Disrupção e incerteza são os dois conceitos que resumem o impacto da pandemia na distribuição e na indústria alimentar, segundo um estudo elaborado pela McKinsey e pelo Eurocommerce.
O relatório indica que as receitas foram positivamente afetadas pela pandemia. Durante o primeiro período de confinamento, em março de 2020, as vendas de alimentação na Europa aumentaram, em média, 20% e, no total do ano, cerca de 10%. Ao mesmo tempo, devido à pressão sobre as cadeias de abastecimento e à crescente necessidade de introduzir medidas de segurança adicionais, os custos aumentaram.
Do lado do consumidor, os hábitos de compra aumentaram, de acordo com a evolução dos confinamentos na Europa. Quanto maiores eram as restrições, mais se trocava de loja e mais se comprava online. De facto, 60% dos consumidores mudou de loja para se abastecer de produtos.
4 tendências
O estudo identifica quatro tendências que irão, então, marcas a indústria alimentar nos próximos anos. Como denominador comum têm o aumento da pressão sobre as margens, juntamente com a necessidade de satisfazer a crescente procura dos consumidores, a pressão sobre os preços e o crescimento do canal online. “A velocidade e a magnitude destas mudanças alterarão as regras e criarão novos ganhadores e perdedores. Os retalhistas de alimentação que tomem medidas eficazes para fazer face às grandes mudanças, como o crescimento do canal online ou o interesse dos consumidores por produtos saudáveis, têm uma oportunidade única para ganhar quota de mercado”, indica Sebastián Giménez, partner da McKinsey.
A primeira tendência revela que o estilo de vida impulsionará a procura de alimentos. Em 2021, 50% dos europeus prevê adaptar o seu gasto em alimentação para que se ajuste melhor ao seu estilo de vida, especialmente alimentos saudáveis (34%), locais (29%) e que respeitem o meio ambiente (23%).
Mas estas novas expectativas vão acompanhadas de uma maior procura por preços baixos. 26% dos consumidores na Europa declara querer poupar.
Primado do valor
A segunda tendência do estudo aponta o primado do valor. Durante a pandemia, os consumidores gastaram consideravelmente mais em produtos de alimentação, devido ao encerramento dos restaurantes e cantinas nos escritórios. Não obstante, espera-se que esta tendência se reverta e que os consumidores deem um maior impulso à poupança de dinheiro em comparação com 2020, como confirmado por 37% dos inquiridos na Europa.
De igual modo, 76% dos gestores no sector da distribuição destaca a mudança para produtos mais baratos e um aumento da sensibilidade ao preço como uma das tendências influentes para os próximos anos.
A terceira tendência reflete que o e-commerce se converteu em nuclear, já que é cada vez mais difícil ganhar quota de mercado sem apostar no online. Em 2020, o canal online cresceu na Europa 55%. O estudo indica que a aceleração das vendas pela Internet se mantenha no futuro, já que 50% dos consumidores que recorreu aos canais digitais durante a pandemia pretende continuar a comprar online.
Regresso da restauração
A quarta tendência do estudo refere-se ao regresso da restauração. Apesar do hábito de comer fora do lar ainda poderá demorar algum tempo a retornar aos níveis anteriores à crise, o estudo aponta o seu elevado crescimento uma vez que se aliviem as restrições, pelo que as lojas de alimentação perderão parte considerável dos seus gastos. Assim o prevê a maioria dos profissionais do sector, que acredita que a situação do mercado piorará em 2021 face a 2020.