Com as lojas físicas encerradas durante as novas vagas da pandemia, os consumidores não tiveram outra opção que não fosse os canais digitais para obter bens e serviços. Esta circunstância levou muitos consumidores a experimentarem o e-commerce pela primeira vez e potenciou que aqueles que já o utilizavam aumentassem a sua frequência de compra.
Para compreender até que ponto os consumidores aderiram ao digital durante a pandemia, a Euromonitor analisou os resultados de várias das suas pesquisas e detetou três formas como o comportamento do consumidor evoluiu em 2021: mais compras em múltiplas categorias, compradores digitais ainda mais jovens e progressão do “mobile”.
Mais compras em múltiplas categorias
Quase todos os sectores analisados registaram subidas de dois pontos percentuais nas compras digitais, entre o início de 2020 e janeiro e o final de março, segundo as análises “Lifestyles Survey” e “Digital Consumer Survey”. Comparando estes resultados com a mais recente edição do estudo Comparing “Lifestyles Survey”, cujo trabalho de campo decorreu em janeiro e fevereiro deste ano, constata-se que os consumidores se afastaram muito ligeiramente do digital face há um ano, uma vez que muito da mudança inspirada pela pandemia permanece.
Para além de comprarem mais em categorias que já lhes eram familiares neste canal, os consumidores procuraram no online uma forma de satisfazer uma mais ampla gama de necessidades. A percentagem de consumidores que não recorreram ao digital durante as fases da pesquisa e compra da jornada do consumidor ou apenas o utilizaram para comprar uma única categoria caiu significativamente entre o início de 2020 e o de 2021. Em contrapartida, houve um forte crescimento no número de compradores muito ativos.
Compradores digitais ainda mais jovens
Os consumidores com idades compreendidas entre os 30 e os 44 anos são os utilizadores mais frequentes do digital em todos os sectores. Este grupo etário, que compreende os Millennials mais velhos e os elementos mais jovens da Geração X, caracteriza-se por ser composto por fortes nativos digitais, que se sentem confortáveis na utilização da Internet e da tecnologia em vários aspetos da sua vida. Ao contrário dos seus pares mais jovens, que sempre viveram numa era digital, o grupo dos 30 aos 44 anos tem um maior poder de compra que potencia o crescimento do e-commerce em valor.
Ao mesmo tempo que este grupo etário tem a maior penetração de gastos digitais, também apresentou a maior subida, em termos percentuais, nestes gastos durante a pandemia em eletrónica de consumo, eletrodomésticos, beleza, saúde e cuidados pessoais. Em contrapartida, os seus pares mais jovens, com idades compreendidas entre os 15 e os 29 anos, liderou a expansão no foodservice, viagens, vestuário e calçado, ao mesmo tempo que aumentou os seus gastos gerais.
Progressão do mobile
Na maioria dos sectores analisados, uma percentagem mais elevada de consumidores recorreu aos smartphones, por comparação com os computadores, para as suas compras online durante a pandemia. Dadas as restrições de mobilidade e ao confinamento dos consumidores em suas casas, este facto reflete que os dispositivos móveis se converteram no centro das atividades de comércio.
Antes da pandemia de Covid-19, a Euromonitor tinha previsto que 2020 iria marcar a primeira vez em que mais de metade dos gastos globais no comércio digital seriam gerados a partir de dispositivos móveis, uma tendência que o contexto pandémico veio reforçar. O comportamento do consumidor evoluiu, assim como a sua relação com os canais digitais utilizados para pesquisar sobre e comprar produtos. Os consumidores estão a ligar-se cada vez mais com as marcas de um modo virtual, tomando partido de opções como o “livestreaming” em contexto de compras e exigindo novas tecnologias e métodos de entrega que apoiem o crescimento do comércio eletrónico.