Oiça este artigo aqui:
A Unilever deu mais um passo na sua transformação digital ao adotar tecnologia baseada em inteligência artificial (IA) para criar e gerir imagens de produto. A medida insere-se na estratégia GAP 2030, que visa otimizar processos criativos e operacionais em larga escala.
Segundo a empresa, a nova abordagem representa uma rutura com os métodos tradicionais de fotografia comercial, permitindo criar gémeos digitais (digital twins) dos produtos com o dobro da velocidade e a metade do custo, mantendo a consistência da marca em todos os canais.
Um único ficheiro para todas as variantes
Graças à integração da tecnologia Open Universal Scene Description (OpenUSD), a Unilever consegue produzir uma versão digital única de cada produto, incluindo todas as variantes, etiquetas, formatos de embalagem e idiomas, reunidos num único ficheiro compatível com todos os sistemas e fornecedores.
Este novo fluxo de trabalho reduz drasticamente a duplicação de conteúdos (de cinco versões para uma) e permite integrar a produção criativa em diferentes plataformas, como televisão, comércio digital e redes sociais. “Não se trata de gerar mais conteúdo, qualquer um pode fazer isso. Trata-se de começar com uma compreensão profunda das necessidades das pessoas, executando com criatividade e recorrendo a uma máquina de criação de conteúdos de alta qualidade, para gerar desejo à escala”, afirma Esi Eggleston Bracey, chief growth & marketing officer da Unilever.
Casos de sucesso e impacto na performance
A divisão Beauty & Wellbeing da Unilever, que inclui marcas como TRESemmé, Dove, Vaseline e Clear, tem sido uma das principais beneficiárias desta nova tecnologia. No caso da TRESemmé na Tailândia, a empresa registou uma redução de 87% nos custos de criação de conteúdos, a produção ao dobro da velocidade e o aumento de 5% na intenção de compra.
Estas melhorias estão a permitir que as equipas de marketing se concentrem em estratégias criativas mais robustas, em vez de processos operacionais repetitivos.
A Unilever revelou ainda que está a utilizar mais de 500 aplicações de IA em toda a sua operação global, com o objetivo de reduzir a complexidade dos processos e aumentar a procura pelas suas marcas. A aplicação dos gémeos digitais será, gradualmente, alargada a outras categorias. “Chamamos a isto criatividade à velocidade da vida”, conclui Esi Eggleston Bracey.
A iniciativa da Unilever reflete uma abordagem proativa na adoção de soluções inovadoras, alinhando-se com as tendências emergentes no mercado e reforçando a importância da IA na otimização de processos e na melhoria da experiência do consumidor. Estudos recentes destacam o impacto significativo da IA no retalho. Por exemplo, um relatório da Bain & Company revela que a adoção em larga escala de IA generativa pode aumentar as receitas dos retalhistas entre 5% e 10%, além de melhorar a produtividade das equipas em até 25%.
Contudo, apesar do entusiasmo crescente, a implementação eficaz da IA ainda enfrenta desafios. Apenas 17% das empresas afirma ter obtido um retorno significativo dos seus investimentos em IA, indicando a necessidade de estratégias bem delineadas para a sua integração.
Além disso, a perceção dos consumidores em relação à IA é mista. Embora a tecnologia esteja a transformar as experiências de compra, muitos consumidores não se apercebem da sua presença. Um estudo indica que a maioria dos compradores online nos Estados Unidos não distingue quando interage com sistemas baseados em IA, o que sugere uma oportunidade para as empresas educarem os seus clientes sobre os benefícios e funcionalidades destas tecnologias.