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Escalada do preço da manteiga inquieta o sector da pastelaria

O preço da manteiga está a inquietar o sector da pastelaria em França. Em apenas 20 meses, os preços da manteiga industrial aumentaram 172%, passando de 2.500 euros a tonelada, em abril de 2016, para 6.800 euros a tonelada, no início deste mês de setembro, avança a federação francesa das empresas de pastelaria ao jornal Les Echos.

A FEB adverte que, face a esta realidade, o sector da pastelaria e a indústria agroalimentar poderá aumentar os preços, tendo em conta que 25% ou mais da composição de muitos dos seus produtos é, precisamente, manteiga. “É a única solução para garantir a viabilidade das empresas afetadas por esta subida mundial do preço da manteiga”.

Nas grandes superfícies, o preço da manteiga aumentou 7% no início do verão, indicou àquele jornal Christiane Lambert, presidente do principal sindicato agrícola francês, a FNSEA.

Para além da escalada dos preços, o sector da pastelaria está preocupado com uma potencial situação de escassez da manteiga disponível. A Arla, uma cooperativa de 12.500 produtores na Alemanha, Dinamarca, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Suécia e Reino Unido, já avisou que, tendo em conta a carência de manteiga e natas na Europa, não vai ser possível satisfazer a procura no Natal, caso se mantenha o atual estado da oferta de gordura.

A situação não é exclusiva do mercado francês, embora o afete de forma particular, dada as especificidades da sua pastelaria e porque apenas 20% do leite produzido em França se destina ao fabrico de manteiga. Na Alemanha, o preço de um pacote de 250 gramas de manteiga aumentou, num ano, de 1,05 euros para 2 euros.

Esta crise da manteiga deve-se a uma conjugação de fatores. A começar pelo aumento crescente da procura nos países emergentes e na América do Norte, passando pelas condições meteorológicas adversas, designadamente a situação de seca,  que afetaram as pastagens e a produção de leite no verão, assim como o regresso do consumo da manteiga, que está a deixar de ser vista como prejudicial para a saúde. Em quatro anos, o consumo mundial aumentou 7%.

Em Portugal, o facto de, no último ano,  preço da manteiga ter subido 70% nos mercados internacionais não atingiu o consumidor final. Em declarações à TVI24, Paulo Costa Leite, diretor geral da ANIL – Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios, P assegurou que Portugal não corre esse risco porque não há escassez de produto no mercado interno. De resto, o consumo até caiu 3% em julho. Há muito que a manteiga deixou de estar na moda em Portugal e a ANIL não perspetiva, para já, uma inversão desta tendência.

A manteiga foi a categoria de produtos lácteos com melhor comportamento durante a crise do sector dos últimos anos, não tendo o seu preço manifestado a volatilidade das restantes categorias, em especial do leite em pó magro. Este comportamento positivo deveu-se ao aumento da procura registado no mercado da América do Norte durante o período da crise, que foi sustentando os preços internacionalmente.

Em teoria, o preço da manteiga até não deveria subir porque continua a haver leite em excesso na Europa. Contudo, essa produção é direcionada, prioritariamente, para mercados com mais valor acrescentado, como o dos queijos.

A manteiga, e em geral a gordura do leite, está a substituir a margarina, por razões associadas à saúde, e o óleo de palma na indústria de processamento alimentar e está cada vez a ser mais recorrente na pastelaria e padaria mundial.

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