A Ucrânia está a divulgar uma “blacklist” de 26 empresas que considera estarem a patrocinar a guerra. Entre elas encontram-se várias grandes empresas de consumo, como a Metro, a Mondelez e a Procter & Gamble.
A agência anti-corrupção da Ucrânia está a suscitar controvérsia nos sectores do retalho e dos produtos de grande consumo, ao publicar a sua “lista negra”, que está actualmente a circular entre os diplomatas da União Europeia. A lista inclui muitas multinacionais que, alegadamente, estão a financiar a guerra na Ucrânia, nomeadamente, por continuarem a fazer negócios com a Rússia. Além disso, a Ucrânia suspeita que certas empresas não estão a respeitar as sanções impostas contra a Rússia.
Entre as empresas de produtos de grande consumo que constam da lista estão a Procter & Gamble, a Mondelez e a Bonduelle, reporta o RetailDetail. A Bonduelle já foi apontada por alegadamente ter fornecido pacotes de ajuda alimentar a soldados russos, embora a empresa tenha sido rápida a refutar as alegações. Agora, a agência ucraniana está a denunciar a continuação das operações da empresa na Rússia. A grande fábrica de lâminas de barbear Gillette da Procter & Gamble, em São Petersburgo, também continua a funcionar.
Na semana passada, o diretor executivo da Mondelez, Dirk Van De Put, defendeu a decisão de permanecer na Rússia, apesar de ser, “sem dúvida, a decisão mais difícil” da sua carreira. “90% do que vendemos na Rússia também produzimos na Rússia. Empregamos cerca de três mil pessoas e compramos matérias-primas a 10 mil agricultores“, disse Dirk Van De Put ao De Tijd, descrevendo o risco como uma “perda financeira”. Isto não o impediu de figurar pessoalmente na lista negra.
Um momento delicado
A Metro é a única empresa alemã na lista negra. A empresa grossista exerce deliberadamente as suas atividades tanto na Ucrânia como na Rússia, mas afirma ter condenado explicitamente a guerra em várias ocasiões.
De acordo com a Universidade de Yale, mais de mil empresas retiraram-se voluntariamente da Rússia ou reduziram significativamente a sua presença, mas mais de 200 permanecem no país.
Embora seja improvável que haja sanções europeias ou consequências oficiais para as empresas que constam da lista, a Ucrânia espera que venha a prejudicar a sua reputação. O documento é particularmente sensível neste momento, uma vez que a União Europeia está a trabalhar numa décima primeira ronda de sanções.
Numa declaração enviada à redação da Grande Consumo, a Mondelez confirma ter conhecimento da recente decisão da Agência Nacional de Prevenção da Corrupção da Ucrânia em a adicionar à lista de patrocinadores internacionais de guerra. “Continuamos solidários com a Ucrânia, condenando esta guerra brutal e cumprindo com todas as sanções e regulamentos em vigor”.
Atualizada a 2 de junho de 2023, com declarações da Mondelez.
Siga-nos no: