 500 milhões de euros para a área dos resíduos e economia circular, mas também pela devolução da chamada Taxa de Gestão de Resíduos (TGR) aos municípios, para que este dinheiro seja reinvestido numa rede para recolha seletiva e tratamento na origem de biorresíduos, resíduos esses que, ao dia de hoje, representam cerca de 40% dos resíduos urbanos. Anunciou também que o Governo está a preparar uma campanha de sensibilização nacional para incentivar a separação seletiva dos biorresíduos e garantir uma reciclagem mais eficaz”.

 

Valorização

Em 2021, 56% dos resíduos urbanos produzidos foi depositado em aterro, 19% seguiu para valorização energética, 14% para reciclagem, 7% para compostagem/digestão anaeróbia e 2% para outras valorizações. Apesar da diminuição verificada face a anos anteriores, a deposição em aterro continua a ser o destino preferencial. Assim sendo, inverter esta tendência, direcionando resíduos para valorização energética, traduzir-se-á numa redução da percentagem de resíduos em aterro, contribuindo assim para o alcance das metas.

Segundo Aires Pereira, presidente da direção da Associação Smart Waste Portugal, “a gestão adequada de resíduos é essencial para minimizar o impacto ambiental da eliminação destes, reduzindo a deposição em aterro e evitando a emissão de gases nocivos para a atmosfera. As tecnologias de transformação de resíduos em energia podem reduzir significativamente o volume de resíduos que acaba depositado em aterros, mitigando assim potenciais riscos ambientais e de saúde”.

Importa salientar, no entanto, que Portugal tem ainda um caminho a percorrer, pois é necessário um maior investimento em instalações de processamento de resíduos mais avançadas, bem como garantir um fornecimento consistente de resíduos adequados para a conversão em energia, incluindo resíduos sólidos urbanos, resíduos agrícolas e orgânicos, resíduos industriais, entre outros.

 

Potencial do país

Portugal tem um potencial significativo para transformar resíduos em energia, contribuindo para objetivos de energias renováveis, para as metas de redução de deposição de resíduos em aterro e para a descarbonização. A circularidade, a energia, as matérias-primas, os recursos e os resíduos encontram-se intimamente ligados, sendo essencial descarbonizar a indústria, através da aposta na eficiência energética e em fontes de energia mais limpas e, por conseguinte, reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa.

Ao longo da sessão foram também abordados temas como o biometano, o hidrogénio verde, a biomassa e os combustíveis derivados de resíduos (CDR), os quais desempenham um papel na promoção de uma energia mais sustentável e limpa, aproveitando recursos renováveis ou resíduos

“Assim, torna-se necessário dissociar o crescimento económico da utilização de recursos, promovendo uma economia mais resiliente e circular, com o sector dos resíduos a ter um papel de destaque rumo à transição ecológica e energética. Fatores como a cooperação entre as diversas cadeias de valor, a inovação tecnológica, o financiamento sustentável, a capacitação e o envolvimento da comunidade são cruciais nesta transição e para os objetivos da neutralidade carbónica e de gestão de resíduos”, pode ler-se no comunicado.

 

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