Nos últimos anos, a automação e a robótica têm emergido como ferramentas essenciais para a competitividade das empresas, especialmente na indústria do grande consumo. A rapidez das mudanças nos padrões de consumo, aliada às pressões económicas e às exigências por sustentabilidade e eficiência, torna evidente que as empresas que ignoram estas tecnologias correm o risco de perder relevância no mercado.
Em Portugal, a adoção de soluções de AMR (Autonomous Mobile Robots), por exemplo, está em crescimento e podem colocar o sector em patamares elevados de competitividade global.
Situação atual
O panorama da automação industrial em Portugal ainda está em desenvolvimento. Segundo dados da Federação Internacional de Robótica (IFR), o país tinha cerca de 64 robots industriais por cada 10 mil trabalhadores em 2021, um número significativamente inferior à média europeia de 119 robots, isto num universo onde a densidade média global de robots industriais atingiu um recorde de 162 unidades por cada 10 mil trabalhadores. A tendência aponta para um aumento na procura por soluções de automação, principalmente em sectores como o agroalimentar, logístico e de embalagens, onde a precisão e a velocidade são essenciais.
As empresas do grande consumo enfrentam desafios específicos, como a necessidade de lidar com fluxos de produção cada vez mais dinâmicos e a crescente personalização dos produtos. Essas exigências reforçam a urgência de implementação de robots colaborativos, sistemas de picking automatizados e veículos autónomos (AMR) para a movimentação interna de mercadorias.
Contudo, muitos empresários ainda veem a automação como um investimento de alto custo e com retorno incerto, subestimando os ganhos a médio e longo prazo. Essa perceção, aliada a uma lacuna na qualificação da força de trabalho para operar tecnologias avançadas, tem um direto efeito de atraso na sua implementação.
Projeções e benefícios
Olhando para os próximos anos, a transformação digital na indústria será inevitável. Estima-se que o mercado global de robótica atinja 74 mil milhões de euros até 2026, crescendo a uma taxa anual de 15%. Este crescimento será impulsionado por empresas que procuram mitigar os efeitos de crises globais, como as interrupções nas cadeias de abastecimento e a falta de mão de obra.
Em Portugal, espera-se que a integração da robótica, em especial dos AMR, no grande consumo seja uma alavanca para aumentar a produtividade, reduzir desperdícios e melhorar a eficiência energética. Estudos indicam que empresas que adotam automação podem aumentar a eficiência operacional em até 30% e reduzir os custos de produção em até 20%.
Além disso, os robots colaborativos (cobots), que trabalham em sinergia com os humanos, são particularmente promissores. Estes dispositivos não só otimizam tarefas repetitivas como também permitem redirecionar o capital humano para funções mais estratégicas e criativas, ampliando o valor agregado das operações.
Num cenário global cada vez mais competitivo, as empresas portuguesas não se podem dar ao luxo de ficar para trás. A adoção dos AMR, por exemplo, não deve ser vista como uma opção, mas como um dever estratégico. À medida que os consumidores exigem maior personalização, entregas rápidas e práticas sustentáveis, apenas empresas que dominam processos automatizados conseguirão responder a essas exigências.
O custo inicial pode parecer elevado, mas os benefícios de longo prazo — como uma maior flexibilidade, previsibilidade na produção e resiliência às flutuações do mercado — superam em muito os desafios iniciais. Além disso, a robotização é também ela uma resposta extremamente eficaz a processos não qualificados e repetitivos em áreas operacionais.
Conclusão
A transição para uma indústria automatizada e robotizada em Portugal é uma necessidade urgente e inevitável. As empresas que ignoram esta realidade colocam em risco a sua sobrevivência num mercado cada vez mais exigente e globalizado. O investimento em robótica é uma escolha estratégica que permitirá à indústria do grande consumo não apenas sobreviver, mas prosperar nos próximos anos.
Este é o momento de olhar para a automação 4.0 como uma oportunidade para inovar, crescer e liderar. Esta automação não é apenas uma oportunidade, mas uma necessidade estratégica para a indústria do grande consumo. Além de aumentar a eficiência operacional (redução de custos operacionais, maior velocidade, maior precisão), competitividade e sustentabilidade, posiciona as empresas portuguesas para se destacarem num mercado global. Empresas que investirem nessa transformação tecnológica estarão mais bem preparadas para atender às exigências do futuro e garantir a sua relevância no sector.