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As grandes ideias para 2023 – parte 2

A segunda parte do conjunto de grandes ideias que irão marcar 2023, segundo as Top Voices do LinkedIn

Big Ideas 2023

Todos os anos, em dezembro, o LinkedIn questiona a sua comunidade de Top Voices e criadores para partilharem os temas que consideram vir a marcar o novo ano. Já partilhámos os primeiros 10. Damos agora a conhecer mais 10 ideias que marcarão o ano de 2023, no seguimento da iniciativa Big Ideas.

 

Cidades vão apoiar-se em novas – e muito antigas – tecnologias para vencer o calor

Dos furacões nos Estados Unidos da América e em Cuba, ao recorde de ondas de calor na Europa e inundações no Paquistão, o mundo sofreu danos relacionados com as condições meteorológicas no valor de, pelo menos, 29 mil milhões de dólares, até outubro de 2022.

O termóstato da Terra está a subir e os investigadores dizem que ser pouco provável que se possa manter o aquecimento global dentro do limite de 1,5º C, em que muitos líderes mundiais se concentraram. Com a previsão de que cerca de 70% da população mundial prevista viva nas cidades até 2050, os centros urbanos terão de dobrar esforços para manter todos a salvo do calor.

Assim, veremos as cidades a investirem em técnicas tradicionais, como as fontes públicas, a plantação de árvores e grandes toldos nas ruas, para criar “corredores frescos”, assim como a abraçarem novas soluções, como o uso de dados em tempo real para identificar pontos quentes, em locais específicos das cidades, e tecnologia de pintura solar, atualmente a ser testada em Los Angeles e em Phoenix, que funciona como um “protetor solar” para as ruas.

Sevilha, por seu turno, recorreu a soluções especialmente antigas, como os canais subterrâneos baseados numa tecnologia persa com mil anos para baixar as temperaturas das ruas em até 10º C.

“Arquitetos e planeadores urbanos desempenham um papel importante, porque edifícios e paisagens urbanas bem desenhados podem reduzir significativamente a necessidade de aquecimento e arrefecimento”, diz Nyasha Harper-Michon, uma arquiteta sediada na Holanda.

Melhorar os nossos edifícios é outra abordagem fundamental para manter as cidades habitáveis, nota Nyasha Harper-Michon, que aponta para “telhados frescos”, cobrindo os topos dos edifícios com tinta branca, altamente refletora, como um redutor de calor especialmente eficaz.

 

Europa começa a legalizar a marijuana

Os planos da Alemanha para legalizar a marijuana continua em curso. Em outubro de 2022, o ministro da Saúde, Karl Lauterbach, disse acreditar que o modelo alemão, que legalizará a compra e consumo de canábis no país, poderá tornar-se num modelo para o resto da Europa. Isto pode ser uma boa notícia para a nascente indústria europeia de canábis, já que a Alemanha é um mercado com um valor potencial de 4,6 mil milhões de dólares (4,45 mil milhões de euros).

As empresas norte-americanas e canadianas estão a acompanhar de perto as reformas europeias, enquanto as startups europeias a atuar nesta área estão a atrair milhões em investimentos.

A Alemanha não seria o primeiro país da União Europeia a alterar as suas regras relativamente à canábis. Os Países Baixos liberalizaram em 1976 e Malta legalizou a marijuana para uso recreativo em dezembro de 2021. Muitos a descriminalizaram, o que significa que a sua posse já não constitui um crime. O uso de marijuana para fins medicinais é legal em 21 dos 28 Estados-membros e esta indústria deverá crescer 25% ao ano, nos próximos cinco anos.

Marguerite Arnold, consultora, jornalista e investigadora, diz ao LinkedIn que a legalização alemã representará, sem dúvida, um ponto de viragem. “Permitir que cada um dos Estados-membros avance, particularmente se coordenado a nível multilateral, seria uma grande vitória e criaria o espaço que a reforma nacional precisa para se estabelecer”.

 

A revolução do metaverso será profissional

2022 não foi um bom ano para o metaverso. Duas das plataformas mais proeminentes, Decentraland e Sandbox, com avaliações superiores a mil milhões de dólares (995 mil milhões de euros), respetivamente, revelaram ter menos de mil utilizadores ativos diários e o Horizon World da Meta era tão impopular que até os funcionários tiveram de ser pressionados a usá-lo.

A realidade aumentada e a virtual permanecem ainda na sua infância. Mas, em 2023, veremos o metaverso desenvolver-se no mundo profissional. “Não se trata apenas de voar por aí como o Mario Kart a ouvir Ariana Grande”, diz Anthony Day, consultor tecnológico da Web3, sediado em Lisboa.

A realidade virtual e a aumentada estão a ser agora usadas para treinar pilotos e cirurgiões e, durante a pandemia, os fabricantes de automóveis começaram a abraçar estas tecnologias para desenhar novos veículos. Espera-se que os empregadores, as universidades e os programas de formação saltem para o metaverso, este ano. “Isto está a acontecer agora”, defende Anthony Day. “Trata-se de um caso de utilização comercialmente valioso e tecnicamente viável para a experiência do metaverso. Mas ninguém fala sobre isso”.

 

Táxis nos céus, para os ricos

Imagine-se um drone movido a energia elétrica suficientemente grande para transportar pessoas. São conhecidos como eVTOLs e estão a chegar. Existem cerca de 300 projetos em desenvolvimento em todo o mundo e a indústria atraiu mais de seis mil milhões de dólares (5,9 mil milhões de euros) em investimento privado, nos últimos dois anos. Embora a maior parte desse dinheiro tenha ido para empresas americanas, a Alemanha é o próximo maior destinatário.

Não foram certificados projetos pelos reguladores, mas a Eslováquia certificou os carros voadores em janeiro de 2022 e a aprovação regulamentar da União Europeia está prevista para 2023. França também está a testar táxis aéreos, com o objetivo de prestar um serviço eVTOL durante os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.

As companhias aéreas globais já estão alinhadas com as encomendas. Em setembro, a United Airlines assinou um acordo de pré-compra condicional de 15 milhões de dólares (14,45 milhões de euros) com a Eve Air Mobility para, pelo menos, 200 aeronaves.

De início, os táxis aéreos serão provavelmente direcionados a quem tem maiores rendimentos. “Os primeiros a adotar cada grande revolução da mobilidade sempre foram pessoas ricas”, nota Jack Withinshaw, cofundador da Airspeeder, sediada em Londres. “Já o vimos na indústria automóvel, na indústria aeronáutica e estamos a experimentá-lo agora nas viagens espaciais”.

Outras utilizações iniciais poderão incluir o turismo, o transporte médico (especialmente de e para áreas remotas) e o desporto. A Airspeeder fez uma parceria com a australiana Aluada Aeronautics para construir eVTOLs para uma liga de corridas aéreas. A Airspeeder realizará, em 2023, uma série oficial de corridas com eVTOLs pilotados à distância e planeia dar seguimento em 2024

 

Vamos vestir cogumelos e algas

Segundo a ONU, 60% do material que usamos para fabricar roupa é plástico, libertando cerca de meio milhão de toneladas de microfibras de plástico no oceano, todos os anos. Para aliviar este fardo ambiental, os designers e fabricantes estão cada vez mais a virar-se para soluções à base de plantas, fazendo roupas a partir de algas, pele de ananás e cogumelos, entre outros ingredientes.

Os tecidos à base de plantas são especialmente apelativos como alternativas à pele.

A marca dinamarquesa Ganni planeia não usar couro até ao final deste ano, recorrendo a alternativas como o VEGEA, que é feito de cascas de uva, óleo vegetal e poliuretano à base de água. Estabeleceu uma parceria com a startup espanhola Pyratex, para criar uma coleção de fatos de treino feita a partir de um biomaterial de resíduos de banana.

O micélio, que é uma espécie de cogumelo, é a base para várias alternativas ao couro adotadas pela Hermés e pela Stella McCartney. Mirum, um tecido totalmente livre de plástico, feito com coco e cortiça, recebeu 85 milhões de dólares em financiamento de vários investidores, incluindo a BMW.

As algas farão também incursões no espaço técnico do tecido. A empresa de tecidos Pangaia, sediada no Reino Unido, está a fazer roupa com pó de algas e a trabalhar num material para sweats à base de algas.

Muitos tecidos à base de plantas, especialmente os que estão totalmente isentos de plástico, ainda estão nas suas fases experimentais, diz a consultora de sustentabilidade Sonya Parenti. “Embora não resolvam a crise do plástico da moda, podem fazer parte de um conjunto de soluções para nos afastarmos completamente dos combustíveis fósseis”.

 

Cidades vão transformar-se em “reservas urbanas” para limitar o turismo de massas

As viagens aéreas globais recuperaram para quase 75% dos níveis pré-pandemia, de acordo com dados de setembro da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA). Em outubro, Hong Kong anunciou planos para entregar 500 mil bilhetes de avião gratuitos, numa tentativa de atrair turistas.

No meio dos receios do turismo excessivo, muitas cidades, particularmente na Europa, vão pressionar fortemente para conter esta maré. Barcelona colocou restrições à dimensão dos grupos turísticos e até mesmo ao uso de megafones. Este mês de janeiro, Veneza cimentará o seu estatuto de “reserva urbana”, reduzindo o número de visitantes diários e exigindo que os turistas adquiram um bilhete de entrada, quando não pernoitarem, ou arriscam uma multa de 300 euros.

 

Vamos virar-nos para o mar para alimentar os nossos aparelhos eletrónicos

Não há revolução energética limpa sem minerais, especificamente o cobalto, o níquel e o manganês usados em muitas baterias de veículos elétricos, mas enfrentamos uma escassez global destas mercadorias.

Uma solução potencial repousa cinco quilómetros abaixo da superfície do oceano Pacífico. A Zona Clarion-Clipperton, uma faixa de 4,5 milhões de quilómetros quadrados de fundo marinho entre o Havai e o México, está repleta nódulos polimetálicos. Estas rochas, formadas ao longo de milhões de anos, podem conter metais suficientes para produzir cerca de 4,8 mil milhões de baterias.

A The Metals Company está a liderar os esforços para minar este recurso. A empresa sediada em Vancouver, no Canadá, que é apoiada pela nação insular de Nauru, concluiu recentemente o seu primeiro ensaio mineiro em larga escala, usando um robô semelhante a um tanque para aspirar mais de três mil toneladas de nódulos do fundo do oceano. O seu CEO, Gerard Barron, espera pedir uma licença de exploração à Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos da ONU, no próximo verão.

Mas os ambientalistas alertam que perturbar este ecossistema pode revelar-se catastrófico. O oceano profundo está repleto de vida microbiana e é um sumidouro de carbono crucial, armazenando matéria que, de outra forma, contribuiria para o aquecimento do planeta. “Abrir um novo foco de stress no oceano não é realmente uma boa ideia”, defende Matthew Gianni, cofundador da Coligação de Conservação do Mar Profundo.

Gerard Barron diz que a sua empresa está a trabalhar para minimizar quaisquer impactos e observa os elevados custos da exploração mineira terrestre: florestas tropicais destruídas pela exploração de níquel na Indonésia e crianças forçadas a procurar cobalto no Congo. “Não há uma solução perfeita”.

 

Dinheiro chega ao desporto feminino

O futebol feminino afirmou-se em 2022. O Campeonato do Mundo, em julho, foi assistido por cerca de 365 milhões de pessoas em todo o mundo, mais do dobro do número de espectadores de 2017. Cinco meses antes, 91.533 adeptos viram a equipa feminina do Barcelona bater a do Real Madrid nas meias-finais da Liga dos Campeões.

Nesse sentido, as marcas apressaram-se a assinar parcerias com equipas e jogadoras e estão também a despertar para o potencial de marketing inexplorado de outros desportos femininos. Os acordos de patrocínio para mulheres nos principais desportos dos Estados Unidos da América aumentaram 20%, em 2022, e esse número deverá crescer em 2023. “As oportunidades são enormes”, diz Jon Patricof, CEO da Athletes Unlimited, uma rede de ligas femininas de basquetebol, softball, voleibol e lacrosse. “O público do desporto feminino é muito diversificado, jovem e representa a visão que muitas marcas têm para o futuro”.

O patrocínio pode ajudar a dar início a um “círculo virtuoso“, afirma Karen Carney, uma veterana futebolista inglesa. O investimento permite que as atletas treinem e joguem a tempo inteiro, o que eleva a qualidade da modalidade, atraindo mais fãs e patrocinadores.

 

Formação em realidade virtual vai sair das escolas de negócios para os locais de trabalho em todo o mundo

Os auscultadores e conteúdos de realidade virtual foram utilizados pelas escolas de negócios durante a pandemia, para levar o mundo aos alunos.75% das escolas usava salas de aula virtuais e 82% diz ter planos para investir em tecnologia educativa. Estudar num ambiente orientado pela tecnologia ajuda a preparar os alunos para a vida após a graduação, à medida que os estudantes também procuram cada vez mais empregos que ofereçam, pelo menos, algum trabalho remoto.

O mercado da realidade virtual no sector da educação deverá crescer, a nível global, 16 mil milhões de dólares, durante o período de 2022 a 2026, e o mundo da formação no local de trabalho está pronto a capitalizar a tendência. Os colaboradores em cursos de realidade virtual podem ser formados até quatro vezes mais rápido e os alunos estão mais confiantes em aplicar o que lhes é ensinado, segundo um estudo recente da PwC.

“As tecnologias imersivas permitem posicionar os alunos em situações reais, envolver todos os seus sentidos, recolher inúmeros tipos de dados sobre as suas decisões e comportamentos e fornecer feedback imediato”, indica Ithai Stern, diretor da Iniciativa de Aprendizagem Imersiva do INSEAD. “O ensino baseado em realidade virtual também é rentável e amigo do ambiente. Não admira que esteja pronto para escalar”.

 

Neandertais e outros parentes antigos vão mudar a forma como pensamos a medicina

O Prémio Nobel da Medicina de 2022 foi atribuído ao geneticista sueco Svante Pääbo, que recuperou de fósseis ADN neandertal. O que é que os neandertais – que desapareceram há 40 mil anos – têm a ver com a medicina de hoje? Muito, segundo o geneticista. Hoje, as pessoas carregam uma muito pequena percentagem de ADN neandertal, mas herdar alguns destes genes pode ter um impacto enorme na saúde. Svante Pääbo e um dos seus colegas descobriram que um determinado gene neandertal aumenta drasticamente o risco de se desenvolver Covid severa. Outros investigadores descobriram que outro gene neandertal diferente faz com que seja muito menos provável ter Covid severa.

Em 2023, são esperadas ainda mais revelações médicas, graças aos nossos parentes antigos. Os cientistas estão a descobrir como certos genes significavam a diferença entre a vida e a morte em surtos antigos de doenças. Esses estudos podem dizer-nos como esses genes nos protegem hoje ou dão origem a distúrbios de imunidade.

Os cientistas também estão a criar células cerebrais com genes neandertais e, depois, a transformá-las em pequenos aglomerados de neurónios chamados organóides cerebrais. Os investigadores suspeitam que certas condições, incluindo a doença de Alzheimer, o autismo e a esquizofrenia, são efeitos secundários da evolução do cérebro humano moderno, ao longo das últimas centenas de milhares de anos. Comparar organóides cerebrais neandertais com os humanos modernos pode identificar essas diferenças moleculares e fornecer novas dicas para os tratamentos.

Ao longo dos próximos dias, continuaremos a publicar as restantes Big Ideas para 2023.

Enoturismo

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China

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