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Do pasto para a sua mesa

No coração do Alentejo, é criado gado que vai diretamente da pastagem para a sua mesa. Após um século de tradição na produção de gado, o Solar da Giesteira dedicou-se à venda de carne ao domicílio. Esta empresa familiar de Montemor-o-Novo aposta na personalização e qualidade do serviço, a que se soma um preço sem a inflação das margens dos intermediários. Das entregas ao domicílio à preocupação com o alimento e a integridade dos animais, muitos são os fatores que marcam a diferença neste projeto. Carne entregue em mãos, com origem no Alentejo, mas que pode chegar a qualquer parte do país.

O Solar da Giesteira surgiu da vontade de três primos em levar ao consumidor carne de qualidade. Oriundos de uma família que se dedicava à produção de gado há mais de um século, na década de 90, decidiram fechar o ciclo produtivo e ir buscar o valor acrescentado de vender diretamente ao consumidor final. Assim, em 1998, Joaquim Freixo, sócio-gerente da empresa, criava a marca Solar da Giesteira.

No princípio, o negócio era de pequena escala e a carne vendida por telefone. Mas, desde então, soma e fideliza cada vez clientes. Ao telefone juntou-se a Internet como forma de encomendar a carne, que o comprador pode escolher a seu belo prazer. O trunfo do negócio é a relação de confiança reforçada pelo facto do produto ir diretamente da origem ao consumidor, o que permite chegar com um preço cerca de 10% a 20% mais barato que num canal normal de distribuição. Preparado o pedido é feita a distribuição. “O processo está todo nas nossas mãos, desde as pastagens até ao acompanhamento do abate no matadouro, desmanche da carne e respetivo embalamento. Essa carne é trazida para os nossos próprios armazéns e daí seguem as encomendas. Desta maneira, é um processo sem os custos acrescidos dos intermediários”, explica Joaquim Freixo.

Mas esta não é a única característica distintiva da proposta de valor do Solar da Giesteira. Engenheiro agrónomo de formação, Joaquim Freixo destaca as condições ímpares em que estes animais são criados. “O triângulo que se situa entre Montemor-o-Novo, Évora e Arraiolos constitui uma zona preferencial para a produção de gado em regime extensivo, dada a aptidão natural para a pastagem espontânea de muita qualidade. Todos estes terrenos agrícolas estão situados em montado de sobro e azinho, o que faz com que a pastagem tenha uma proteção natural acrescida”. O montado de sobro e azinho providencia abrigo para os animais, bolota para alimento e proteção à pastagem que cresce resguardada da geada. “A combinação da pastagem com a bolota proporciona aos animais uma alimentação natural inigualável, com equilíbrio perfeito entre proteína e energia, a qual transmite à carne um sabor e características ímpares ao nível do melhor que a dieta mediterrânica nos proporciona e completamente diferente da carne do resto do mundo”.

Paralelamente, a criação em liberdade é outra das características do Solar da Giesteira. Por cada animal são disponibilizados três hectares, assegurando-se assim a renovação natural do alimento e o crescimento dos animais sem o stress de um ambiente fechado. Trata-se, assim, de uma carne natural e rica em ómega 3, livre de hormonas, antibióticos ou conservantes. Esta forma de produção dá, a estes animais, “genuinidade, pureza e qualidade ímpar. No prato provamos a diferença. Não encontramos um bife que, durante a confeção, se desfaz em água. No nosso caso, os animais só conhecem na sua dieta o leite materno e, mais tarde, aquilo que o montado dá. O projeto Solar da Giesteira assenta no conceito de sustentabilidade, de ligação entre território e animais”.

Nos 1.350 hectares de pastos passeiam-se bovinos que são fruto do cruzamento de quatro raças, a alentejana Mertolenga e as francesas Salers, Charolesa e Limousine. “Levámos três anos para criar o primeiro animal, alentejano. Nessa altura, a vaca é cruzada com um animal da raça Salers. São animais que produzem mais leite. Aguardamos três anos por novo cruzamento, desta feita com um animal de raça Charolesa. Finalmente, pegamos nesta vaca e cruzamos com a raça Limousine. No fundo. vamos buscar as melhores características dos animais para produzirmos a carne que pretendemos”, explica Joaquim Freixo.

Personalização
Cada animal abatido é desmanchado em função das encomendas. Consoante estas, a carne tem um determinado corte, é processada e embalada em vácuo. Os animais são abatidos semanalmente à segunda-feira e embalada, peça a peça, à quarta. A embalagem em vácuo permite garantir a manutenção das características organoléticas da carne e a segurança alimentar, com uma validade de um mês no frigorífico e de um ano no congelador.

O trabalho personalizado tem continuação no serviço de entregas. A carne do Solar da Giesteira chega à região de Lisboa duas vezes por semana, com entrega personalizada. Para encomendas de valor superior a 20 euros, a entrega não tem qualquer custo. O leque de clientes inclui desde o consumidor final que recebe a carne em mãos no conforto do seu lar, a instituições, como lares de terceira idade, jardins de infância e escolas, restaurantes, casos do Sete Mares, Marítima do Restelo e The Great American Disaster, de que são fornecedores dos hambúrgueres, entre outros, e também alguns pontos de revenda.

À carne foram sendo acrescentados produtos regionais que completam a oferta. Desde o azeite ao vinho e às compotas, passando pelos enchidos de porco preto.

Uma oferta que não se encontra nas grandes superfícies, já que a estratégia do Solar da Giesteira é colocar a carne de vitela (até seis meses), vitelão (de seis a dez meses) e borrego no comércio de proximidade. “No fundo é uma distribuição que vai ao encontro dos nossos princípios, a sustentabilidade e o valor acrescentado”.

Este artigo foi publicado na edição 42 da Grande Consumo.

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