Menos de um quarto (23%) dos líderes de joint ventures (sociedades empresariais) acredita que as suas organizações estão preparadas para enfrentar incertezas geopolíticas, de acordo com o estudo “Steering Joint Ventures Through Geopolitical Storms”, realizado pelo Boston Consulting Group (BCG).
Em oposição, 8% considera que as sociedades não estão, de todo, preparadas e 70% revela que estão pouco preparadas.
O ambiente geopolítico volátil tem levado as empresas a reconsiderar as sociedades atuais e os locais onde planeiam estabelecer futuras parcerias. Nesta linha, um terço dos executivos de sociedades empresariais está a considerar alterar a forma como desenvolve as parcerias, dos quais 30% equaciona transferir as operações para outro local, 16% pretende renegociar os termos dos acordos e 13% revela mesmo abandonar algumas parcerias. As joint ventures estão também a reforçar os seus mecanismos de proteção, nomeadamente os não jurídicos, considerados por 44% dos inquiridos como importantes, sendo que 32% revela que este tipo de proteções ganhou maior relevância ao longo da última década.
“A instabilidade geopolítica, seja na forma de conflitos no leste da Europa e no Médio Oriente ou de revoltas políticas na América Latina e em África, e as contínuas perturbações nas cadeias de abastecimento, implicam riscos acrescidos para as joint ventures transfronteiriças”, afirma Carlos Elavai, Managing Director e Partner do BCG em Lisboa. “Estas sociedades estão mais expostas por operarem internacionalmente e agregarem empresas de diferentes geografias, devendo apostar em mecanismos como a antecipação e preparação para diversos cenários, o estabelecimento e reforço de relações profundas nos mercados estrangeiros e a definição de uma estratégia de saída (‘exit’) sólida e clara, de forma a conseguirem sobreviver às tensões e enfrentar os respetivos impactos nos mercados”.
As empresas europeias e norte-americanas destacam-se como estando mais expostas a riscos geopolíticos, visto que cerca de 70% das suas sociedades empresariais envolve parceiros estrangeiros. Em comparação, esta proporção desce para 50% na Índia e restante região Ásia-Pacífico (APAC) e para 30% na China.
O inquérito revela ainda que cerca de 20% de todas as sociedades transfronteiriças lançadas nos últimos 13 anos incluiu um sócio sediado na China. Destas, cerca de metade planeia manter um nível semelhante de atividade no país, relativamente à última década, com destaque para empresas sediadas no Médio Oriente, América Latina, Índia e restantes países da APAC.
Em oposição, as empresas na América do Norte e na Europa pretendem reduzir o número de consórcios na China, demonstrando maior interesse em parcerias geograficamente mais próximas, com base em fatores como a segurança nacional, a aposta em energia “verde” e a política industrial nacional.