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Fruut, a empresa de sucesso que se recusa a sê-lo

“Deixar aos nossos filhos um mundo melhor do que o que recebemos”. É esta a missão da Fruut, a de contribuir para a melhoria dos hábitos alimentares, diminuir o desperdício alimentar através do aproveitamento de fruta com defeitos na casca e levar sorrisos à vida das pessoas. Como? Através de uma proposta de valor única, responde Filipe Simões, CEO da Frueat, empresa detentora da marca. Expressa na frase “prazer e saúde na mesma embalagem”.

2,5 milhões de toneladas de fruta “feia” foram aproveitadas em quatro anos pela Fruut, numa prova de que é possível fazer da sustentabilidade um bom negócio. “A Fruut é a prova de que é possível desenvolver um negócio assente em causas. Numa época de crise de valores, é muito motivador acordarmos todos os dias e pensarmos que podemos contribuir para um mundo melhor. E a sustentabilidade é uma das nossas causas, como são também a saúde e a felicidade das pessoas”, defende Filipe Simões, CEO da Frueat.

Causas e problemáticas para as quais o consumidor atual está cada vez mais desperto. Numa época em que a informação está à distância de um clique, os consumidores estão mais atentos à origem, ao processo, à composição, aos valores nutricionais e à responsabilidade social das marcas. O que traz responsabilidades acrescidas. “Vários estudos recentes demonstram que as pessoas já não são conquistadas só pelo preço, mas por toda a envolvência das marcas, a sua credibilidade e responsabilidade. E isso é uma mudança muito grande face ao paradigma existente há cinco anos”.

Crescimento

E foi, precisamente, há quase cinco anos que a Fruut surgiu no mercado. Na origem estava o desejo de disponibilizar algo distinto e diferenciador aos consumidores, oferecendo-lhes snacks 100% naturais e saudáveis, feitos com fruta, mas que despertassem boas sensações pelo seu sabor e textura. “Não bastava ser saudável. Tinha de ser bom, acessível e fácil de encontrar nas lojas. Algo absolutamente inédito na altura”, conta Filipe Simões.

A empresa iniciou com cinco colaboradores e tem vindo paulatinamente a aumentar a equipa. Hoje são 27. Crescimento ao qual não é alheia a aceitação do consumidor da ideia de comer fruta num pacote semelhante ao das batatas fritas. E, se num primeiro momento as pessoas achavam um contrassenso que a assinatura da marca fosse “O Snack Saudável”, porque um snack nunca poderia ser saudável, hoje reconhecem a sua importância no contributo para a melhoria dos hábitos alimentares. “Não concorremos com a fruta fresca, pois esta tem um lugar insubstituível na alimentação. Mais do que querer que as pessoas aceitem a ideia de comer fruta em pacote, queremos que elas saibam que estão a comer um snack 100% natural, feito de fruta portuguesa. E que escolham esse snack em vez de outros snacks carregados de sal, açúcares, conservantes ou aditivos. Os nossos adversários são as bolachas, as barras de cereais, as batatas fritas ou as pipocas. É contra eles que lutamos todos os dias nos lineares dos supermercados”.

Supermercados que foram instrumentais no sucesso do projeto. “Foi difícil conquistar espaço em prateleira, especialmente tratando-se de uma marca nova, de uma empresa recém-criada, numa família de produto que na altura não existia e num produto que as pessoas, pura e simplesmente, não conheciam e não consumiam. Mas, apesar de tudo isto, tivemos os grandes grupos de distribuição ao nosso lado desde o primeiro minuto. E foram eles que apostaram na marca, levando-a a todas as lojas. Muito do nosso sucesso parte dos clientes que apostaram em nós com enorme confiança e entusiasmo. Estamos-lhes muito gratos”.

Hoje, a Fruut está presente em cerca de sete mil lojas mais 10 mil máquinas de venda automática. Números que aumentam a cada mês. “Ainda recentemente assegurámos a distribuição em mais 500 lojas em Espanha”, afiança Filipe Simões. O “vending” é um canal interessante, tendo em conta a estratégia de distribuição da marca, assente nos princípios da disponibilidade, ou seja, ser fácil de encontrar, e acessibilidade, isto é, de preço baixo. “E isso tem tudo a ver com impulso e com ‘vending’, que já representa quase 15% das nossas vendas totais”. 

Nestes quatro anos, a Fruut já vendeu mais de seis milhões de embalagens. Números que atestam a recetividade ao projeto, longe deser adivinhada, em 2013, não obstante toda a ambição. “Sempre fomos muito ambiciosos, mas não estávamos à espera de tamanha recetividade por parte da distribuição e dos consumidores. No entanto, costumo dizer que não somos uma empresa de sucesso. E espero que nunca nos consideremos como tal, porque isso poderia significar uma quebra de exigência e de ambição. O sucesso de ontem não é sucesso, é histórico. Só interessa o que vem à frente e nada no futuro é garantido. Quando olho para o lado e vejo empresas com percursos incríveis de décadas, apercebo-me de que ainda conseguimos muito pouco. E temos de manter os pés no chão, cientes de que temos muito para fazer”.

Futuro
No horizonte estão os mercados internacionais, conquistado o consumidor nacional. Atualmente, a marca está presente em cinco mercados, sendo os prioritários, para além de Portugal, Espanha e Reino Unido. Uma aposta gradual e que se fará degrau a degrau, mantendo o objetivo de criar uma marca global num horizonte de cinco anos. “Os maiores desafios da globalização para a Fruut estão, obviamente, relacionados com a sua dimensão e exiguidade de recursos. Por exemplo, em termos de marketing e comunicação, é muito difícil conseguirmos ter ‘budgets’ de marketing que nos permitam comunicar de forma sustentada em mercados muito maiores do que o nosso. E esse é um tremendo desafio para pequenas empresas”.

Leia o desenvolvimento na edição n.º 47 da Grande Consumo, já disponível online para consulta e a chegar em breve na sua versão em papel.

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