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Recuperação do mercado imobiliário abranda e tem futuro incerto

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O período de recuperação do mercado imobiliário registado em Portugal desde o desconfinamento (em início de maio) parece estar a abrandar, não só por via dos efeitos da sazonalidade, como devido ao arrefecimento macroeconómico que se começa a sentir na economia nacional: contração do PIB, aumento do desemprego e recuperação muito limitada do turismo, revela o relatório mensal da consultora Imovendo.

O impacto da sazonalidade prende-se com o facto do verão ser historicamente um período dinâmico na procura imobiliária, não apenas pelo interesse em adquirir uma segunda habitação, como pela curiosidade que o segmento das moradias desperta e ainda pela necessidade de encontrar oportunidades de investimento para as colocar no mercado de arrendamento de estudantes e professores (que iniciam aulas em setembro).

Ora, este pico de procura e de dinamismo tende estruturalmente a arrefecer até ao final do ano, algo que, em 2020, deverá igualmente ocorrer, porventura, de forma ainda mais significativa, uma vez que parte da procura que alimentou o mercado, nestes últimos meses, resultou de decisões de investimento anteriores ao confinamento e de necessidades geradas pelo próprio confinamento, pelo que esta força motriz perderá agora tração e arrastará consigo o mercado.

Na análise do desempenho económico, a Imovendo realça a evolução da taxa de desemprego em agosto, que atingiu o valor mais alto dos últimos 32 meses (desde novembro de 2017) e que dificilmente tenderá a infletir, pelo que o mercado de compra e venda deverá ser afetado (em benefício potencial do mercado de arrendamento).

No que toca ao turismo, este foi o sector de atividade que mais alavancou o crescimento económico em Portugal, ao longo dos últimos anos, e cujas externalidades positivas para o imobiliário foram inequívocas. Atualmente, a quebra homóloga de novos registos de alojamento local atinge os 80% em alguns distritos e uma eventual segunda vaga da pandemia certamente não permitirá a necessária recuperação desta atividade.

Para a Imovendo, desde o fim do confinamento que o mercado imobiliário tem enfrentado um dinamismo extremamente aliciante, no concerne à procura residencial, não apenas com enfoque nas moradias, mas igualmente em apartamentos, sobretudo os que consigam assegurar variáveis de conforto que garantam mais área de vivência, sejam quintais, logradouros, amplas varandas ou simplesmente terraços.

 

Futuro do mercado

Muitos profissionais têm reportado bons resultados no último trimestre e, certamente por este motivo, desde final de maio, foram criadas 300 novas empresas de mediação imobiliária, um número impressionante (uma vez que representa perto de 5% do sector) e que surge em contra-ciclo, mas que coloca pressão acrescida sobre um sector que enfrenta um futuro incerto”, antecipa Manuel Braga, CEO da consultora imobiliária.

O mercado imobiliário tem conseguido mostrar uma enorme resiliência, tem-se assumido como uma bolsa de empregabilidade secundária que tem permitido milhares de famílias assegurarem uma remuneração complementar, mas a expectável contração da economia, a par do antecipável fim das moratórias sobre os créditos à habitação, constituem-se como desafios relevantes que o mercado ainda não começou a antecipar (por este motivo, ainda não se verifica qualquer tipo de movimento significativo de ajustamento em baixa dos preços de mercado dos imóveis).

Os próximos meses, certamente, serão marcados por três grandes dinâmicas: ajustamento gradual dos preços de venda às novas dinâmicas do mercado, reforço da relevância da tecnologia como instrumento de trabalho no sector e necessidade de encontrar novas estratégias de comercialização dos imóveis, de modo a garantir que o esforço de ajustamento dos preços não recai na totalidade sobre o proprietário.

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