in

OMC defende uma cadeia de abastecimento alargada e mais diversificada para se tornar mais resistente às crises

Ngozi Okonjo-Iweala

Durante a conferência Global Supply Chains Forum: Easing Supply Chain Bottlenecks for a Sustainable Future, organizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala salientou que a rede de países que compõem a cadeia de abastecimento global deverá ser alargada para que esta se torne mais resiliente

A diretora geral da OMC defendeu que é necessário alcançar uma maior rede global e diversificar as rotas de transporte. Tornando o sector mais diversificado, fará com que seja mais resistente a perturbações como as que foram causadas pela pandemia de Covid-19 ou o conflito na Ucrânia.

 

Perturbações

A pandemia tem causado pressões contínuas na oferta e na procura, levando ao congestionamento dos portos, a engarrafamentos marítimos, ao aumento da inflação e das taxas de frete e à escassez, fatores que estão a perturbar o comércio global. O conflito na Ucrânia também está a provocar uma grave perturbação das cadeias de abastecimento, nomeadamente, nos cereais, metais e produtos energéticos.

É evidente que equipar as infraestruturas da cadeia de abastecimento, para fazer face a mudanças repentinas, exige ação e investimento, tanto público como privado”, salientou Ngozi Okonjo-Iweala. “O sistema atual não foi concebido com base num cenário onde um desastre climático pode interromper as operações fabris em todo o mundo, ou um vírus microscópico pode elevar o movimento de bens, serviços e pessoas, quase de um dia para o outro“, acrescentou.

Segundo a diretora geral da OMC, ainda antes do surgimento da atual crise – a guerra na Ucrânia – as perturbações na cadeia de abastecimento, desencadeadas pela pandemia, e a elevada procura de bens estavam já a pesar no comércio global, no crescimento económico e na estabilidade dos preços. “Digo sempre que o sistema comercial global do século XXI precisa de entregar às pessoas em todo o mundo“, afirmou Ngozi Okonjo-Iweala. “Fazer as cadeias de abastecimento funcionarem melhor é parte desse esforço”.

 

Riscos

As perturbações da cadeia de abastecimento põem em risco o fluxo de mercadorias em todo o mundo e pesam negativamente na recuperação económica pós-pandemia, em particular nos países pobres. A diretora geral da OMC observou que a crise da cadeia de abastecimento atingiu, particularmente, as empresas mais pequenas, dadas as suas margens mais estreitas e recursos financeiros mais limitados. “Os países pobres, as pequenas e vulneráveis economias e os países em desenvolvimento sem litoral correm o risco de serem empurrados para fora das cadeias de valor globais “, acrescentou.

Bud Darr, vice-presidente executivo da Mediterranean Shipping Company (MSC), uma das maiores companhias de navegação do mundo, alertou que ainda há filas em vários portos em todo o mundo. O gestor salientou que, antes da pandemia, o sector tinha entrado num período de grande tensão, com margens cada vez mais apertadas, o que implicou que tivesse de enfrentar a pandemia com “muito pouca margem de manobra“. “Agora, por mais que adicionemos mais contentores à circulação, só estamos a engordar estes estrangulamentos nos portos“.

Por seu turno, Clemence Cheng, diretor geral para a Europa da Hutchison Ports, um operador portuário que abrange 26 países, sublinhou que a melhoria das infraestruturas portuárias, uma reforma necessária para criar um sector resiliente a crises, demorará anos e implicará um elevado volume de investimento. “Em muitos casos, não podemos mover a mercadoria para pequenos portos, para evitar os congestionamentos, uma vez que estes portos secundários não têm infraestruturas para lidar com este tipo de desembarques”.

 

Investimentos

No entender dos vários participantes, um investimento mais amplo e profundo na tecnologia digital – incluindo Blockchain e robótica – é a chave para reduzir o congestionamento global da cadeia de fornecimento. A diversificação dos mercados e do investimento – público e privado – está entre os instrumentos apresentados. “Se queremos resiliência, temos de garantir o acesso às competências, mas também às plataformas digitais“, disse John Denton, secretário-geral da Câmara de Comércio Internacional. “Isso também significa que temos de fazer algumas reformas ousadas em termos de economia digital“.

Muitos participantes salientaram, ainda, que todos os parceiros da cadeia global de abastecimento terão de trabalhar em conjunto para garantir esforços bem-sucedidos de descarbonização.

No encerramento do evento, o diretor-geral adjunto da OMC, Jean-Marie Paugam, afirmou que “nenhuma cadeia de abastecimento poderá funcionar adequadamente sem um sistema global de regras comerciais previsíveis e facilitadoras, como o que a OMC opera. Mas estas regras, por si só, não podem fazer nada pelo comércio se as cadeias de abastecimento estiverem a ser fisicamente interrompidas. Todos os constituintes do sistema comercial mundial – do sector privado aos governos, autoridades reguladoras e as organizações internacionais – devem agora desempenhar o seu papel“.

Coca-Cola-Starlight

Coca-Cola apresenta a sua nova plataforma de inovação com uma versão do refrigerante inspirado no espaço

guerra ucrânia

Guerra na Ucrânia com impacto no grande consumo europeu