Os retalhistas têm razões para estar otimistas com o Dia dos Namorados de 2024, dados os sinais de que a confiança do consumidor está a recuperar, dizem os especialistas da consultora global Euromonitor International.
É certo que a economia mundial permanece num período de crescimento lento e de inflação elevada, com pressões energéticas contínuas, aumento do custo do capital, um mercado de trabalho restritivo, riscos geopolíticos e um relançamento da globalização. Os analistas da Euromonitor dizem que esta “tempestade perfeita de desafios e incertezas” continua a afetar a procura e os gastos, incluindo daqueles que compram presentes, experiências, bebidas espirituosas e chocolate para ocasiões especiais. Mas há boas razões para os retalhistas estarem esperançosos, sustentam
Vendas devem subir
Bob Hoyler, Industry Manager for Retail & Ecommerce na Euromonitor International, salienta que, embora tenha diminuído um pouco em relação a 2022, em fevereiro do ano passado, a inflação permanecia elevada em muitos dos mercados de retalho mais importantes do mundo. “Com os preços altos a contribuírem para a atual crise do custo de vida, muitos consumidores racionaram os gastos durante o Dia dos Namorados de 2023. No final do ano, no entanto, à medida que a inflação continuou a diminuir, a confiança dos consumidores começou a recuperar, especialmente na América do Norte e na Europa. Com os consumidores a sentirem-se um pouco mais positivos em relação à economia, o Dia dos Namorados de 2024 deverá ser mais encorajador para os retalhistas do que o do ano anterior”.
Apesar da disrupção global, os dados mais recentes da Euromonitor mostram que o mercado de luxo, em geral, continua a mostrar resiliência. Fflur Roberts, Head of Luxury Goods na consultora, destaca que o crescimento recente está a ser alimentado pela necessidade contínua de experiências. Presentes tradicionais, como joias, relógios e outros bens de luxo pessoais, continuarão a impulsionar as vendas este ano, “os presentes de luxo evoluirão para as experiências, em detrimento dos presentes materiais tradicionais. De facto, para celebrar o Dia dos Namorados deste ano, esperamos que mais consumidores invistam em experiências únicas, como refeições requintadas, visitas a SPAs e tratamentos de bem-estar, bem como em viagens e outros eventos exclusivos”.
Fflur Roberts revela que o interesse pelo bem-estar de luxo atingiu um recorde histórico, com cada vez mais pessoas a priorizar o autocuidado. Este ano, os gastos com o turismo de bem-estar deverão exceder o nível pré-pandemia este ano e, até 2028, chegar perto dos 150 mil milhões de dólares.
Chocolate para sempre
Mas longe vão os tempos em que o Dia dos Namorados era destinado apenas a casais. Hoje, 53% da população global é solteiro, divorciado ou viúvo, o que significa mais oportunidades de amor próprio ou até mesmo de partilha de mimos não românticos, de acordo com Carl Quash III, Head of Packaged Foods and Snacks na Euromonitor International.
E nesta dinâmica, o chocolate está sempre presente. “Espera-se que os desafios com o abastecimento e os custos do cacau e açúcar contribuam para o crescimento sazonal do preço do chocolate e, portanto, para as vendas nos próximos anos. Em 2024, esperamos que os preços globais sazonais do chocolate cresçam cerca de 3,5%”. A consultora avança que a Hershey’s, a Lindt e a Reese’s são as três grandes no mercado sazonal de chocolate e que, combinadas, representam cerca de 20% das vendas globais.
Também os vinhos continuam populares. Matthew Barry, Food and Beverage Insight Manager na Euromonitor International, destaca em particular o vinho tinto, com o seu posicionamento como acompanhamento de refeições mais extravagantes, e o espumante, ligado às celebrações. “São especialmente importantes, uma vez que não são apenas dados como presente, mas também consumidos no próprio dia”.
Mas o apelo do vinho está a enfraquecer com a geração mais jovem. “Muitos não bebem ou preferem bebidas prontas a beber (RTDs) e espirituosas. Também estão em menos relacionamentos de longo prazo, sérios o suficiente para exigir algo grandioso no Dia dos Namorados. Os consumidores ainda compram algo especial para assinalar o dia, mas para oferecer a amigos, familiares e animais de estimação”.
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