De acordo com o último “Economic Outlook” divulgado pela Crédito y Caución, o comércio mundial está a revelar uma resistência inesperada aos efeitos da Covid-19.
As diferentes projeções internacionais antecipavam quedas entre 15% e 30%, em 2020, projetando o comportamento das trocas globais de mercadorias durante a crise de 2008, quando a queda multiplicou por dois ou três a evolução do PIB.
No entanto, de acordo com as estimativas do relatório, a contração de 2020 será limitada a 7% a 8%, seguida de uma recuperação semelhante em 2021.
Resistência à Covid-19
O relatório aponta várias causas para esta resistência no comércio de mercadorias. Em primeiro lugar, a China recuperou de forma mais intensa e rápida do que o esperado, através de estímulos à oferta, que encaixaram com os estímulos ao consumo noutras regiões do mundo. “Essa imagem da procura norte-americana a ser satisfeita pela oferta chinesa explica o aumento do comércio entre a China e os Estados Unidos, apesar das tarifas”, explica o relatório divulgado pela Crédito y Caución.
Um segundo fator relevante é o impacto das medidas de distanciamento social, mais severas nos serviços do que na produção industrial. Isso implica que a variação do PIB fornece menos orientação sobre a evolução do comércio de bens, dependente das manufaturas.
Em terceiro lugar, as restrições ao comércio de produtos médicos e medicamentos diminuíram, desde o início da pandemia. Finalmente, ao contrário da crise de 2008, os bancos centrais aplicaram uma política monetária muito relaxada e estímulos fiscais que beneficiaram o comércio.
Incerteza
A ligação entre o comércio e a previsão de recuperação de crescimento do PIB, para 2021 e 2022, também será fraca, uma vez que os serviços crescerão mais fortemente do que a produção industrial.
No entanto, a recuperação como tal ajudará o comércio mundial, assim como outros fatores, como uma política comercial dos Estados Unidos da América previsivelmente menos protecionista.
“A incerteza comercial sobre novas tarifas ou mesmo guerras comerciais, por exemplo com a União Europeia, vai desaparecer”, explica o relatório. Algumas tarifas podem, até, ser reduzidas. Além disso, o acordo comercial entre a União Europeia e o Reino Unido elimina incertezas sobre o futuro do comércio mundial.