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Previsões de crescimento global: em alta para 2023 e em baixa para 2024

A última atualização da equipa de economia da Schroders mostra que o crescimento global abrandará de 2,8% em 2022, para 2,4% em 2023.

A estimativa anterior apontava para um abrandamento do crescimento para 2%, pelo que as perspetivas de crescimento em 2023 são mais positivas. Isto deve-se, principalmente, ao facto de a economia dos Estados Unidos da América estar a ter um desempenho melhor do que o previsto.

Olhando para 2024, considera-se que o crescimento irá abrandar ainda mais do que da última vez. Anteriormente, previa-se que o crescimento abrandaria para 2,2%, mas agora esse valor situa-se em 1,9%. Isto deve-se, em grande medida, ao facto de se pensar que a economia norte-americana entrará em recessão no final de 2023.

 

EUA: recessão adiada

As coisas têm corrido melhor do que o esperado na economia dos Estados Unidos. Um mercado de trabalho forte significa que muitas pessoas estão empregadas, pelo que podem dar-se ao luxo de gastar, o que, por sua vez, impulsiona o crescimento económico. E este tem sido mais forte do que o anteriormente previsto. A Schroders considera que a economia norte-americana se expandirá a uma taxa de 1,5%, em 2023.

No entanto, as taxas de juro têm vindo a subir e são, atualmente, de 5,25%. As taxas de juro mais elevadas tornam mais dispendioso para as pessoas contraírem empréstimos e, uma vez que as hipotecas e outros empréstimos implicam agora pagamentos de juros mais elevados, as pessoas terão menos dinheiro para gastar na economia. Isto reduzirá as despesas e, consequentemente, o crescimento económico. “Pensamos que haverá um declínio tão grande nas despesas e no crescimento que a economia dos Estados Unidos da América começará a contrair-se e entrará numa recessão ligeira no final de 2023”.

No entanto, a inflação deverá baixar de tal forma que a Reserva Federal poderá reduzir as taxas de juro em 25 pontos base, antes do final do ano, e baixá-la para 3,50% em 2024, o que deverá ajudar a economia a sair da recessão, mas deixará o crescimento do PIB estável em 2024.

 

Europa: inflação mais elevada do que o previsto

Apesar de os preços da energia terem registado uma nova descida, aliviando alguma pressão sobre a inflação, dado o aumento da inflação dos produtos alimentares e dos serviços, a inflação global será mais elevada do que o previsto anteriormente. “Prevemos agora que seja, em média, de 5,6% em 2023 e de 2,4% em 2024. Consequentemente, é provável que o Banco Central Europeu (BCE) aumente as taxas de juro para 4,25%”.

Embora as taxas de juro mais elevadas pesem sobre o crescimento económico, a economia da zona euro está a ter um desempenho melhor do que o esperado, o que compensará o arrastamento das taxas mais elevadas. Como tal, prevê-se que a economia registe uma expansão de 0,6% em 2023 e de 0,9% em 2024. E dada a expectativa de que a inflação cairá abaixo de 3% no início do próximo ano, o BCE deverá reduzir as taxas para 2,5% até ao final de 2024.

 

Reino Unido: a recessão foi evitada, mas as vulnerabilidades mantêm-se

Prevê-se agora que a economia do Reino Unido evite uma recessão técnica (quando uma economia se contrai durante dois ou mais trimestres consecutivos), mas continua-se a considerar que vai estagnar durante a maior parte deste ano, antes de melhorar para uma expansão de 0,9% em 2024.

Entretanto, a inflação dos preços dos produtos alimentares durou mais tempo do que o esperado, pelo que a inflação do índice de preços no consumidor (IPC) se manterá relativamente elevada, com uma média de 7,6% em 2023, antes de abrandar para 3,6% em 2024.

Em resposta, é provável que o Banco de Inglaterra (BoE) aumente as taxas em mais 50 pontos base este ano, levando-as a um pico de 5%. Mas, à medida que a inflação recua para o objetivo de 2% em 2024, o Comité de Política Monetária deverá reduzir as taxas para 3,25% ao longo do próximo ano.

 

Mercados emergentes: recuperação desproporcional da China está a desvanecer-se

A economia da China teve um desempenho melhor do que a maioria das pessoas esperava no início de 2023 e continuará a registar um bom crescimento no final do ano.

Em contrapartida, prevê-se que a maioria das outras grandes economias dos mercados emergentes enfrentem um período de abrandamento do crescimento, uma vez que as subidas agressivas das taxas de juro no último ano afetam a atividade. Assim, prevê-se que o crescimento dos mercados emergentes abrande de 4,4% em 2023, para 3,9% em 2024.

Ainda assim, a inflação dos mercados emergentes começou a abrandar e deverá cair acentuadamente no final do ano. Isto significa que os bancos centrais deverão começar a reduzir as taxas, potencialmente no segundo semestre de 2023, melhorando as perspetivas de crescimento em 2024.

 

Cenários de risco a ter em consideração: crise bancária

Durante algum tempo, considerou-se que a estagflação (quando a inflação aumenta e o crescimento abranda) representa a maior ameaça para a economia mundial. Mas, recentemente, os riscos para o crescimento e para a inflação tornaram-se mais equilibrados.

São cinco os cenários que representam um risco para o o cenário de base. O cenário mais provável é o da inflação do lado da oferta. Neste cenário, o mercado de trabalho mantém-se forte – o que significa que muitas pessoas continuam empregadas -, o que faz com que a inflação salarial se mantenha elevada, aumentando os custos para as empresas que, por sua vez, aumentam os seus preços, contribuindo para uma maior inflação na economia. Este cenário “estagflacionista” exige aumentos ainda mais agressivos das taxas de juro para inverter a pressão inflacionista.

O cenário seguinte mais provável é o da resiliência dos consumidores. Neste cenário, as famílias gastam mais das suas poupanças induzidas pela pandemia, o que faz aumentar a inflação e tem também um efeito positivo no crescimento.

Em seguida, tem-se um cenário que prevê uma aterragem suave do crescimento global. Por outras palavras, o crescimento abranda, mas não de forma problemática, e os trabalhadores regressam ao mercado de trabalho. Com uma maior oferta de trabalhadores, a inflação dos salários não se mantém tão elevada como na inflação do lado da oferta, mas a produtividade económica é impulsionada, o que, por sua vez, apoia um melhor crescimento.

Há dois cenários que resultam em deflação (ou seja, queda dos preços). O primeiro é o regresso dos bonds vigilantes, em que os compradores de obrigações fazem efetivamente “greve” em vários mercados de obrigações em todo o mundo e não compram quaisquer obrigações do Estado. Esta situação provocaria uma enorme volatilidade nos mercados financeiros mundiais. Os governos podem ser forçados a reduzir o número de trabalhadores e os mercados emergentes que dependem dos fluxos de capitais seriam afetados negativamente. O crescimento global abrandaria, embora uma procura mais fraca pudesse, pelo menos, fazer baixar a inflação.

O nosso último cenário denomina-se de agravamento da crise bancária. Este cenário foi adicionado em resposta aos acontecimentos registados nos últimos meses nos bancos regionais dos Estados Unidos da América. Este cenário pressupõe que mais bancos regionais enfrentam corridas aos bancos e entram em falência. Ao fazê-lo, o resto do sistema bancário deixa de conceder empréstimos e a procura económica abranda. Esta situação alastra-se a outros países e, na opinião da Schroders, levaria a Reserva Federal a reduzir as taxas de juro para travar a crise.

 

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