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Formato hipermercado perde quota a nível global

Numa altura em que o buzz está colocado na conveniência e no e-commerce, quais as perspetivas futuras para o formato hipermercado? A resposta a esta questão é dada num estudo recente da Kantar Worldpanel, que analisa os canais de comercialização de Fast Moving Consumer Goods (FMCG). Intitulada “Winning Omnichannel”, a análise revela que tanto os hipers como os supermercados se encontram a perder quota a nível mundial. Quota esta que está a ser conquistada pelos operadores de e-commerce e discount e pelo comércio tradicional. A manter-se o atual cenário, em 2021, os hipers e os supermercados representarão menos de metade das vendas a retalho totais de FMCG.

Em 2016, as vendas em valor de FMCG feitas nos hipers e supermercados cresceram apenas 0,7%, enquanto o gasto online aumentou 26%, nos operadores de discount acresceu 5,1% e nos cash & carries 4,1%.

Globalmente, a quota de mercado dos hipers e supermercados tende a reduzir. Em mercados como o Reino Unido, Coreia do Sul e Peru, a situação atinge mesmo níveis extremamente baixos. Em contrapartida, o comércio eletrónico, os discounters e os formatos tradicionais prosperam.

De acordo com a Kantar Worldpanel, em 2021, estes dois canais (hipers e supers), que no ano passado representavam 52% das vendas em valor de FMCG, valerão menos de metade, mais concretamente 48%. Já o e-commerce crescerá para 7,5% e o discount para 6,5%.

O comércio eletrónico continua a ganhar importância nas compras de FMCG, particularmente nos mercados de e-commerce mais avançados, como a Coreia do Sul, a China e o Reino Unido. No mercado britânico, só no ano passado, a quota das vendas em valor deste canal aumentou de 6,7% para 7,3%. Os britânicos são o segundo grupo de consumidores que mais bens de grande consumo compram online, apenas suplantados pelos sul-coreanos.

Portugal figura no grupo de cinco mercados que mais cresceram nas vendas online de FMCG entre 2015 e 2016, mais concretamente 24%. Mesmo assim, a quota deste canal no grande consumo em Portugal é ainda diminuta e situa-se em 1%.

O discount foi o segundo canal de maior crescimento em 2016, com um aumento de 5,1% em valor. Em mercados como o colombiano, onde abriram mais de 600 destas lojas em 2016, estes operadores atingiram mesmo taxas de crescimento a três dígitos (124%).

No mercado português, onde o formato discount já atingiu uma certa maturidade, as vendas neste canal até contraíram 4%, com a quota a situar-se nos 14,4%.

Quanto aos hipers e supermercados, estes canais continuam a crescer, mas a um ritmo muito mais lento, de 0,7%. Estes operadores registaram algum sucesso em algumas regiões em desenvolvimento da América Latina, mas estão a ter muitas dificuldades pela concorrência do discount no Reino Unido, dos operadores tradicionais em Espanha e no Peru e do e-commerce na Coreia do Sul.

Já o retalho tradicional e os outros formatos (venda porta a porta, cash & carry e farmácias) estão a ter um bom desempenho nas regiões em desenvolvimento. Em África, por exemplo, onde o preço e a conectividade são fatores-chave, o retalho tradicional representa uma quota em valor de 69,4%. Não obstante, o gasto em FMCG feito neste canal está a crescer mais que a média global em metade das regiões do mundo. “Os canais que, tradicionalmente, eram dominantes, como os supermercados, os hipermercados e as drogarias, estão em forte declínio a nível mundial. Está a estabelecer-se uma nova ordem, onde o e-commerce e o discount canibalizam os grandes retalhistas, com a sua proposta de valor assente na conveniência e preços baixos”, analisa Stéphane Roger, global shopper & retail director da Kantar Worldpanel.

Além disso, a tecnologia está a mudar rapidamente o modo como as pessoas compram. Neste sentido, com o comércio eletrónico e o discount a não darem sinais de abrandamento, o retalho mundial terá de necessária e celeremente se reconfigurar.

Este artigo foi publicado na edição 46 da Grande Consumo. 

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