Big Ideas 2023
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As grandes ideias para 2023

A primeira parte do conjunto de grandes ideias que irão marcar 2023, segundo as Top Voices do LinkedIn

“2022 não foi um ano para os fracos de coração. Congratulámo-nos com a flexibilização das restrições da pandemia em muitas partes do mundo, mas fomos rapidamente atingidos pela invasão russa da Ucrânia, uma crise energética, uma inflação recorde e a subida dos preços da energia e dos alimentos para as famílias. Ondas de calor prolongadas, temperaturas recorde do Reino Unido a Espanha e inundações nos Balcãs foram fortes lembretes de que as consequências das alterações climáticas não estão a chegar, já estão aqui.

“O ano passado também deixou claro como a comunidade global pode juntar-se, com novos compromissos e pactos para proteger o mundo natural, os esforços para ajudar os deslocados pela guerra na Ucrânia e a entrega de cerca de dois mil milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 às áreas mais necessitadas em todo o mundo.

“2022 mostrou-nos que os nossos desafios se tornam mais assustadores, a cada dia, mas que podemos estar à altura deles”.

É desta forma que o LinkedIn resume o ano transato, antes de introduzir as ideias que marcarão o ano de 2023, no seguimento da sua iniciativa Big Ideas, que todos os anos, em dezembro, questiona a sua comunidade de Top Voices e criadores para partilharem os temas que consideram vir a marcar o novo ano. Seguem-se os primeiros 10 temas.

 

Vamos começar a subscrever quase tudo – mesmo máquinas de lavar a loiça

O mundo usa recursos naturais como se existissem 1,75 planetas Terra. A humanidade precisa de consumir e produzir menos e fazer com que o que for produzido dure mais tempo. Para isso, é preciso uma ideia tão revolucionária como a da biblioteca: paga-se uma pequena taxa, pede-se alguma algo emprestado, usa-se, devolve-se.

Nesta lógica, o fabricante continua a ser o proprietário dos seus produtos, o que faz com que os seus lucros dependam não da quantidade de mercadorias vendidas, mas da sua longevidade. “A transferência da propriedade para os produtores permite utilizar menos recursos, produzindo menos resíduos e fornecendo serviços de maior qualidade, ao longo do tempo”, diz o economista circular Vojtech Vosecky.

Esta não é uma ideia rebuscada e já está a acontecer. Por exemplo, em Amesterdão, a Philips fornece ao Aeroporto de Schiphol “iluminação como serviço”, mantendo a propriedade das lâmpadas. Já a Bosch e Miele lançaram serviços de subscrição para os seus aparelhos, como se de um Spotify para máquinas de lavar a loiça se tratasse.

Esta transição exigirá uma mudança fundamental de mentalidade, tanto da parte dos fabricantes, como dos consumidores. Os produtores receberão receitas repartidas ao longo do tempo, em vez de adiantadas no ponto de venda, e os consumidores terão de deixar cair a ideia de que o que possuem reflete quem são. “Chame-lhe como quiser: economia de arrendamento, economia de subscrição, economia circular, está a acontecer”, argumenta Vojtech Vosecky.

 

Europa abordará a lacuna de competências, tornando 2023 no ano das competências

No seu discurso sobre o estado da União, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs-se fazer de 2023 o Ano Europeu das Competências, numa altura em que o desemprego na União Europeia está num nível recorde baixo, mas em que mais de 75% das empresas reporta dificuldades em encontrar trabalhadores com competências relevantes.

As transições verde e digital tornaram esta escassez de competências mais percetível. O “LinkedIn Green Skills Report 2022” destaca o crescente desfasamento entre a oferta e a procura de competências verdes, a nível global, enquanto o Índice de Economia Digital e Sociedade mostra que quatro em cada 10 adultos na Europa carecem de competências digitais básicas.

Os trabalhadores querem aumentar a qualificação, nomeadamente em áreas como a inteligência artificial, as tecnologias da informação e comunicação e a STEM, diz Sinéad Burke, gestora da iniciativa UL@Work na Universidade de Limerick, na Irlanda. “Uma das soluções possíveis que as universidades estão a começar a oferecer são as micro credenciais. São peças curtas de aprendizagem acreditada que apoiam o desenvolvimento de competências, mas que se podem acumular para uma recompensa futura”, revela ao LinkedIn.

Em 2023, mais empresas seguirão o exemplo de 36 gigantes industriais da Alemanha, que se uniram para reconverter recursos humanos, em áreas como o software e a logística, para colmatar uma lacuna crescente de competências e evitar despedimentos entre trabalhadores de todas as idades, à medida que a economia muda para a energia limpa e as compras online.

 

Vamos extrair dióxido de carbono do ar, fazendo apenas o que estamos a fazer

O conceito de extrair dióxido de carbono do ar não é novo. Governos e indústrias de todo o mundo estão a implementar instalações diretas de captura de carbono e explorações de algas para extrair e armazenar carbono. Mas e se pudéssemos contribuir para este objetivo, integrando a tecnologia de captura de carbono na nossa rotina diária?

No início deste ano, a Universidade de Tecnologia de Eindhoven, nos Países Baixos, apresentou um automóvel elétrico que extrai mais carbono do que aquele que emite, capturando CO2 à medida que se desloca e purificando-o através de um filtro especial. Os estudantes estão agora a trabalhar para introduzir a tecnologia noutros veículos. “Imaginem o potencial: autocarros, aviões, barcos e motociclos podem estar a reduzir a nossa pegada de carbono, em vez de a adicionar”, diz a líder da equipa, Louise de Laat.

Estes esforços vão além do transporte. Já existem painéis solares e peças de arte urbana a absorver dióxido de carbono. E, com marcas de moda como a H&M a entrar em cena, em breve, poderemos estar a captar CO2 do ar com as nossas roupas. O bónus adicionado: o carbono extraído pode ser usado para fabricar plástico, combustível para aviões e até vodka.

 

É provável uma recessão global — mas não vai durar muito

A economia global está num ponto de viragem. As três maiores economias – Estados Unidos da América, China e União Europeia – estão a abrandar fortemente, alerta o Banco Mundial. “O quadro para 2023 é sombrio“, defende a Organização Mundial do Comércio. “O pior ainda está para vir”, declara o Fundo Monetário Internacional. Líderes empresariais de todo o mundo concordam, com 86% dos CEO a detetar uma recessão no horizonte de 12 meses, segundo a KPMG.

Mas, quer seja devido ao otimismo obstinado de final de pandemia ou à fé persistente de que os bancos centrais vão flexibilizar as condições de acesso ao crédito, a desaceleração não será tão pronunciada. No mesmo inquérito da KPMG, 58% dos líderes empresariais mundiais disse esperar que a recessão iminente seja suave e curta. Por outras palavras: não será igual a 2008.

Entre as condições atuais e a repetição das piores recessões da história está um grupo daquelas que são, possivelmente, as pessoas mais influentes da atualidade: os banqueiros centrais. À medida que combatem a inflação, com subidas agressivas e rápidas das taxas de juro, cada palavra proferida pelo presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, pela presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e pelos seus pares globais é analisada a pente fino pelos investidores. Isso não vai mudar em 2023, diz o investidor e bilionário David Rubenstein, que contratou Jerome Powell há 25 anos para a sua empresa de investimento. “Como as taxas de juro estão a subir tanto, o resultado inevitável é abrandar o crescimento económico“, avança David Rubenstein ao LinkedIn.

 

Mais nações darão aos animais, árvores e rios os mesmos direitos das pessoas

Em 2023, enquanto os líderes mundiais negoceiam medidas para proteger o mundo natural da crise climática, as nações darão direitos iguais aos animais, árvores e rios, transformando-os de objetos legais para sujeitos legais, imbuindo-os de direitos que os tribunais podem impor. “Em vez de ter leis que limitam as ações humanas apenas em relação à natureza, que é a forma como a lei ambiental funciona agora, a natureza teria o direito de fazer valer os seus próprios direitos”, diz Erin O’Donnell, especialista em direito e política da água e fellow na Universidade de Melbourne.

Algumas nações já lideram o caminho. A Nova Zelândia, os Estados Unidos da América, a Bolívia, o Equador e o Bangladesh concederam direitos a elementos do mundo natural. Na Nova Zelândia, o rio Whanghanui recebeu a condição de personalidade, em 2017, o que significa que, agora, pode processar aqueles que o poluem e, em 2019, o Bangladesh declarou que todos os seus rios devem ser tratados como pessoas.

Uma tal extensão de direitos poderá ter implicações importantes na forma como as empresas e os governos funcionam. Nos Estados Unidos, a tribo Sauk-Suiattle está a processar a cidade de Seattle, através de um tribunal tribal, em nome do salmão. A tribo argumenta que os planos da cidade para uma nova barragem vão bloquear os peixes do acesso ao seu local de desova. O caso pode abrir caminho para casos futuros semelhantes.

 

Vamos focar-nos em quando – tanto quanto onde – trabalhamos

O aumento da atenção em torno da semana de trabalho de quatro dias, em 2022, incentivou tanto os trabalhadores como os gestores a repensarem a forma como trabalhamos. Mas isto é apenas a ponta do icebergue. Os colaboradores continuarão a insistir em mais flexibilidade, em 2023, acabando por se libertar do dia de trabalho das 9 às 17 horas.

Os dias de trabalho não lineares, uma tendência acelerada pelo aumento do trabalho remoto, darão aos colaboradores mais liberdade para escolherem o seu próprio horário. Embora exija que os empregadores abandonem algum controlo, os benefícios do trabalho assíncrono são promissores: os horários flexíveis podem aumentar a produtividade dos colaboradores em cerca de 30%, de acordo com uma pesquisa publicada pelo Future Forum. “O trabalho assíncrono permite que os funcionários não tenham restrições de tempo”, diz Laura M. Giurge, professora da London School of Economics. “Ajuda-nos a afastarmo-nos do foco nos inputs, como medida de desempenho, para nos concentrarmos na qualidade”.

O conceito de dias de trabalho não lineares já está a ganhar força entre as startups tecnológicas com equipas distribuídas e será fundamental para reter talento, este ano. A construção de um modelo de sucesso exigirá uma mudança cultural completa, na qual os empregadores recebem os contributos dos trabalhadores, lideram com confiança e respeitam os limites entre a vida profissional e a pessoal. “As pessoas são seres humanos com necessidades e diferentes motores de produtividade”, acrescenta Laura Giurge.

 

Europa vai acolher mais trabalhadores estrangeiros

Cerca de seis milhões de postos de trabalho estão em aberto em toda a União Europeia, após a remodelação da força de trabalho pós-Covid. A falta de trabalhadores qualificados tornou-se uma das principais preocupações das empresas, ainda mais tendo em conta que a Europa deverá ter dezenas de milhões de trabalhadores a menos até 2050, alertam os investigadores.

“As empresas em toda a Europa estão a ter dificuldades em ter candidatos e muitos trabalhadores de países terceiros, fora do espaço Schengen, ainda estão à espera de licenças de trabalho”, indica Bettina Schaller, vice-presidente sénior e chefe de relações públicas da Adecco, ao LinkedIn. “Em 2023, esperamos ver uma revisão da abordagem à mobilidade de talentos para aliviar o lado da oferta”.

Os países já estão a fazer ajustamentos, com Portugal e Espanha a criarem novos vistos de trabalho e benefícios fiscais para nómadas digitais não comunitários e trabalhadores remoto, apelando aos trabalhadores de países de África e da América Latina. A Croácia, a Hungria e Malta introduziram esquemas semelhantes para os nómadas digitais, a Áustria aligeirou as suas regras de acesso a vistos, espera-se que a Eslovénia atinja um novo recorde de autorizações de trabalho emitidas e a França e a Alemanha estão a preparar novas leis de imigração.

Entretanto, a Comissão Europeia propôs facilitar aos cidadãos não comunitários o acesso entre os Estados-membros, sem arriscar o seu estatuto de residência permanente, através da emissão de autorizações da União Europeia, em vez das nacionais, e está a trabalhar numa rede internacional de bases de dados para acelerar o reconhecimento das qualificações de profissionais não comunitários.

 

A menopausa tornar-se-á num grande negócio

Michelle Obama fala sobre isso. As atrizes Courteney Cox e Naomi Watts têm falado sobre as suas experiências e a menopausa está a tornar-se num tema “mainstream”.  A discussão em torno da menopausa, que há muito era considerada tabu, tem sido alimentada, em parte, pela alteração da demografia. A população global de mulheres na menopausa e pós-menopausa deverá crescer 47 milhões por ano, atingindo 1,2 mil milhões, até 2030.

Com números destes, a menopausa está a tornar-se rapidamente num grande negócio e as marcas vão querer capitalizá-lo, em 2023. As startups da Femtech procuram oferecer tratamentos para aliviar os sintomas e atrasar o início da menopausa,  atriz Naomi Watts criou uma comunidade para as mulheres partilharem as suas histórias, associada a uma linha de produtos, e a retalhista irlandesa Primark lançou a sua primeira linha de roupa dedicada, projetada para aliviar sintomas como os afrontamentos.

Espera-se que os empregadores também se concentrem na menopausa, em 2023. Cerca de 10% das mulheres no Reino Unido diz ter abandonado os seus empregos devido ao desconforto associado. O Banco da Irlanda anunciou, em outubro, que iria oferecer licenças pagas às mulheres e a Deloitte incluiu a menopausa na sua agenda global de diversidade, equidade e inclusão, incentivando os empregadores a considerarem o risco crescente de êxodo entre trabalhadores qualificados em idade adulta.

 

Pensaremos duas vezes antes de viajar

Quando França anunciou, em abril de 2022, que iria proibir voos domésticos entre destinos que poderiam ser alcançados em menos de duas horas e meia de comboio, foi apontado como um passo significativo para a redução das emissões de carbono em 40%, até 2030.

Estas restrições ao sector das viagens ganharam um amplo apoio na Europa. Com a ONU a estimar que as emissões de CO2 relacionadas com o turismo aumentarão 25% durante a próxima década, alguns governos podem seguir o exemplo de França, especialmente depois da decisão ter ganho o apoio formal da Comissão Europeia.

Glenn Fogel, CEO da Booking.com, diz ao LinkedIn que se este movimento sustentável significasse um travão completo nas viagens seria um desastre. O turismo representa 10% do PIB mundial e é uma tábua de salvação económica para dezenas de nações, desde Barbados até às Maldivas. A Covid-19 e as restrições que a acompanharam custaram quase 62 milhões de empregos no turismo. “Ninguém quer voltar a essa situação”.

 

Inteligência artificial vai ganhar múltiplos “sentidos”

Ao longo dos últimos anos, a inteligência artificial transformou-se de uma curiosidade académica para uma forma de tecnologia que está a redefinir a forma como as pessoas trabalham e as empresas operam. Os enfermeiros estão a usar a inteligência artificial para monitorizar os pacientes cuja saúde é suscetível de se deteriorar e os investidores estão a usá-la para ajustar as suas carteiras de investimento. Até desempenhou um papel crítico no desenvolvimento da vacina da Moderna contra a Covid-19.

A inteligência artificial vai tornar-se mais intuitiva e usar cada vez mais múltiplos “sentidos”, em simultâneo. As aplicações de inteligência artificial multimodal permitirão que os sistemas processem dados de áudio, visuais e linguísticos, em combinação com e em relação uns aos outros. Uma ferramenta como a DALL-E, que pode gerar arte original baseada em pedidos de texto, é apenas um exemplo inicial desta abordagem.

A transição para sistemas multimodais dará à inteligência artificial ainda mais poder criativo. “É como se a Netflix criasse um novo filme baseado nas suas preferências, versus apenas as recomendações”, de acordo com Matt McIlwain, do Madrona Venture Group.

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