A desigualdade aumentou em Portugal, com um quarto das famílias nacionais a concentrar quase metade dos rendimentos, revelam dados do relatório “Balanço Social 2021” da Nova SBE.
Em 2019, os 25% mais ricos passaram a concentrar 45,9% do rendimento disponível, numa subida face aos 42% registados em 2018, invertendo a tendência de diminuição da desigualdade da última década.
De acordo com a investigação coordenada pela economista Susana Peralta, a maior concentração de rendimento no topo é acompanhada por uma redução da percentagem de rendimentos entre as famílias mais pobres e de rendimentos medianos. Os 25% mais pobres do país passaram a concentrar 10,9% dos rendimentos (11% em 2018) e o quartil imediatamente a seguir passou para 25,1% dos rendimentos (27,7% em 2018
O documento indica que, em média, os 25% mais pobres ganhavam, por mês, 368 euros, com o segundo quartil e a receber uma média de 623,1 euros e o seguinte de 867,8 euros. Entre as famílias com maiores rendimentos, a média ficou, e, 2019, nos 1.604,6 euros.
Pobreza
Os dados mostram também que a pobreza em Portugal se mantém. Seis em cada 10 indivíduos pobres não conseguiram melhorar rendimentos, ao longo de, pelo menos, três anos. 60% daqueles que eram pobres em 2019 eram-no também em pelo menos dois anos de entre os três anteriores.
Quando considerado o conjunto da população, a pobreza persistente atingia em 2019 um em cada 10 cidadãos. “O número mais preocupante é a percentagem substancial de pessoas (6%) que, durante os quatro anos em análise, nunca saiu da situação de pobreza“, diz o estudo, que alerta para “bolsas de pobreza persistente em Portugal que devem ser objeto de especial atenção no desenho de políticas públicas“.
Desemprego
O quadro de pobreza persistente é agravado nos desempregados, com uma prevalência de mais do dobro da população em geral. 23,7% dos desempregados mantinha-se em situação de pobreza persistente, em 2019, mas esta pobreza prolongada também atinge 5% dos trabalhadores.
É também elevada a pobreza persistente entre crianças, entre as quais – à semelhança dos indivíduos com 65 ou mais anos – se agravou em 2019.
Os dados refletem o fim de uma trajetória de melhoria nos indicadores de pobreza que foi interrompida pela pandemia.