Os choques de abastecimento minaram a força da recuperação do comércio mundial de mercadorias, de acordo com o Barómetro do Comércio de Mercadorias da Organização Mundial do Comércio (OMC), que, no entanto, nota que a situação pode começar a mudar, à medida que as pressões na cadeia de abastecimento mostrem contenção.
Concretamente, a leitura atual de 98,7 pontos é inferior ao valor de referência do barómetro de 100 e está ligeiramente abaixo da leitura de novembro passado de 99,5, o que indica uma perda de dinamismo nas trocas comerciais no início de 2022, na sequência da forte recuperação dos volumes comerciais do ano passado.
No entanto, o índice também mostra sinais deter tocado o teto, sugerindo que o comércio de mercadorias poderá recuperar em breve, mesmo que se mantenha abaixo da tendência, no curto prazo.
Recuperação do comércio
Para além das contínuas perturbações na cadeia de abastecimento, a fraqueza do barómetro é, em parte, explicada pela introdução de restrições sanitárias para combater a variante Ómicron, que alguns países estão agora a eliminar. A flexibilização destas medidas poderá impulsionar o comércio, nos próximos meses, embora as futuras variantes de Covid-19 continuem a apresentar riscos para a atividade económica e o comércio.
No terceiro trimestre, o crescimento do volume do comércio de mercadorias desacelerou em 8,1%, relativamente ao período homólogo, devido aos efeitos de base (o comércio tinha começado a recuperar no segundo semestre de 2020). Uma vez disponibilizadas as estatísticas para o quarto trimestre, é provável que apresentem um crescimento ainda mais baixo face ao ano anterior, mesmo que o crescimento trimestral volte a ser positivo, acrescenta a OMC.
Em termos acumulados, o volume de negócios nos primeiros três trimestres de 2021 aumentou 11,9% face aos três primeiros trimestres de 2020. Isto está acima da previsão mais recente da OMC, de 10,8%, desde outubro passado, mas um crescimento mais lento no quarto trimestre deverá alinhar o aumento anual com a previsão.