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Um ano de pandemia nos mercados de consumo

Foto Shutterstock

O modo como os consumidores compram, consomem, trabalham e se entretêm foi transformado pela pandemia de Covid-19, mudando, em alguns casos de forma permanente, os comportamentos e os valores.

A 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde declarou o surto de Covid-19, que apareceu na China, uma pandemia. Em 2020, num mundo mais interconectado, registaram-se cerca de 115 milhões de casos e 2,5 milhões de mortes, de acordo com os dados do Johns Hopkins Coronavirus Resource Center.  Para além da crise de saúde, a pandemia causou uma enorme disrupção nos mercados de consumo, a nível mundial, causando o maior choque na economia global desde a Grande Depressão. Os governos de todo o mundo procuraram equilibrar os confinamentos e medidas de distanciamento social, de modo a manter as pessoas seguras, com estímulos fiscais para apoiar os negócios e as economias, o que, em contrapartida, elevou os níveis de dívida pública.

Volvido um ano desde que começou este surto pandémico, a consultora Euromonitor denota uma polarização nos mercados, prevendo uma recuperação nos gastos, catalisada pelo chamado “revenge spending”, um crescimento dos investimentos para evitar futuros choques nas cadeias de abastecimento, uma mudança de longo prazo para o consumo, vida e trabalho no lar e a oportunidade de aproveitar a recuperação económica para alicerçar as questões de sustentabilidade.

Ritmo da recuperação económica

A economia mundial contraiu 3,6%, em 2020, prevendo-se uma recuperação de 5,3%, em 2021. Apesar do panorama ter melhorado face há um ano, ainda existem muita incerteza quanto ao ritmo da recuperação, antecipando-se um desenvolvimento muito mais rápido nas economias desenvolvidas, que lideram os programas de vacinação, comparativamente às economias emergentes, onde a vacinação prolongar-se-á por 2022 e até por 2023.

No pior dos cenários traçados pela consultora, pode até nem haver uma recuperação em 2021, com o Produto Interno Bruto (PIB) mundial a poder cair até 2%, uma vez que as novas variantes do vírus poderão conduzir a novos confinamentos.

A China foi a primeira das economias mais importantes a regressar aos níveis pré-Covid, no terceiro trimestre de 2020, testemunhando uma robusta recuperação em forma de “V”. Mas a Covid-19 deixou um profundo impacto nos sectores dos bens de consumo e serviços chineses, alterando a importância atribuída pelos consumidores aos aspetos da higiene e da imunidade e alterando os comportamentos de compra.

 

Foco na produção local

Um ano após o início da pandemia, a vida começa a regressar ao normal, embora este normal seja distinto do que até aqui se conhecia. Com o encerramento de muitos pontos de venda, os consumidores refugiaram-se no online para fazer as suas compras, quer devido a questões de conveniência, quer devido à mais disponibilidade de plataformas. De igual modo, a disrupção nas cadeias de abastecimento, no início da pandemia, forçou muitos operadores locais e regionais a rever as suas estratégias, privilegiando a produção local.

A pandemia também acelerou os desafios demográficos globais, fazendo crescer a taxa de mortalidade, alterando os movimentos migratórios e travando a taxa de natalidade, o que resulta num mais lento crescimento da população e uma alteração na pirâmide demográfica em muitos países. Nos países desenvolvidos, a população deverá crescer apenas 0,2% em 2021, abaixo dos 0,3% de 2020, o que irá refletir-se no consumo e crescimento económico.

 

Consumo

Em 2020, os gastos caíram, em termos reais, pelas contas da Euromonitor, 4,9% face ao ano anterior. Os sectores da hotelaria e dos transportes foram os mais afetados, a nível global, com descidas de, respetivamente, 17,5% e 14,1%, uma vez que os consumidores cancelaram muitos dos planos de férias, deixaram de comer fora e reduziram a utilização de transportes públicos. Contudo, estas duas categorias deverão apresentar recordes de crescimento, em 2021, de, respetivamente, 16,5% e 11,7%.

Contudo, o panorama para 2021 continua muito incerto e dependente do ritmo de vacinação e o sector do turismo só deverá regressar aos níveis pré-Covid em 2022. Além de que o consumo no lar continuará a ser privilegiado.

Do lado do retalho, a tendência mais significativa catalisada pela Covid-19 foi a ascensão do e-commerce. A Euromonitor estima que, em 2020, tenha crescido 26% e projeta que, em 2025, metade do crescimento absoluto em valor tenha origem neste canal.

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