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Portugal pode tornar-se o hub do “reshoring” da Europa

O recente estudo da JLL “Supply Chain Disruptions” mostra como os negócios estão a realocar os seus postos de produção nos países de origem das empresas (“reshoring”) para proteger os seus stocks. O posicionamento geográfico entre a Europa e os Estados Unidos pode beneficiar o mercado português.

As empresas europeias procuram na região de EMEA, que abrange a Europa, o Médio Oriente e África, uma alternativa à produção e abastecimento na Ucrânia e na Ásia, após meses de interrupção da cadeia de abastecimento, conforme concluiu o relatório.  O mesmo estudo revela que são várias as empresas que operam nos sectores do retalho e manufatura que já decidiram realocar parte ou totalidade da sua produção. Os dados internos da JLL mostram que os novos beneficiários europeus do “reshoring” são a Europa Central e a Roménia, com as fronteiras europeias da Turquia e Marrocos a estarem também no radar.

 

Reshoring

Esta tendência surge no seguimento da pandemia, que provocou uma quebra nas redes de distribuição e um grave estrangulamento nos portos e aeroportos, pelo que as empresas começaram a optar pelo “reshoring” como tentativa de solução para fazer face às interrupções nas cadeias de abastecimento. “Naturalmente, dois anos de uma pandemia global, seguidos do conflito Rússia-Ucrânia, têm consequências. Com toda a interrupção de abastecimento que estas duas situações causaram, as empresas perceberam que precisam de diversificar a produção para manter bons níveis de stock nos mercados europeus. Além disso, este estudo mostra que o cenário atual continua a ser de perturbações na cadeia de abastecimento e que esta é uma tendência que se manterá”, comenta Mariana Rosa, Head of Leasing Markets Advisory da JLL.

 

Corredores de distribuição

A JLL antecipa ainda que a escassez de terrenos e de mão-de-obra contribuirão para o aumento da procura na Europa Central, do mercado primário até ao secundário e terciário, estes estrategicamente localizados.

Dados do Flexport mostram que uma viagem média de contentores da Ásia para a Europa quase duplicou, desde 2019, enquanto a investigação da Buck Consultants International (BCI) confirma o mesmo que a JLL: mais de 60% das empresas americanas e europeias estão a planear alocar parte da sua produção de volta ao seu país de origem.

Considerando as redes de transporte atuais e os gateways logísticos, pode-se dizer que as mercadorias circularão, sobretudo, ao longo de dois corredores de distribuição: a tradicional Dorsal Europeia (do centro de Inglaterra ao norte de Itália) e a emergente “Black Sea Banana”, que liga Budapeste ao Mar Negro.

 

Portugal

Marlene Tavares, Head of Retail & Logistics Investment da JLL, explica que “a discussão sobre o nearshoring (quando as operações são movidas para um país próximo ao de origem, por oposição ao offshoring) não é recente. O aumento dos salários em localizações de produção de baixo custo e o crescente risco devido às alterações climáticas, greves e acidentes, como o bloqueio do Canal do Suez, alimentaram o debate sobre esta questão na última década. Contudo, uma relação custo/risco mais favorável e o facto de se terem perdido muitas infraestruturas de produção na Europa continuaram a garantir ao continente asiático a vantagem para a localização dos grandes hubs de distribuição e produção de uma vasta gama de produtos. Este cenário está agora a mudar, devido à recente conjuntura e também pelos novos hábitos de consumo. Neste contexto Portugal apresenta vantagens competitivas, ligadas ao seu posicionamento geográfico e demografia muito aliciantes que nos colocam numa posição de destaque na estratégia europeia de nearshoring”.

Na perspetiva das responsáveis, as alterações nas estratégias das empresas no que respeita a relocalização dos seus hubs de produção e distribuição para mais perto do consumidor europeu podem beneficiar o mercado português, que dispõe de um posicionamento geográfico estratégico na ligação entre o continente europeu e o continente americano. O imobiliário deste segmento poderá ser alvo de um forte aumento de procura para ocupação e investimento.

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