O valor é sempre uma prioridade fundamental para os consumidores, indica a Mintel. À medida que se recupera da pandemia, provavelmente, entrar-se-á num período de dificuldades económicas. Em 2008-2009, os orçamentos familiares mais apertados combinaram-se com a maior inflação alimentar e a incerteza geral, levando os consumidores repensarem muitos dos seus hábitos de compra de alimentos.
No Reino Unido, mais de metade dos compradores de produtos de marca e de marca própria diz que comprar marcas da distribuição faz com que se sintam um comprador experiente. O valor sobe entre os que descrevem a sua situação financeira como saudável. “Isto demonstra a oportunidade dos retalhistas apelarem não só aos consumidores que procuram preços mais acessíveis por necessidade, mas também ao grupo muito maior que os procuram por escolha própria. Quase sete em cada 10 consumidores alemães acreditam que a gama de produtos de marca própria melhorou nos últimos anos e mais de metade viu melhorias nas suas embalagens”, diz a consultora.
Os tempos pós-pandemia criarão oportunidades para os retalhistas gerarem novas capacidades para diferenciar as suas gamas de marca própria num mercado competitivo. De acordo com a Mintel, serão quatro as principais tendências que moldarão o futuro das marcas da distribuição.
Amazon: intensificar a ambição das MDD
A Amazon continua a sua aposta no sector alimentar, lançando novas marcas próprias e expandindo o seu alcance, tanto online como nas lojas físicas. No final do dia, as marcas da Amazon poderão vir a representar uma concorrência acrescida para os retalhistas tradicionais, especialmente se a empresa abrir um número significativo de lojas físicas e apostar em marketing agressivo em torno das suas marcas nas lojas Amazon Fresh e Amazon Go.
Para resistir à potencial ameaça da expansão das marcas próprias da Amazon, os principais retalhistas de base alimentar deverão provar a sua capacidade de inovar em espaços online e offline. À medida que o mundo sofre uma transformação digital como resultado da pandemia, os operadores de retalho continuarão a investir fortemente em tecnologia para apoiar o crescimento online e aumentar as suas capacidades neste âmbito. Dado o rápido e contínuo crescimento dos supermercados online, os operadores que não adotem uma presença omnicanal e tenham estratégias bem definidas vão perder quota de mercado.
Soluções locais
Os consumidores exigem mais transparência às empresas. Querem saber quem faz os seus produtos e como e sentir que estão a ajudar a sua comunidade, consumindo bens produzidos localmente. Maiores expectativas em torno de retribuir à comunidade sobreviverão à pandemia.
Os retalhistas devem demonstrar como enriquecem as economias, os ambientes e as comunidades locais de uma forma significativa, traduzindo os valores locais em inovação. Por exemplo, as leguminosas congeladas da sul-africana Pick and Pay são cultivados localmente por agricultores capacitados por um programa que fornece apoio e formação. A marca procura oferecer qualidade consistente, ao mesmo tempo que cria emprego para devolver à comunidade.
Refeições em casa
As gamas de marca própria desempenham um papel essencial nas decisões de compra dos consumidores. Com efeito, segundo a Mintel, cerca de metade dos consumidores nos mercados europeus diz que escolheria um retalhista com uma vasta gama de produtos de marca própria, em vez de um com uma gama mais pequena.
O posicionamento das refeições no lar continuará relevante no mundo pós-pandemia. No Reino Unido, os negócios de foodservice foram rápidos a orientar-se para esta oportunidade evidente, tal como fez, por exemplo, o grupo de restaurantes indianos Dishoom, dos primeiros a oferecer kits de refeições.
Sustentabilidade
A Cobid-19 aumentou as preocupações dos consumidores em matéria de saúde e ambiente, o que levou a novas exigências sobre a origem dos produtos. Os produtos de marca própria carecem frequentemente da transparência que os produtos de marca fabricante têm. No entanto, os retalhistas estão a tentar aumentá-la com uma melhor rotulagem, de modo a gerar confiança.
Para tranquilizar os consumidores e ajudá-los a lidar com as várias reivindicações de sustentabilidade, várias empresas estão a propor sistemas de eco-pontuação. Por exemplo, a iniciativa francesa Eco-Score informa os consumidores sobre o impacto das suas escolhas alimentares e orienta-os para um consumo individual responsável. O Eco-Score calcula os produtos de A (baixo) a E (alto) de acordo com o seu impacto ambiental.