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Crise do Mar Vermelho representa uma nova ameaça ao comércio global

Os ataques a porta-contentores por militantes houthis no Mar Vermelho aumentaram os custos do transporte marítimo em 300%, alimentando receios de estrangulamentos na cadeia de abastecimento e agravamento dos riscos de inflação.

O aumento deve-se ao facto dos navios comerciais terem de adotar rotas mais longas e mais onerosas, para evitar a zona de conflito, e suportar os crescentes custos com seguros. Embora os ataques, aparentemente dirigidos a navios israelitas, estejam a causar problemas às empresas de navegação e às indústrias que dependem delas, o seu impacto na economia global é limitado. A maioria dos economistas espera que assim continue, pelo menos a curto prazo, mas quanto mais tempo a crise se arrastar, mais graves serão as perturbações.

Cerca de 30% de todo o transporte de contentores passa pelo Mar Vermelho, um canal crucial para a carga que viaja da região Ásia-Pacífico para a Europa. Os grandes transportadores marítimos suspenderam as operações na área, desviando os navios para o Cabo da Boa Esperança. O efeito cumulativo de mais nove dias no mar irá inevitavelmente perturbar a logística global e as cadeias de abastecimento. O encerramento efetivo da rota do Mar Vermelho poderia reduzir a capacidade de transporte marítimo internacional em cerca de 20%.

 

Escassez de produtos

É provável que a alteração de cadeias de abastecimento, mais longas e menos seguras, conduza à escassez de produtos em alguns sectores. As empresas europeias serão as mais afetadas a curto prazo. Os fabricantes europeus importam uma vasta gama de bens intermédios da Ásia-Pacífico, tais como equipamento elétrico, bens de alta tecnologia, borracha e plásticos, produtos químicos e maquinaria. Se a crise se arrastar, é provável que os tempos de espera, os preços e o congestionamento nos portos aumentem. Isto pode acelerar o retorno a uma maior disposição para manter níveis de inventário mais altos por precaução.

A economia egípcia é também particularmente vulnerável a um conflito prolongado no Mar Vermelho. Pouco mais de 2% do Valor Acrescentado Bruto do país e 3,5% das receitas do governo estão ligados ao Canal de Suez.

É pouco provável que a crise inverta a tendência descendente da inflação ou obrigue à suspensão das reduções das taxas de juro previstas para meados deste ano. “Espera-se que o impacto dos ataques houthis e do aumento dos custos de transporte marítimo na inflação global seja bastante limitado. No máximo, desacelerará o ritmo atual de normalização da inflação em relação ao pico pós-pandemia“, explica o economista sénior da Atradius e especialista em Médio Oriente, Niels de Hoog.

 

Custos de transporte

Embora os custos de transporte tenham aumentado substancialmente, estão consideravelmente abaixo do pico atingido durante a reativação pós-pandemia. Além disso, qualquer abrandamento da produção causado por problemas na cadeia de abastecimento ocorrerá num contexto de moderação da procura global. Por último, a ameaça houthi teve até agora pouco impacto nos preços do petróleo, que continuam a ser mais baixos do que nos meses anteriores ao início dos ataques. Cerca de 80% das exportações de petróleo da região do Golfo destina-se à Ásia, pelo que não têm de atravessar o Canal de Suez.

O principal cenário é que a crise seja relativamente de curta duração, mas se o Mar Vermelho estivesse fechado ao transporte marítimo por vários meses e os custos de frete permanecessem altos, cerca de 0,7 pontos percentuais seriam adicionados à taxa geral do IPC para 2024 (que atualmente está projetada para cair para 4,1%, depois de registar 6% em 2023). Tal seria um impulso insuficiente para inverter as atuais tendências de moderação dos preços e é pouco provável que leve os bancos centrais a repensar as suas reduções das taxas.

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