China
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Offline ganha relevância na China no contexto de estancamento do digital

Nos últimos anos, o comércio eletrónico na China experienciou uma transformação monumental, emergindo como o maior mercado do mundo. No entanto, sinais recentes de estagnação, impulsionados por uma saturação do mercado e mudanças nas preferências dos consumidores, estão a redirecionar os esforços das empresas para os canais offline.

Este movimento representa uma evolução significativa para a dinâmica do retalho chinês, misturando eficiência digital com experiências tradicionais.

 

Mudanças no consumo

A pandemia trouxe desafios para o retalho físico, comas  grandes cadeias de supermercados a reportarem quedas em 2023. Apesar disso, o mercado offline está a recuperar, alimentado por investimentos estratégico, descreve a E-commerce News. Por exemplo, a JD.com, uma das maiores plataformas de e-commerce, iniciou a expansão de lojas físicas denominadas Supermarket, que combinam tecnologia digital com uma experiência de compra mais tangível. Esta estratégia reforça a entrega imediata e conecta os consumidores com ofertas personalizadas, elevando o padrão de conveniência.

O “livestreaming”, que desempenhou um papel crucial na ascensão do e-commerce, também está a transformar o mercado físico. Influenciadores chineses, como Li Jiaqi e Xinba, começaram a expandir os seus negócios para lojas físicas. Xinba, um dos maiores “streamers” da China, inaugurou lojas em Guangzhou para promover produtos populares apresentados nos seus “streams”. Estas iniciativas exploram a lealdade das audiências digitais, traduzindo-a em vendas offline, uma tendência que destaca a convergência entre os dois mundos.

 

Omnicanalidade

Com a concorrência a intensificar-se, as empresas estão a adotar modelos omnicanais que integram online e offline. A JD.com, por exemplo, está a promover uma estratégia que combina e-commerce com entregas instantâneas e operações físicas. Este modelo híbrido permite que os consumidores tenham a flexibilidade de comprar online e recolher em lojas físicas ou receber em casa rapidamente. Esta integração é essencial para atender às novas expectativas do consumidor moderno, que valoriza tanto a conveniência do digital quanto a experiência do físico.

São vários os fatores que conduzem à mudança. Com a maioria da população chinesa já conectada ao e-commerce, o crescimento adicional é limitado. As empresas estão, assim, a explorar canais alternativos para aumentar receitas.

Ao mesmo tempo, os consumidores estão a procurar experiências mais completas e imersivas, algo que o retalho físico pode oferecer melhor, do mesmo modo que os “streamers” populares estão a moldar o comportamento de consumo e a diversificar os seus modelos de negócios, inspirando uma nova dinâmica no mercado de retalho.

A combinação de tecnologia avançada com modelos de logística eficientes, como entregas rápidas, está também a tornar o offline mais atrativo para consumidores e empresas.

 

Perspetivas para o futuro

O movimento em direção ao offline na China não significa o fim do comércio eletrónico, mas uma evolução. As empresas estão a perceber que a combinação de estratégias digitais e físicas pode ser uma abordagem mais sustentável para garantir o crescimento e a retenção de clientes. O mercado chinês está, portanto, a tornar-se um laboratório global de inovação em retalho, onde as melhores práticas emergem da intersecção entre o digital e o físico.

Este cenário cria oportunidades para a replicação de modelos na Europa e noutros mercados, que podem observar e adaptar estas tendências.

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Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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