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As marcas próprias tornaram-se um elemento fundamental no retalho moderno em Portugal, conquistando espaço pela sua capacidade de responder às necessidades dos consumidores.
Ao contrário do que é frequentemente argumentado por representantes da indústria, as marcas próprias não restringem a liberdade de escolha. Ao invés, oferecem ao consumidor opções acessíveis, inovadoras e sustentáveis, que reforçam a concorrência saudável e beneficiam o mercado como um todo.
Liberdade de escolha e inovação
O consumidor português está mais informado e exigente do que nunca. Procura produtos que combinem qualidade, preço justo e valores alinhados às suas prioridades, como sustentabilidade, saúde e responsabilidade social. É nesse contexto que as marcas próprias ganham destaque, ao oferecer uma gama diversificada de produtos que atendem às expectativas do mercado e às necessidades dos consumidores.
Categorias tão diversas como mercearia, lacticínios, congelados e limpeza do lar são exemplos de áreas em que as marcas próprias têm uma maior participação nas cestas dos consumidores. E continuam a ganhar terreno, alavancadas sobretudo na combinação de qualidade e inovação.
A adesão crescente dos consumidores às marcas próprias não se verifica apenas pelo fator preço; a proposta de valor está alicerçada no desenvolvimento de produtos que, em muitos casos, rivalizam em qualidade com as marcas de fabricante, mas com uma abordagem mais prática e acessível. Num espírito de sã concorrência.
Sustentabilidade e eco design
Uma das principais áreas em que as marcas próprias se destacam é a sustentabilidade. Muitas insígnias do retalho investem em estratégias de eco design, otimizando as embalagens para reduzir os resíduos, promover a sua reciclabilidade e incorporar materiais reciclados, minimizando desta forma a pegada ambiental.
Os consumidores, cada vez mais atentos ao impacto ambiental das suas escolhas e à forma como consomem, encontram nas marcas próprias uma opção alinhada aos seus valores. Embalagens reutilizáveis, utilização de materiais biodegradáveis e/ou de fontes sustentáveis e eliminação de materiais desnecessários são apenas alguns dos esforços que mostram como as marcas próprias respondem aos desafios do futuro.
Além disso, a aposta em fornecedores locais e em cadeias de produção sustentáveis e mais curtas fortalece a economia nacional e reduz a dependência de recursos externos, algo especialmente relevante em tempos de incerteza económica. Mesmo tendo em conta que Portugal não é autossuficiente em todos os produtos.
Concorrência: um motor de qualidade e inovação
O mercado altamente competitivo entre marcas próprias e marcas de fabricante é um catalisador para a melhoria contínua. Enquanto as marcas de fabricante se veem desafiadas a continuar a inovar e a demonstrar o seu valor acrescentado, as marcas próprias investem em qualidade e design para atrair e fidelizar consumidores.
Essa dinâmica beneficia o consumidor de forma direta. Ele não só encontra uma maior oferta e produtos mais acessíveis, mas também vê a qualidade das opções disponíveis aumentar. Essa competição, longe de ser um obstáculo, é essencial para manter o mercado dinâmico e adaptado às mudanças nas necessidades dos consumidores.
Superando mitos sobre preço e qualidade
Embora a indústria frequentemente argumente que as marcas próprias reduzem a perceção de valor ou igualam-se às marcas de fabricante de forma “parasitária”, essa visão desconsidera o papel essencial que as marcas próprias desempenham no equilíbrio do mercado.
Os diferenciais de preço entre marcas próprias e marcas de fabricante são explicados por fatores claros: estruturas
operacionais mais “lean” e eficientes, menor investimento em publicidade tradicional e maior eficiência logística. Esses diferenciais não representam uma “ameaça”, mas sim uma forma de democratizar o acesso a produtos de qualidade.
Além disso, o consumidor reconhece que as marcas próprias frequentemente partilham fabricantes com as marcas de referência. Essa transparência e a melhoria contínua dos produtos criam um vínculo de confiança que sustenta o crescimento dessas marcas.
O futuro
À medida que as necessidades do consumidor evoluem, as marcas próprias têm mostrado capacidade de adaptação e inovação. O foco em sustentabilidade, a ampliação de gamas premium e orgânicas e a incorporação de tecnologias, como códigos QR para rastreamento de origem dos produtos são apenas algumas das iniciativas que reforçam o compromisso com a excelência.
A liberdade de escolha não é limitada pela presença de marcas próprias; ela é expandida. O consumidor tem agora acesso a um leque mais amplo de opções, em que qualidade, inovação e sustentabilidade se tornam critérios prioritários.
No final, as marcas próprias desempenham um papel crucial na construção de um mercado mais justo e acessível. Elas demonstram que é possível oferecer produtos competitivos que atendam às demandas do presente e preparem o caminho para os desafios do futuro, caminhando ao lado da indústria, para bem do consumidor.
Este artigo foi publicado na edição N.º 90 da Grande Consumo.