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Portugueses gastam menos em cada compra

Foto Shutterstock

O retalho português registou uma ligeira recuperação nos níveis de faturação nacional, que, apesar de ainda se encontrarem abaixo dos valores pré-pandemia (menos 8% face a 2019), subiram quatro pontos percentuais entre fevereiro e março. Contudo, apesar deste aumento, o ticket médio total de compra alcançou o valor mais baixo desde o início da pandemia. Os dados são do REDUNIQ Insights, relatório onde a REDUNIQ analisa as dinâmicas de consumo registadas pelos negócios portugueses desde o início da pandemia.

De acordo com este documento, a faturação estrangeira em Portugal continua a registar uma quebra acentuada (menos 76% em março face a 2019), tendência que se reflete nas restrições impostas nas deslocações de e para fora do território nacional.

Já de forma global, a faturação dos negócios portugueses registou, no passado mês, uma redução de 20% em comparação com os níveis anteriores à pandemia, sendo esta uma performance semelhante à de fevereiro de 2021 (-21%) e também a março de 2020 (-22%).

 

Menor gasto em cada compra

Apesar da tendência de crescimento de consumo nacional, que segue o gradual processo de desconfinamento, o REDUNIQ Insights revela que os portugueses estão a gastar menos em cada compra. Segundo os dados recolhidos pela REDUNIQ, o ticket médio está nos valores mais baixos de sempre desde o início de 2020, 32 euros, tendo o valor mais alto sido alcançado durante o primeiro confinamento geral, entre março e maio de 2020 (39,2 euros). “Desde o início da pandemia que os resultados de faturação têm variado consoante um conjunto de fatores, seja o confinamento, que leva ao encerramento de alguns estabelecimentos e, consequentemente, à redução do consumo, seja outras dinâmicas, como o início do processo de vacinação no país, que demonstrou um impacto positivo na retoma do consumo pelas famílias. Ainda assim, passado mais de um ano do início da pandemia, começamos a assistir a algumas dinâmicas que podem espelhar o real impacto da atual conjuntura socioeconómica, como é o caso dos valores médios de compra. Se, por um lado, podemos traduzir este cenário numa maior preocupação das famílias em poupar, face às dificuldades financeiras que podem vir a enfrentar, ou numa retoma à normalidade no momento de consumo – em que deixamos de sentir necessidade de fazer compras tão avultadas pelo receio de fim de stock ou por receio de contágio nos estabelecimentos –, por outro lado, pode já significar uma redução do poder de compra, sobretudo das classes mais baixas da sociedade, fator esse que revela a urgente necessidade de se apostar na literacia financeira, como forma de capacitar as famílias para uma maior resiliência face à atual”, comenta Tiago Oom, diretor da REDUNIQ.

 

Picos de faturação

O REDUNIQ Insights analisa ainda o impacto do desconfinamento nas diferentes categorias de negócios. O caso mais evidente de recuperação são os cabeleireiros, que, comparado com o dia 4 de janeiro (numa base de 100), teve um crescimento de faturação de 79% registado no primeiro dia do segundo desconfinamento (15 de março). Já o retalho alimentar tradicional e os hiper e supermercados registaram um pico de faturação durante o fim de semana de Páscoa, o que se justifica pelo aumento do consumo característico desta época.

O relatório compara também os números das primeiras semanas dos desconfinamentos de 2020 e 2021, análise da qual se concluiu uma melhoria tanto dos níveis de faturação, quanto dos pontos de venda ativos. Verifica-se que praticamente todas as categorias de negócio aumentaram a sua faturação neste novo desconfinamento, em relação ao desconfinamento anterior, com destaque para a saúde (183% face à semana de 3 a 9 de maio de 2020) e para a hotelaria e atividades turísticas (181% face à primeira semana de maio de 2020). Tiago Oom nota que, “apesar dos valores absolutos ainda muito baixos da hotelaria, este segundo desconfinamento demonstra sinais positivos na retoma do sector, sobretudo pela confiança do impacto do processo de vacinação na retoma do consumo turístico”.

Outra tendência está na preponderância para as pessoas comprarem no retalho alimentar tradicional ao invés de comprarem em hiper e supermercado. Comparando as terceiras semanas de desconfinamento de 2021 e 2020, o retalho alimentar tradicional apresentou um crescimento de 96% e os hiper e supermercados de 25%.

Já em relação à reabertura dos pontos de venda, as duas primeiras semanas de desconfinamento de 2021 registaram um aumento dos estabelecimentos a faturar em praticamente todas as categorias, face às primeiras semanas do primeiro desconfinamento, à exceção da moda.

 

Contactless

Outra das tendências assinaladas pelo relatório é o crescimento do contactless, que desde o início da pandemia tem vindo a evoluir exponencialmente e a tornar-se um hábito de pagamento de muito portugueses. Só em março, 42% dos pagamentos efetuados na rede de aceitação da REDUNIQ foram feitos através desta tecnologia, uma percentagem que contrasta com os 4% de janeiro de 2019 ou os 10% de janeiro de 2020. “Não há como negar a forma como o contactless se tornou uma alternativa fácil e segura para muitos portugueses. Mas, mais do que uma resposta à pandemia, o contactless é a perspetiva de um futuro dos pagamentos digitais cada vez mais procurado pelo consumidor, o que leva a uma necessidade do tecido empresarial português se dotar desta tecnologia nos seus negócios, de modo a responder às novas exigências dos seus consumidores”, conclui.

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