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Portugal lidera paridade de género na União Europeia

Apesar de apenas 6% dos CEO serem mulheres

Foto: Shutterstock

Portugal lidera em termos de paridade da força de trabalho na União Europeia (50% mulheres/ 50% homens) mas, apesar de ter implementado diversas políticas que fomentam a equidade laboral, a desigualdade de género no mercado de trabalho mantém-se e as mulheres continuam a enfrentar uma situação de disparidade na progressão profissional, ocupando apenas 6% dos cargos de liderança. O mesmo acontece para as posições superiores (N-1), onde as mulheres portuguesas ocupam apenas 16% destes lugares, em comparação com uma representação média europeia de 22%.

Conclusões do estudo “Women Matter”, realizado pela McKinsey & Company e que analisou 45 empresas em Portugal e Espanha que empregam mais de 300 mil pessoas. Segundo este estudo, cerca de 85% das mulheres acredita que podem ser promovidas de igual forma no início da sua carreira. O mesmo acontece com 88% dos homens. No entanto, 59% das mulheres acaba por se sentir menos confiante dessa promoção, após cinco anos de experiência, em comparação com 73% dos homens. Uma diferença também verificada em termos de ambição em alcançar posições de topo (36% das mulheres contra 43% dos homens), o que pode ser devido à perceção de que não têm as mesmas oportunidades de subir a escada organizacional face os seus homólogos masculinos.

Tal como salienta Joana Magalhães Silva, sócia associada da McKinsey e co-líder do estudo, “além dos benefícios óbvios em termos de igualdade de género, foi demonstrado que a liderança feminina tem um impacto positivo no bem-estar dos trabalhadores, uma vez que as gestoras de topo colocam maior ênfase no desenvolvimento profissional da equipa, no apoio aos colaboradores mais jovens, no bem-estar dos empregados e na flexibilidade do trabalho. Isto é demonstrado por este estudo, uma vez que 79% dos colaboradores em empresas com uma elevada percentagem de liderança feminina está satisfeito com a sua organização, em comparação com 65% de satisfação em empresas com baixa presença de mulheres em cargos de topo”.

Outro elemento positivo no mercado de trabalho português é o baixo impacto da maternidade nas taxas de emprego feminino.Portugal é o país com a taxa de emprego mais elevada para mulheres entre os 20 e os 49 anos com filhos, mais de 80% em comparação com a média europeia de 64,1%.

 

Mulheres e o seu lugar nas carreiras do futuro

O estudo considera ainda que “as dinâmicas atuais ainda não estão configuradas para o sucesso das mulheres no mundo empresarial”. As mulheres sentem que têm menos oportunidades de desenvolvimento que os homens (64% versus 76%).

Por outro lado, as mulheres ocupam mais funções de suporte (recursos humanos, finanças, área administrativa, etc.)  do que os homens (41% versus 28%), participam menos em programas de mobilidade geográfica e participam mais em programas de flexibilidade.

O estudo mostra, ainda, que 49% das mulheres é  responsável por todas ou quase todas as tarefas domésticas, versus 15% dos homens, além de que 45% sente-se em “burnout” nestes últimos meses, em comparação com 33% dos homens.

 

Aplicação de políticas DEI

Esta abordagem da McKinsey analisou também a perceção que mulheres e homens têm do empenho das suas empresas na aplicação de políticas DEI (Diversidade, Equidade, Inclusão), destinadas a promover a igualdade de género e a gerar ambientes inclusivos e atrativos para as mulheres. Segundo os resultados obtidos, as mulheres percebem que têm menos acesso a estes programas do que os homens. Por exemplo, 90% dos homens, em comparação com 71% das mulheres, acredita que a empresa aplica medidas de flexibilidade e 57%, em comparação com 34% das mulheres, acredita que a empresa tem medidas de apoio à guarda de crianças.

De acordo com a perceção das mulheres inquiridas, 48% considera que existe uma maior preocupação com o seu bem-estar pessoal quando os cargos executivos são mulheres. Além disso, segundo o estudo, as mulheres em cargos superiores estão mais sensíveis à gestão e oferta de horários de trabalho flexíveis e alternativas de teletrabalho (49% versus 45%) e são menos exigentes em termos de disponibilidade dos seus colaboradores (20% versus 26%).

“Para colocar mais mulheres em cargos superiores, as empresas não precisam de lançar muitas iniciativas, mas, sobretudo, concentrarem-se naquilo que sabemos que funciona: oferecer oportunidades de desenvolvimento que exijam resultados, proporcionando flexibilidade num sentido amplo e apoio nos momentos chave da sua carreira, especialmente no primeiro salto para responsabilidades de gestão que, muitas vezes, coincide com a maternidade. As empresas que têm ambição, liderança empresarial e infraestruturas são capazes de capitalizar os benefícios da diversidade”, acrescenta Joana Magalhães Silva.

 

Cinco fatores-chave para as mulheres no local de trabalho

  • Reconhecimento: 56% das mulheres considera que ser reconhecido e recompensado pelo seu trabalho é o fator mais importante para ingressar ou permanecer numa organização;

 

  • Remuneração competitiva: 41% das mulheres valoriza a igualdade de remuneração como o segundo fator mais relevante na tomada de decisão para ingressar numa organização ou abandoná-la;

 

  • Mentoria/sponsorship: 31% das mulheres considera que não ter uma rede de apoio é um dos desafios mais relevantes ao seu desenvolvimento profissional;

 

  • Flexibilidade: um terço das mulheres considera que o ajuste do horário de trabalho em função das suas necessidades potencia a produtividade;

 

  • Modelos a seguir: 53% das mulheres com menos de 40 anos de idade admite um maior interesse em progredir para níveis mais seniores se reconhecer que os seus líderes têm estilos de vida sustentáveis.

 

Medidas a adotar para se atingir a igualdade de género

  • Horários de trabalho flexíveis e apoio aos cuidados a crianças e/ou dependentes: 75% das mulheres considera como muito importante a existência de medidas que potenciem a flexibilidade de horário para se alcançar uma maior igualdade de género;

 

  • Programas de desenvolvimento profissional: a importância é semelhante para ambos os sexos, embora as mulheres considerem os programas destinados ao apoio e acompanhamento individual através de coaching (81% das mulheres participantes considera-os eficazes, em comparação com 77% dos homens), e o mentoring (79% das mulheres e 73% dos homens) como particularmente eficazes;

 

  • Remuneração mais competitiva: os sistemas de remuneração mais atrativos favorecem geralmente a retenção de talentos e equidade de oportunidades, sendo considerado por 90% das empresas inquiridas como um dos fatores mais importantes atualmente.

“As organizações que se destacam são aquelas que apoiam não só a diversidade, mas também a inclusão, promovendo consistentemente uma cultura de suporte que contempla aspetos como o bem-estar dos colaboradores. Nesse sentido, implementam formação específica para integrar o bem-estar nos objetivos das equipas”, avança Joana Magalhães Silva. “Ao mesmo tempo, a participação das mulheres em programas de mentoria nas mais diversas empresas é o dobro da dos seus pares, com quase oito em cada dez mulheres a participar neste tipo de programa em comparação com perto de quatro em cada 10 homens”.

 

Índice de Igualdade de Género

Apesar de todos os progressos verificados, Portugal ocupa atualmente a 15.ª posição do Índice de Igualdade de Género da União Europeia e a 29.ª posição do Índice Global de Desigualdade de Género à escala mundial.

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