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Investimento verde e digital destacado pelo Banco de Portugal e pelo BEI como fundamental para a recuperação face à Covid-19

Foto Shutterstock

O Banco Europeu de Investimento (BEI) e o Banco de Portugal organizaram recentemente uma conferência virtual intitulada “Investimento, digitalização e financiamento verde: o caso português” O BEI apresentou os resultados das mais recentes edições do seu relatório anual sobre o investimento e do inquérito anual sobre o investimento na Europa e em Portugal, que forneceram informações sobre a dinâmica do investimento e as necessidades de investimento em Portugal. Um dos dados destacados é que quase metade das empresas em Portugal prevê investir menos devido à Covid-19.

Quase dois terços das empresas estão a investir ou planeiam investir em projetos relacionados com o clima e 50% das empresas inovaram com novos produtos, processos ou serviços. “A compreensão da dinâmica da transição digital e das alterações climáticas é muito importante em si mesma, mas também para perspetivar a recuperação económica. A pandemia atingiu a atividade e acelerou as mudanças estruturais que transformarão as nossas economias e a nossa forma de viver. Assim, o desafio será não só recuperar da crise, mas também de nos adaptarmos às mudanças agora em curso, aproveitando o impulso da recuperação para implementar as alterações necessárias”, indicou, na intervenção de abertura, Mário Centeno, governador do Banco de Portugal.

 

Prioridades de investimento

Os principais intervenientes descreveram a evolução das necessidades e prioridades de investimento de Portugal devido à Covid-19 e salientaram a necessidade de reforçar o financiamento e a cooperação consultiva, ao nível das melhores práticas, a fim de se acelerar a transição para uma economia digital e verde. O debate centrou-se na prontidão e na adaptabilidade das empresas às novas restrições causadas pela pandemia e na necessidade de implementar tecnologias digitais essenciais para apoiar a resiliência e a competitividade. “Não obstante a devastadora crise económica causada pela Covid-19, as empresas portuguesas terão de continuar a investir no seu futuro e nas áreas mais impactantes: inovação, digitalização e ação climática. Como ‘Banco do Clima’ da União Europeia, o Grupo BEI é um dos principais financiadores de projetos de ação climática. Somos igualmente um dos maiores investidores europeus em inovação. Estamos a apoiar mais do que nunca as empresas portuguesas, para que estas superem os desafios atuais e futuros. Estamos ao lado das empresas portuguesas e dos seus trabalhadores”, indicou, na sua intervenção de encerramento, Ricardo Mourinho Félix, vice-presidente do Banco Europeu de Investimento e responsável pelas operações do BEI em Portugal.

 

Impacto da Covid-19 no investimento empresarial em Portugal

O inquérito do BEI sobre o investimento em Portugal revela que a pandemia deverá exercer pressão sobre o investimento privado. 47% das empresas em Portugal prevê investir menos e cerca de um terço abandonou ou adiou os planos de investimento devido à pandemia, menos do que a média da União Europeia (35%). Quase um quarto (24%) das empresas espera manter, pelo menos, alguns dos seus planos de investimento, mas com uma escala ou âmbito reduzidos, acima da média da União Europeia (18%).

Para as empresas afetadas pela Covid-19, o desenvolvimento de novos produtos ou serviços é a prioridade de investimento mais referida (38%), acima da média da União Europeia (30%). No último exercício, o principal objetivo do investimento era a substituição dos edifícios, maquinaria, equipamento e TI existentes (52%), sendo a maior percentagem do investimento em maquinaria e equipamento (53%).

O inquérito do BEI sobre o investimento revelou que, ao longo do último exercício, foram mais as empresas que aumentaram o investimento do que as que o reduziram. No entanto, as perspetivas de investimento são ainda negativas. As empresas em Portugal tornaram-se, de um modo geral, mais pessimistas quanto às perspetivas de curto prazo, muito à semelhança dos seus pares da União Europeia, sendo que a incerteza quanto ao futuro continua a ser o mais referido obstáculo a longo prazo ao investimento (92%).

 

Empresas portuguesas inovaram mais do que a média

Cerca de metade de todas as empresas inovaram e desenvolveram ou introduziram novos produtos, processos ou serviços como parte das suas atividades de investimento, acima da média da União Europeia (43%). Tal inclui 18% das empresas que reportaram ter introduzido inovações que são novas no país, também acima da média da União Europeia (15%). “Apesar das perturbações económicas causadas pela Covid-19, as empresas portuguesas têm a inovação no topo da sua agenda. As empresas afetadas pela crise económica causada pela Covid-19 aperceberam-se que a inovação e a digitalização poderão ser as melhores ferramentas disponíveis para fazer face à atual crise. De facto, as empresas portuguesas implementaram, em média, mais tecnologias digitais do que as suas contrapartes da União Europeia, sendo mais provável que desenvolvam ou introduzam novos produtos, processos ou serviços como parte das suas atividades de investimento. Portugal ainda está aquém da média da União Europeia em investimento em investigação e desenvolvimento, mas os resultados do inquérito mostram que estão a dar passos na direção certa”, afirmou Debora Revoltella, economista-chefe do BEI.

Três quartos das empresas (76%) afirmam que as alterações climáticas têm atualmente impacto nas suas atividades, muito acima da média da União Europeia (58%). Quase dois terços das empresas (64%) está a investir ou planeia investir em projetos relacionados com o clima, em linha com a média (67%). Além disso, quase metade das empresas (48%) investiu em medidas destinadas a melhorar a eficiência energética, em conformidade com a média.

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