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Zero emissões: cidades europeias e norte-americanas lideram o caminho da sustentabilidade

Em 2030, aproximadamente 60% da população mundial viverá em cidades, de acordo com o relatório da ONU “World Cities Report 2020”. Por isso, torna-se vital que os centros urbanos desempenhem um papel de liderança no que respeita ao objetivo de zero emissões.

As cidades consomem, atualmente, 78% da energia mundial e produzem mais de 60% das emissões de gases com efeito de estufa. Desde a conferência climática COP26, em novembro de 2021, que os países ultrapassaram as cidades tendo em conta as metas do compromisso de zero emissões.

Contudo, muitas cidades continuam a desenvolver objetivos mais ambiciosos do que os países onde estão localizadas. A cidade de Nova Iorque, por exemplo, continuou empenhada nos princípios do Acordo de Paris, quando os Estados Unidos se retiraram, em 2017, enquanto o Conselho Municipal de Barcelona aprovou um plano ambicioso para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa da cidade em 45%, até 2030, quatro anos antes do congresso espanhol ter aprovado o roteiro global do país para a neutralidade de carbono.

 

Cidades norte-americanas e europeias em destaque

Historicamente, as cidades europeias e norte-americanas têm sido as que mais contribuem para alcançar as metas de zero emissões de carbono. Os dados indicam que 38% das cidades norte-americanas e europeias tem como objetivo a neutralidade de emissões, em comparação com 18% na América Latina, 17% na África Subsaariana, 14% na Ásia-Pacífico e apenas 4% no Médio Oriente e Norte de África.

Em mercados imobiliários menos maduros, nomeadamente, no Médio Oriente, África e Índia, existe potencial para desenvolver novas ações compatíveis com o ambiente. Pelo contrário, os mercados imobiliários maduros devem concentrar-se na readaptação para atingir a neutralidade carbónica. Este desafio é particularmente urgente na Europa, que apresenta uma taxa de apenas 1% a 2% de novas construções, resultando na necessidade de atualizar o stock histórico de edifícios.

Para tal, é vital que os governos locais e nacionais trabalhem em conjunto com organizações comerciais e cidadãos para desenvolverem estratégias coesas de redução de emissões que possam ser implementadas em todos os níveis da sociedade. Barcelona, por exemplo, investiu 1,2 milhões de euros num plano de ação climática centrado na sensibilização do público para as alterações climáticas e na construção em conjunto” para enfrentar estas questões.

Em 2018, Lisboa foi eleita Capital Verde Europeia 2020, como forma de distinção do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido. Até 2030, a capital portuguesa tem o compromisso de reduzir em 70% as emissões de gases com efeito de estufa comparativamente aos valores de 2002.

Lisboa, assim como as cidades do Porto e Guimarães, integram a lista das 100 cidades da União Europeia que terão acesso a 360 milhões de euros para atingirem a neutralidade carbónica, até 2030, integradas no programa da Comissão Europeia Missão Cidades.

Em 2020, todas as propriedades da cidade de Sydney foram exploradas, pela primeira vez, utilizando 100% de energia renovável, enquanto a Cidade do Cabo estabeleceu que todos os seus edifícios municipais funcionem de acordo com os padrões “net zero”, até 2030. Leuven, na Bélgica, destacou-se pelo seu plano climático, Leuven 2030, que inclui o envolvimento de cidadãos e atores económicos, bem como de autoridades nacionais. Nos Estados Unidos da América, o Green New Deal de Los Angeles, que apela a uma rede elétrica, sistema de transportes e edifícios carbono zero, até 2050, afirma ter criado 35 mil empregos verdes até à data. Londres introduziu a primeira Zona de Emissões Ultrabaixas do mundo (ULEZ) e outras cidades britânicas anunciaram planos para as suas próprias zonas de baixas emissões ou de ar limpo, em linha com a estratégia Build Back Greener net zero do país.

 

Papel do sector imobiliário

O sector imobiliário é responsável por 40% das emissões globais de gases com efeito de estufa e é, portanto, uma área de atividade importante a considerar pelas cidades ao planearem as suas estratégias de sustentabilidade.

Os imóveis emitem carbono sob duas formas: incorporados e operacionais, sendo este última a que tem maior impacto. Por conseguinte, devem ser tomadas medidas para limitar as emissões de carbono em cada fase dos projetos imobiliários. Proptech (Property Technology ou Real State Technology) e sistemas de construção inteligentes, bem como tecnologias renováveis e de baixa energia podem ajudar a melhorar as credenciais ecológicas de um projeto.

A construção estará, portanto, na vanguarda desta revolução dos edifícios verdes, com a Oxford Economics a sugerir que o resultado da construção, a nível global, poderá atingir os 15,2 biliões de dólares, até 2030, um aumento de 42% em relação a 2020. A Cooperação Financeira Internacional estima que os edifícios verdes representam uma oportunidade de investimento de 24,7 biliões de dólares, até 2030, nas cidades dos mercados emergentes.

 

Descarbonização

Nuno Fideles, Associate Architect & Sustainability Consultant BREEAM AP da Savills Portugal, refere que “é necessário acelerar a descarbonização das carteiras imobiliárias sob a ameaça das alterações de climáticas, pressão de novas regulamentações e taxas, bem como acesso aos financiamentos ‘green”’cumprindo com os critérios definidos pela EU Taxonomy. Estas necessidades de edifícios verdes são também impulsionadas por grandes arrendatários empresariais de vários sectores. Grandes empresas, como a Microsoft, a Amazon e a Google, declararam compromissos significativos de redução de carbono para as décadas futuras, o que significa que irão necessitar de espaço empresarial que cumpra estes pré-requisitos”.

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