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Portugueses cautelosos mas aderem a novos meios de pagamento

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Foto Shutterstock

O IX Relatório de Tendências de Meios de Pagamento da Minsait Payments revela que os portugueses são os que mais utilizam cartões virtuais nas transações online, mas são também cautelosos.

Apenas um em cada 10 partilharia os dados bancários com as bigtech, enquanto 20% partilharia informação pessoal das suas redes sociais com os bancos tradicionais.

O estudo aponta ainda para a criação de um ecossistema de colaboração entre a banca e as bigtech, as fintech e os neobancos para o desenvolvimento de novos modelos de negócio e serviços. Este é, de facto, um fator crítico para a evolução dos meios de pagamento, segundo o estudo. Estas alianças entre o negócio bancário e os novos “players” tecnológicos contribuem para a evolução dos meios de pagamento “melhorando a competitividade do sector face aos desafios que resultam da chegada do open banking“.

O open banking está ainda numa fase incipiente e em patamares de desenvolvimento diferentes nos países analisados. Em causa está legislação, adoção de standards e iniciativas em diferentes estados. No entanto, cerca de 64% dos executivos entrevistados nos 10 países estão conscientes que a concorrência, nos próximos anos, virá sobretudo das bigtech, fintech e neobancos.

Perante este cenário, a maioria dos executivos considera que a regulação da concorrência digital e a criação de ecossistemas colaborativos serão a abordagem predominante na indústria bancária.

Portugueses preferem meios de pagamento seguros no comércio eletrónico

No que se refere ao comércio eletrónico, Portugal apresenta uma baixa proporção de compradores frequentes: apenas 39,1% dos inquiridos fazem compras pela Internet pelo menos uma vez por mês, sendo o computador pessoal o dispositivo preferido para aceder a este canal de compra. Os cartões físicos são o principal meio de pagamento nas transações online, mas o cartão virtual já é utilizado por 34,1% dos utilizadores, o nível mais alto de todos os países incluídos no inquérito. O pagamento através de criptomoedas é utilizado por 0,3% dos inquiridos.

A disponibilidade de diferentes meios de pagamento é um aspeto que aumenta a sensação de segurança no momento de realizar uma compra num portal web não utilizado anteriormente. 30,2% dos inquiridos declara que uma página que aceite diferentes formas de pagamento lhes transmite segurança.

Portugal também se destaca por ser o país que menos usa numerário (moedas e notas) para pagar despesas mensais. Um em cada quatro inquiridos portugueses não utilizaram esta forma de pagamento no mês anterior ao inquérito. Em contraste, o pagamento das despesas mensais a partir da conta bancária evidencia uma penetração de 69,8%, convertendo-se no meio de pagamento principal para quase um quarto (24,1%) dos inquiridos. Apesar disso, os cartões bancários continuam a ser o principal meio de pagamento em 2019, preferido por 47,7% dos inquiridos.

Atualmente, um em cada quatro portugueses inquiridos tem pelo menos um cartão deste tipo. A quase totalidade dos portugueses inquiridos (97%) tem pelo menos um cartão de débito, uma subida de 2,2 pontos percentuais (p.p.), e 61,3% tem no mínimo um cartão de crédito, o que representa uma descida de 2,3 p.p. face ao ano anterior.

Finalmente, face a uma eventual irrupção dos gigantes tecnológicos no sector bancário, Portugal é o segundo país com menor predisposição dos inquiridos para ceder os seus dados financeiros a este tipo de empresas, só 10,7% manifesta interesse em facilitar os seus dados bancários às denominadas bigtech, mesmo que essa situação proporcione algum tipo de benefício. Em sentido contrário, mais de 20% dos inquiridos tem interesse em partilhar informação pessoal, que consta das suas redes sociais, com os bancos tradicionais.

Clientes cada vez menos fiéis

O relatório revela ainda a multibancarização como uma tendência em crescimento a um ritmo acelerado, demonstrando que as necessidades financeiras atuais dos consumidores não estão a ser cobertas por uma só entidade. Este fenómeno poderá intensificar-se nos próximos anos, caso as abordagens atuais se mantenham.

No top 5 dos principais desafios do sector estão temas como a transformação digital, a concorrência bigtech, o cumprimento da legislação ou a fraude e a segurança. Na mesma linha, o relatório adverte que esta circunstância pode ser aproveitada pelos novos “players” originados pelas oportunidades do open banking.

Segundo os dados recolhidos no estudo, a população bancarizada que opera com mais de uma entidade financeira está em maioria nos países estudados. Portugal não foge a esta regra. Em 2019, a proporção de clientes bancários portugueses com contas em duas ou mais entidades financeiras superou os 50% (51,6%), o que representa 7,9 p.p. face a 2018 (43,7%).

Além disso, em todos os países analisados, verifica-se que, durante o último ano, se registou uma diminuição significativa na duração da relação entre o utilizador e o banco principal. Portugal, com 13,1 anos, é o segundo país com a antiguidade média mais elevada (só superado pelo Reino Unido com 18,2 anos), embora tenha sofrido uma queda significativa de 2,3 anos, o que evidencia um importante dinamismo no sector bancário português.

Em matéria de inovação na autenticação dos pagamentos, a impressão digital leva vantagem sobre as restantes. Quase sete em cada 10 portugueses inquiridos (68,8%) preferem este meio de autenticação, entendido como sendo mais seguro, moderno, fácil e rápido que o atual PIN.

Embora ainda não seja o meio preferido de pagamento dos portugueses (escolhido por apenas 1,8%), o pagamento através do telemóvel foi utilizado por 18,2% dos inquiridos, a que se juntam 17,2% de utilizadores que usam apps de pagamento entre particulares (MBWay, por exemplo).

Por Bárbara Sousa

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