Juan Roig, presidente da Mercadona, após a realização da Conferência de Imprensa 2022.
Juan Roig, presidente da Mercadona
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“Os retalhistas não gostam de subir os preços, gostam de baixá-los”

“Os retalhistas não gostam de subir os preços, gostam de baixá-los”. A afirmação é de Juan Roig, presidente da Mercadona, e foi proferida esta terça-feira, dia 14 de março, durante a apresentação dos resultados da empresa referentes ao exercício de 2022.

Fazendo referência à estratégia de “sempre preços baixos” que é seguida pela cadeia de supermercados, Juan Roig debruçou-se sobre o tema dos preços, que tem dominado a atualidade recente de ambos os lados da fronteira, sublinhando que, ao invés de subir, o que os retalhistas apreciam é baixar os preços.

Com os preços de custo a terem aumentado cerca de 12%, Juan Roig sublinhou que a Mercadona conseguiu paliar o seu efeito em dois pontos, tendo repercutido ao consumidor apenas 10%. Já no decorrer deste mês de março, de acordo com o presidente da cadeia, desceu o preço de mais de 157 produtos. “Vamos continuar a tentar baixar os preços de custo, para baixar os preços de venda ao público no carrinho de compras e para que o ‘chefe’ faça a sua compra total ao menor custo possível, sem afetar a qualidade e garantindo a rentabilidade de todos os elos da cadeia”.

 

Lei da oferta e da procura

Mostrando-se muito preocupado com o tema da inflação e com os seus efeitos, particularmente junto dos clientes de rendimentos mais baixos, o presidente da Mercadona relembrou que este não é de agora, tendo iniciado, em abril de 2021, com a pandemia de Covid-19 e com todas as disrupções na cadeia de abastecimento que, então, se sucederam.

Os preços são marcados pela lei da oferta e da procura. Se há menos oferta, os preços sobem. O que sucede no mundo afeta-nos. A pandemia, a seca, a guerra na Ucrânia e o custo da energia afetam os preços. Lembram-se do episódio de falta de gelo a que assistimos em 2022? Deveu-se, precisamente, à subida dos custos da energia, que demoveu muitos fabricantes de, em maio, reforçarem a produção de gelo. A consequência foi a sua falta, no verão, e a subida do seu preço”, exemplificou.

 

“É uma ilusão fixar os preços”

Questionado sobre a possível intenção dos Governos português e espanhol fixarem preços máximos para os produtos alimentares, Juan Roig considera que se trata de uma ilusão. “É como dizer que a água não molha”, brincou. “Todos gostaríamos que os preços descessem, mas dependemos da oferta e da procura nesses mesmos produtos. Não há ninguém que seja capaz de determinar os preços dos produtos, nem os pode influenciar. O mercado como um todo é que os influencia”.

Juan Roig lembrou é possível reduzir artificialmente os preços, diminuindo a qualidade do produto ou o seu tamanho, mas recusou contundentemente que a Mercadona possa recorrer a esta estratégia.

 

Juan Roig e membros do Comité de Direção da Mercadona após a realização da Conferência de Imprensa 2022.

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