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Agroalimentar entre os sectores mais afetados pela guerra na Ucrânia

Foto Shutterstock

A guerra na Ucrânia está a afetar a economia mundial, em geral, mas alguns sectores, como o agroalimentar, estão entre os mais atingidos, com riscos de conduzir a conflitos sociopolíticos.

Uma análise realizada pela Coface indica que dada a dimensão vital do sector agroalimentar, as consequências dos desafios que enfrenta, devido aos elevados preços dos alimentos e das matérias-primas, especialmente fertilizantes, são críticas, uma vez que podem ameaçar a segurança alimentar global, além de desencadear a instabilidade política.

Os elevados preços da energia contribuem para o aumento dos custos de produção das culturas agrícolas, reduzindo os rendimentos para os agricultores, prossegue a análise.

Por outro lado, o sector agroalimentar já está vulnerável a vários fatores estruturais, como os riscos biológicos e a evolução das condições climáticas, materializados, por exemplo, numa forte onda de calor que afeta diferentes partes do mundo, desde o início do ano, causando secas, como sucede no Corno de África e na Índia, e incêndios em grande escala, como no Novo México, nos Estados Unidos.

 

Mudanças nos hábitos de consumo

Além disso, a longo prazo, espera-se uma adaptação gradual dos hábitos, tanto dos consumidores como das empresas, nomeadamente, ao nível da poupança de energia ou substituição da farinha de trigo por outras alternativas, enquanto a reorganização da cadeia de abastecimento terá repercussões a nível mundial.

A este respeito, a Coface sublinha como as principais rotas ferroviárias de transporte de mercadorias entre a Europa e a China estão, atualmente, a ser desenvolvidas fora da Rússia, através do corredor central. “Tal como o impacto da pandemia nas tendências globais, este novo choque deverá funcionar como um catalisador para grandes transformações, tanto na organização da cadeia de abastecimento, como nos hábitos de consumo“, diz.

 

Sectores mais afetados

Em termos globais, a Coface destaca que a maioria dos sectores deve ser prejudicada por um ambiente marcado pelos elevados preços das matérias-primas e problemas de abastecimento, exacerbados pelo conflito na Ucrânia. É o caso, em particular, do petróleo e dos cereais.

Por conseguinte, espera-se que os sectores mais afetados sejam os mais cíclicos e intensivos, como a indústria petroquímica, os transportes, o automóvel, o papel, o têxtil e o vestuário e a indústria agroalimentar. Olhando para o futuro, espera-se que os mais resistentes sejam os meios de comunicação, produtos químicos especializados e farmacêuticos.

A longo prazo, resta saber até que ponto o sector retalhista será afetado. Este novo contexto de guerra está a alimentar incertezas que, provavelmente, continuarão a pesar na confiança dos consumidores. No entanto, com a materialização de certos “amortecedores” implementados por alguns governos, nomeadamente em economias avançadas, como os cheques-refeição para a população mais vulnerável ou os subsídios energéticos na Europa, o impacto no segmento de retalho poderá ser relativamente moderado, avança a Coface.

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