Poderão demorar dois anos até que seja acionado o Artigo 50, que oficializa a saída dos britânicos do projeto europeu comum.
Para já, incerteza é a palavra que melhor define o futuro da economia, no rescaldo do Brexit, cujas consequências dependerão do resultado das negociações entre o Reino Unido e a União Europeia.
Segundo a Euromonitor International, não é de excluir o cenário de um Brexit desordenado, caso não seja alcançado um acordo nas negociações. O modelo macro da consultora dá uma probabilidade de 30% a 40% para que isso aconteça, o que iria mergulhar a economia britânica numa profunda recessão, com a fuga de capitais e a desvalorização da libra. Não obstante, a Euromonitor não antecipa um cenário mais severo do que o registado em 2009, quando o Produto Interno Bruto contraiu 4,2%, no seguimento da crise financeira global.
O que se sabe, para já, é que o Reino Unido não quer perder o dinheiro da Política Agrícola Comum, que pretende manter até 2020 para garantir a estabilidade do sector agrário. Philip Hammond, ministro das Finanças britânico, já se comprometeu a apoiar economicamente os projetos financiados pela União Europeia, após a saída do país. A medida pode custar ao Reino Unido 4.500 milhões de libras, cerca de 5.200 milhões de euros, mas garantirá que sectores como a agricultura e a investigação científica continuem a receber fundos estruturais e investimento.
Também se sabe, para já, que a PAC é motivo de preocupação para a Europa. A saída do Reino Unido deixa um défice de 3% a 5% nos fundos atuais, menos quatro mil milhões de euros. Dia 2 de setembro os governos europeus reúnem-se para falar da PAC e, sobre a mesa, estarão questões como a reforma da política comum, que deve iniciar em 2017, e as repercussões do Brexit.
Esta e outras questões dão o mote para o tema de capa da próxima edição da Grande Consumo. Fique a conhecer os desafios e oportunidades criados pelo Brexit para retalhistas, fornecedores e sector dos bens de grande consumo na sua globalidade.
