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2023 será caracterizado pela fadiga da informação e interesse em meios como o TikTok

Foto Shutterstock

2023 será um ano marcado pela preocupação com a sustentabilidade dos meios de comunicação social num contexto de inflação e redução de gastos, de mudança de poderes entre as redes sociais de primeira geração e as novas plataformas digitais, da fragmentação do público e da sobrecarga de informação e de inovações técnicas, como a inteligência artificial, que estão a abalar os fundamentos da comunicação. É assim que o Reuters Institute e a Universidade de Oxford definem o exercício em curso, no seu relatório “Journalism, Media, and Technology Trends and Predictions 2023”.

O relatório destaca um cenário de desafios profundos, éticos e tecnológicos, em que as editoras ou empresas ligadas à informação que não abraçaram totalmente o digital estarão em séria desvantagem. No entanto, salienta que os próximos anos não serão tão definidos pela rapidez com que se abraça o digital, mas pela forma como os conteúdos digitais são transformamos para corresponder às expectativas de um público em rápida mudança.

 

Fadiga informativa

Por conseguinte, a investigação indica que os editores têm muito menos confiança nas suas perspetivas de negócio, em comparação com o mesmo período do ano passado. Menos de metade (44%) diz estar confiante no seu desempenho nos próximos meses, enquanto 19% expressa pouca confiança.

As maiores preocupações prendem-se com o aumento dos custos, com a redução do interesse dos anunciantes e com a diminuição das subscrições. Mesmo os que estão otimistas esperam ver despedimentos e outras medidas de redução orçamental, durante este ano.

Para 72% dos inquiridos, nesta lista de preocupações, é também acrescentado o aumento da evasão noticiosa por parte dos leitores, especialmente em questões importantes, mas muitas vezes negativas, como o conflito na Ucrânia ou as alterações climáticas. Apenas 12% não está preocupado. De acordo com o relatório, os órgãos de comunicação social pretendem contrariar esta situação com mais conteúdo explicativo (94%), formatos de perguntas e respostas (87%) e histórias inspiradoras (66%), bem como com a produção de mais notícias positivas (48%).

Isto poderá constituir uma estratégia para ganhar subscritores, área em que os meios de comunicação vão investir em 2023 e que 80% disse que será uma das prioridades para as suas receitas, à frente da exposição e publicidade nativa. No entanto, apesar da redução dos gastos dos consumidores, 68% espera algum crescimento das receitas provenientes de assinaturas e outros conteúdos pagos.

 

Mudança de poderes nas redes

No que diz respeito às redes sociais, o relatório mostra uma mudança no interesse dos meios de comunicação social. As editoras vão prestar muito menos atenção ao Facebook e ao Twitter e, em vez disso, colocarão mais esforço no TikTok, Instagram e YouTube, redes que são populares entre os jovens. O maior interesse será concentrado no TikTok, refletindo o desejo de interagir com os sub-25 e experimentar a narrativa vertical de vídeo, apesar das preocupações em torno da monetização ou segurança de dados.

Especificamente, no que diz respeito à nova era do Twitter sob a direção de Elon Musk, 51% dos inquiridos acredita que a possível perda ou enfraquecimento da rede de microblogging seria mau para o jornalismo. Em relação às saídas da plataforma ou ao seu possível encerramento, o LinkedIn (42%) tornou-se a alternativa mais popular.

 

Alterações climáticas

O relatório dedica uma secção especial à cobertura do impacto das alterações climáticas, tema que ganhou força no debate social e nas estratégias empresariais. Assim, 49% dos meios de comunicação social diz ter criado uma equipa de especialistas em clima para reforçar a cobertura e 31% contratou mais pessoal. Por outro lado, 44% partilha que está a integrar dimensões do debate sobre o clima noutras áreas, como negócios e desporto, e 30% desenvolveu uma estratégia para as alterações climáticas.

A inovação também fará parte da agenda mediática e, nesta linha, mais recursos serão investidos em podcasts e áudio digital (72%), bem como em newsletters (69%). O foco está também nos formatos de vídeo digital (67%), provavelmente impulsionados pelo crescimento do TikTok. Apenas 4% indica investir no metaverso, do qual é deduzido um maior ceticismo sobre o seu potencial para o jornalismo.

Em vez disso, a inteligência artificial está também a ser integrada nos produtos de media como uma ferramenta para proporcionar experiências mais personalizadas aos leitores. 28% dos inquiridos partilha que esta solução é parte regular das suas atividades e 39% indica que tem vindo a realizar experiências nesta área

 

Valor do conteúdo fidedigno

“As empresas que já completaram a sua transição digital e têm fortes negócios de subscrição ou receitas diversificadas permanecem na melhor posição para enfrentar a tempestade, mas aquelas que dependem demasiado da impressão ou da publicidade têm alguns anos difíceis pela frente”, refere o documento.

Em conclusão, destaca-se que as novas tecnologias podem ser um grande aliado para os meios de comunicação social, quando se trata de adaptar os conteúdos às diferentes necessidades do público. No entanto, adverte que “o jornalismo terá de enfatizar as suas qualidades humanas e o seu historial de entrega de conteúdos fiáveis, para se destacar da inundação de meios automatizados e sintéticos que ameaçam sobrecarregar as audiências da Internet”.

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