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Startups europeias valem em média 890 milhões de euros

O ecossistema europeu de startups tem vindo a experienciar uma aceleração no seu desenvolvimento, apesar dos desafios sistémicos que ainda se verificam, nomeadamente, de natureza regulatória e cultural.

O estudo “Winning formula: How Europe’s top tech start-ups get it right”, desenvolvido pela McKinsey & Company, revela uma perspetiva sobre a fórmula de sucesso das mil principais startups europeias, fundadas após o ano de 2000, em 33 países. Os resultados do estudo revelam que as startups europeias inquiridas valem, em média, 890 milhões de euros e, em conjunto, já receberam mais de 140 mil milhões de euros em financiamento. Estas empresas têm quase meio milhão de colaboradores e trabalham maioritariamente nas áreas de biotecnologia e saúde (24%), B2B Software as a Service (18%), fintechs (16%), e-commerce e consumidor (11%) e hardware (11%), entre outras.

Uma das principais conclusões do relatório destaca que as startups mais bem-sucedidas da Europa seguem um de quatro caminhos estratégicos, assentes no produto, “deep tech”, escala ou “network”. A análise da McKinsey sugere que cada uma destas estratégias requer diferentes fatores para garantir o sucesso.

 

Caminhos estratégicos

A maioria das startups apostam numa estratégia focada no produto (45%) e constituem normalmente fintechs ou B2B SaaS. Estas empresas são as que requerem um menor financiamento (145 milhões de euros, face a uma média de 164 milhões) e focam-se na adoção rápida de um produto inicial bem definido, apostando numa forte experiência de cliente. As funções de investigação e desenvolvimento, engenharia, gestão do produto e tecnologias da informação ganham uma relevância acrescida face a empresas que adotam outros caminhos estratégicos.

30% das empresas inquiridas recorre a uma estratégia centrada em “deep tech”. Estes “players” tendem a trabalhar na área da inteligência artificial, biotecnologia e saúde ou hardware, focando-se na investigação e desenvolvimento. São caracterizadas por terem, em média, um menor número de colaboradores (211 versus uma média de cerca de 488) do que outras startups, mas distinguem-se pela forte aposta na contratação de talentos, sendo 27% dos trabalhadores proveniente das mil melhores universidades internacionais.

14% das startups seguem uma estratégia assente na escala, o que significa que procuram um crescimento rápido das vendas. São frequentemente empresas de e-commerce, consumidor ou media. Tendem a ter um maior número de colaboradores (em média 890) e as funções comerciais assumem maior importância (42% dos colaboradores, em comparação com uma média de 33%) do que funções de desenvolvimento de produto. Nesse sentido, acabam por ter uma maior faturação (826 milhões de euros comparativamente à média de 277 milhões de euros).

11% das startups estudadas recorre a uma estratégia baseada em “network” e são frequentemente empresas de marketplace, mobilidade e social media. Têm, em média, mais colaboradores (982) e requerem mais financiamento (243 milhões de euros). Na maior parte dos casos, dependem fortemente de fusões e aquisições para se internacionalizarem e atingirem um mercado considerável. Para estas empresas, é fundamental conquistar mercados locais um a um, ao invés de tentar crescer globalmente, de uma só vez.

 

Ambiente desafiante

Sabemos que, historicamente, a Europa constitui um ambiente mais desafiante e com mais obstáculos ao sucesso das startups. Ainda assim, assistimos a uma rápida mudança neste panorama, com cada vez mais startups a serem criadas e a crescerem a um ritmo sem precedentes”, comenta José Pimenta da Gama, sócio sénior que lidera a área de Telecomunicações e Tecnologia da McKinsey na Península Ibérica. “Já em Portugal, e embora o ecossistema esteja ainda numa fase embrionária, o crescimento deste tipo de empresas tem sido notório, ao longo dos últimos anos. Portugal apresenta excelentes condições para se tornar um ‘terreno fértil’ em startups, podendo mesmo assumir um papel de liderança na Europa em termos de empreendedorismo. Detém talento jovem, disponibiliza políticas abertas ao investimento internacional e tem apostado fortemente na transição digital. Temos, aliás, vários exemplos de startups portuguesas com sucesso internacional a despertar o interesse dos investidores. Há muito espaço para evoluir e as perspetivas são positivas”, conclui José Pimenta da Gama.

 

Estatuto de unicórnio

A maioria das startups estudadas conquistaram o estatuto de unicórnio num período de 10 anos após a sua fundação. O estudo revela que as empresas que seguem estratégias baseadas em “network” e “deep tech” tendem a alcançar este marco mais cedo, enquanto uma parte significativa dos “players” que apostam em estratégias de escala (24%) e produto (31%) levam mais de 10 anos.

No que diz respeito ao financiamento, para atingirem uma avaliação de mil milhões, as empresas inquiridas necessitaram, em média, de 100 milhões a 200 milhões de euros. No entanto, este número difere significativamente consoante as estratégias adotadas. As startups que apostam em estratégias de “network” e “deep tech” exigem um valor de financiamento mais elevado, de aproximadamente 200 milhões de euros. Os “players” de escala e de produto requerem financiamento inferior (aproximadamente 80 milhões de euros e 160 milhões de euros, respetivamente).

A faturação necessária para chegar a unicórnio também varia de acordo com o caminho estratégico das startups. O estudo revela que as empresas que apostam numa estratégia assente na escala conseguiram aproximadamente 200 milhões de euros de receita, seguindo-se as que apostam em produto e “network”, com aproximadamente 50 milhões a 90 milhões de euros de lucro. As startups que seguem um caminho estratégico com foco em “deep tech” são as que apresentam os valores mais discrepantes, com cerca de oito milhões de euros de receita.

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