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Com mais de 70 anos de experiência, a CHEP revolucionou as cadeias de abastecimento, adotando o modelo de “partilha e reutilização” muito antes de a economia circular se tornar um conceito amplamente reconhecido. Este compromisso com a sustentabilidade é evidenciado pela constante inovação da empresa nas suas operações, como a reparação e reutilização de paletes e contentores, que não só diminui a quantidade de resíduos e o uso de madeira, mas também as emissões de CO2, contribuindo significativamente para as metas ambientais dos seus clientes. Mas a CHEP não se limita a otimizar o uso de paletes e contentores, refere Ana Paula Sardinha, Country Manager da CHEP Portugal, em entrevista à Grande Consumo. A CHEP procura incessantemente novas formas de colaboração e eficiência, por exemplo, através de Soluções de Transporte Colaborativo, que visam eliminar os quilómetros vazios, reduzir custos e complexidades, e acelerar todos os aspetos da logística.
Grande Consumo – Quais são os principais passos que a CHEP está a dar no sentido de alcançar os seus objetivos de sustentabilidade?
Ana Paula Sardinha – A Brambles, empresa-mãe da CHEP, definiu, em 2020, um plano estratégico a cinco anos onde consta um conjunto de objetivos ESG bastante ambiciosos que pretendem fazer evoluir a relação da marca para com o Planeta de “melhor” para “positivo”, ou seja, reduzir o impacto negativo e criar um impacto positivo. Este objetivos de sustentabilidade da CHEP estão perfeitamente alinhados com os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável 2030, estando delineados segundo três grandes áreas: Planeta Positivo; Negócio Positivo e Comunidades Positivas.
No que respeita ao “Planeta Positivo”, e tal como o nome indica, a nossa ambição passa por sermos positivos para a natureza indo além do desperdício zero e removendo mais carbono do que aquele que produzimos. Por outras palavras, queremos que o nosso negócio se torne regenerativo e com impacto benéfico. Por conseguinte, este objetivo inclui metas relacionadas com a silvicultura, as alterações climáticas e os resíduos. Por exemplo, no que diz respeito à silvicultura, o nosso objetivo para 2025 é permitir o crescimento sustentável de duas árvores por cada árvore que utilizamos na produção das nossas paletes, reduzindo assim não só a desflorestação, mas também contribuindo para a reflorestação e a florestação.
Outro exemplo em que estamos a aplicar esta abordagem regenerativa é nos nossos produtos. O nosso objetivo é conceber produtos que integrem a sustentabilidade e a redução de resíduos desde as fases iniciais e, em última análise, aproveitar os resíduos de consumo que, de outra forma, acabariam em aterros para produzir paletes 100% circulares e sustentáveis.
No que respeito ao Negócio positivo, pretendemos melhorar o nosso modelo circular todos os anos, aumentando os benefícios ambientais nas cadeias de abastecimento dos nossos clientes. Este objetivo inclui a expansão das colaborações com os nossos clientes em todo o mundo, bem como um conjunto de iniciativas para melhorar a saúde, segurança e bem-estar dos nossos colaboradores.
Por fim, o nosso programa Comunidades Positivas irá construir comunidades resilientes, promover a circularidade e ter em conta as ligações entre a sociedade, a economia e a natureza. Este objetivo inclui o nosso programa de voluntariado e o nosso objetivo de defender, educar e impactar um milhão de pessoas para que se tornem agentes de mudança da economia circular.
GC – Como está a CHEP a adaptar as suas iniciativas de sustentabilidade para atender às necessidades e regulamentos locais em diferentes regiões?
APS – Desde logo, a necessidade de diminuir a utilização de matérias-primas é transversal a todas as regiões onde a CHEP opera, pelo que o modelo de economia circular que nos caracteriza é a principal iniciativa de sustentabilidade que podemos oferecer. Porém, e a adaptação a necessidades e regulamentos locais diferem, sendo quase mandatória a colaboração com diferentes parceiros, ao longo das cadeias de abastecimento, como por exemplo a GS1 Portugal. A CHEP tem certificações e conformidade com padrões internacionais, nomeadamente a ISSO 14001 para sistemas de gestão ambiental, podendo obter certificações específicas de acordo com as exigências regionais.
A par da regulamentação, utilizamos a tecnologia para adaptar os produtos necessários a diferentes mercados. A nova paleta 600 x 400, 100%, denominada Q+, fabricado com resíduos de plástico pós-consumo é um exemplo desta contínua adaptação e resposta a diferentes regiões.
Por outro lado, o nosso Programa de Transporte Colaborativo permite uma otimização das rotas de transporte para minimizar o consumo de combustível. Este Programa é ajustado para cumprir com os requisitos de emissões locais, como normas da União Europeia para a redução de gases com efeito de estufa.
Em termos de Responsabilidade Social Empresarial, a CHEP está envolvida em projetos locais que promovem a sustentabilidade e o desenvolvimento comunitário nas regiões e países onde opera, por exemplo, através do nosso programa de voluntariado, que permite que os nossos colaboradores tirem três dias úteis para realizar diferentes atividades de caridade com organizações locais sem fins lucrativos com as quais temos parcerias.
Ao partilhar, reparar e reutilizar constantemente as nossas paletes e contentores, estamos a contribuir para a redução dos resíduos, da madeira e das emissões de CO2 nas cadeias de abastecimento dos nossos clientes. E, no entanto, estamos sempre a esforçar-nos por encontrar novas formas de colaboração
GC – Como é que a CHEP monitoriza e mede o impacto ambiental das suas operações logísticas? Quais são os indicadores-chave de desempenho (KPIs) que a CHEP utiliza para medir o progresso em direção às suas metas de sustentabilidade?
APS – O nosso impacto ambiental é medido e publicado no Relatório de Sustentabilidade Anual da Brambles. Esta análise partilha o nosso desempenho em relação aos objetivos de sustentabilidade para 2025 e reflete sobre a nossa estratégia regenerativa. A Brambles utiliza os serviços da KPMG Limited para fornecer uma garantia limitada sobre os principais elementos da nossa análise.
Na área ambiental (incluída nos nossos objetivos “Planeta Positivo”), são utilizados os seguintes indicadores-chave de desempenho: madeira proveniente de fontes sustentáveis; número de árvores replantadas; neutralidade de carbono nos âmbitos um e dois, e desempenho em relação a objetivos de base científica nos três âmbitos; eletricidade proveniente de fontes renováveis; número de plataformas de nova geração com conteúdo reciclado; total de material plástico reciclado adquirido; percentagem de fábricas que desviam os resíduos de produtos dos aterros.
As poupanças ambientais das nossas paletes são sempre calculadas através de uma análise do ciclo de vida (LCA), um instrumento de medição independente que mede a pegada ecológica dos nossos clientes em termos de consumo de madeira (para paletes de madeira), resíduos ou emissões de CO2 associadas à utilização de paletes CHEP reutilizáveis em comparação com alternativas descartáveis. O cálculo tem por base um período específico e é efetuado de acordo com as normas ISO 14040 e 14044, que fornecem uma metodologia abrangente e normalizada.
GC – De que forma é que a empresa integra os princípios de economia circular na sua cadeia de abastecimento?
APS – Começaria por dizer que o modelo de “partilha e reutilização” da CHEP é intrinsecamente sustentável. Estamos a contribuir para a eficiência ecológica das cadeias de abastecimento desde a nossa criação, há mais de 70 anos, quando o conceito de “economia circular” ainda nem sequer existia. Neste sistema, os materiais são mantidos em ciclos de utilização contínua, reduzindo a extração de recursos, bem como o seu desperdício, melhorando assim a sustentabilidade das operações logísticas.
Ao partilhar, reparar e reutilizar constantemente as nossas paletes e contentores, estamos a contribuir para a redução dos resíduos, da madeira e das emissões de CO2 nas cadeias de abastecimento dos nossos clientes. E, no entanto, estamos sempre a esforçar-nos por encontrar novas formas de colaboração, indo além das nossas paletes e oferecendo serviços como as Soluções de Transporte Colaborativo para eliminar quilómetros vazios, reduzir custos e complexidade e acelerar cada parte da componente logística, tornando-a de facto mais eficiente, tanto operacional como ecologicamente.
Este é um exemplo claro de economia circular, e é o que torna a CHEP uma das empresas mais sustentáveis do mundo.
GC – Como é que as empresas podem adaptar as suas cadeias de abastecimento para apoiar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2030?
APS – Existem muitas iniciativas e gestos diferentes que as empresas podem implementar em cada etapa da sua cadeia de abastecimento para reduzir a sua pegada ambiental, começando por escolher uma forma sustentável de transportar as suas mercadorias. A este respeito, a adoção de modelos de pooling ou de aluguer de paletes e contentores, por oposição a alternativas de utilização única, é definitivamente uma das formas de contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2030.
Um exemplo disso é o modelo de negócio da CHEP, que consiste num sistema de aluguer que estipula a partilha e reutilização de paletes e contentores por parte de produtores e distribuidores ao longo da cadeia de abastecimento, num modelo inerentemente circular.
Deste modo, os materiais são mantidos em ciclos de utilização contínua, reduzindo a extração de recursos, os resíduos e as emissões de CO2, melhorando assim a sustentabilidade das operações logísticas. Nesta abordagem, o utilizador de paletes pode concentrar-se no seu negócio principal, deixando a gestão end to end das paletes (entrega, transporte, recolha, inspeção e reparação) para a empresa de pooling de paletes.
Escusado será dizer que o transporte rodoviário é, sem dúvida, um dos maiores contribuintes para as emissões de carbono na cadeia de abastecimento. Por conseguinte, qualquer iniciativa ou medida destinada a reduzir os quilómetros percorridos ou a otimizar as cargas dos camiões representa um passo importante na descarbonização da cadeia de abastecimento e, por conseguinte, na realização dos ODS. Um exemplo disto é o transporte colaborativo: ao partilhar camiões com outros parceiros eliminamos os quilómetros vazios, reduzimos os custos e a complexidade e aceleramos todas as partes da componente logística, tornando-a verdadeiramente mais eficiente, tanto a nível operacional como ecológico.
Como parte dos nossos objetivos para 2025, iremos expandir as colaborações com os nossos clientes em todas as regiões através da nossa iniciativa Zero Waste World, duplicando-as de 250 para 500, tornando assim as redes de transporte mais eficientes
GC – A CHEP colabora com fornecedores e parceiros para alcançar metas de sustentabilidade conjuntas?
APS – Claro que sim! É de facto isso que nos define! Os nossos produtos são intrinsecamente sustentáveis, mas isso não significaria nada se os nossos clientes não os utilizassem.
Para cada cliente que utiliza as nossas paletes e contentores, utilizamos uma análise do ciclo de vida (LCA) independente para medir a sua pegada ecológica em termos de consumo de madeira (para paletes de madeira), resíduos ou emissões de CO2 associadas à utilização de paletes reutilizáveis da CHEP em comparação com alternativas descartáveis. Quando as poupanças são consideráveis, a CHEP atribui aos nossos clientes um certificado de sustentabilidade.
Ao mesmo tempo, convidamos os nossos parceiros a aderir ao programa Carbono Neutro da CHEP para compensar as restantes emissões das suas operações. E também oferecemos Soluções de Transporte Colaborativo: através da utilização inteligente dos dados que recolhemos dos nossos clientes podemos identificar sinergias com os nossos clientes e entre eles de modo a serem partilhados rotas ou camiões, reduzindo assim os quilómetros vazios e as emissões de carbono.
Só no ano passado, ajudámos os nossos clientes a pouparem 1,9 milhões de toneladas de CO2, 4.270 milhões de litros de água, 3,1 milhões de metros cúbicos de madeira, 3 milhões de árvores e 1,2 milhões de toneladas de resíduos.
Como parte dos nossos objetivos para 2025, iremos expandir as colaborações com os nossos clientes em todas as regiões através da nossa iniciativa Zero Waste World, duplicando-as de 250 para 500, tornando assim as redes de transporte mais eficientes.
GC – Quais são as principais barreiras e oportunidades que as empresas enfrentam ao tentar tornar suas cadeias de abastecimento mais sustentáveis?
APS – A integração de práticas sustentáveis nas cadeias de abastecimento das empresas oferece um conjunto de oportunidades. Desde logo, permite uma vantagem competitiva, uma vez que aumenta a reputação da marca, o que muitas vezes leva à fidelização dos clientes. Também aumenta o envolvimento das partes interessadas e a colaboração com outras empresas, ONG, comunidades locais e governos.
Além disso, a adoção de práticas sustentáveis pode ajudar as empresas a manter a conformidade regulamentar e a evitar sanções.
No que diz respeito à preservação do planeta, o sistema de pooling significa um maior número de utilizações para cada palete, menos árvores abatidas e uma maior redução das emissões de CO2, apresentando-se como uma alternativa mais sustentável e eficiente para as cadeias de abastecimento, como o exemplo máximo da economia circular.
Porém, a adaptação das cadeias de abastecimento a uma estratégia de sustentabilidade pressupõe alguns desafios como custos e restrições financeiras. As práticas sustentáveis exigem, por vezes, investimentos iniciais em tecnologia, infra-estruturas e formação. No entanto, numa perspetiva de mais longo prazo, as práticas sustentáveis conduzem frequentemente a uma utilização mais eficiente dos recursos, reduzindo os desperdícios e os custos a longo prazo.
Por outro lado, as grandes cadeias de abastecimento envolvem numerosos intervenientes, o que torna complexa a implementação e monitorização consistente de práticas sustentáveis.
A estes podem-se acrescentar outros como a falta de padronização existente, a potencial resistência à mudança ou limitações tecnológicas que estão ainda a ser desenvolvidas para maximizar o potencial no que à sustentabilidade diz respeito.
GC – E quais são os desafios específicos que a CHEP enfrenta enquanto especialista em pooling na implementação de medidas mais verdes?
APS – A proteção da propriedade legal das paletes em pool é um desafio constante num mundo globalizado que exige a adoção de estratégias eficazes e o investimento em medidas de proteção – o que, em conjunto, tem permitido à CHEP posicionar-se de forma robusta no mercado e aumentar a confiança junto dos nossos clientes. No nosso caso, ao longo do último ano, a CHEP reforçou as suas equipas de proteção de ativos em toda a Europa, com o objetivo de sensibilizar e educar o mercado, bem como apoiar o desenvolvimento de ações legais para combater as más práticas e a má utilização dos equipamentos.
GC – Como a CHEP avalia o ciclo de vida dos seus produtos para garantir uma pegada ambiental mínima?
APS – As poupanças ambientais das nossas paletes são sempre calculadas através de uma análise do ciclo de vida (LCA), um instrumento de medição independente que mede a pegada ecológica dos nossos clientes em termos de consumo de madeira (para paletes de madeira), resíduos ou emissões de CO2 associadas à utilização de paletes CHEP reutilizáveis em comparação com alternativas descartáveis. O cálculo tem por base um período específico e é efetuado de acordo com as normas ISO 14040 e 14044, que fornecem uma metodologia abrangente e normalizada.
GC – Quais são algumas das melhores práticas ou exemplos de sucesso na implementação de cadeias de abastecimento sustentáveis?
APS – A integração da tecnologia nas operações da CHEP tem sido uma das práticas de maior sucesso na nossa empresa, com impacto positivo para as cadeias de abastecimento dos nossos clientes.
A título de exemplo, utilizamos análises avançadas de dados para identificar sinergias de transporte com os clientes e entre eles, otimizando o espaço de carga e reduzindo as emissões de carbono ou incentivando a sua colaboração.
GC – Que iniciativas a CHEP tem em curso para reduzir as emissões de carbono na sua rede logística?
APS – O nosso compromisso com um futuro climático de 1,5°C é uma força motriz essencial por detrás dos nossos objetivos de sustentabilidade para 2025. Como parte deste compromisso, estamos empenhados em atingir emissões líquidas zero de gases com efeito de estufa até 2040, ou seja, dez anos antes dos objetivos do Acordo de Paris sobre o Clima.
As nossas ambições de descarbonização assentam num roteiro sólido que inclui: metas baseadas na ciência para 2030: Redução de 42% nas emissões de âmbito 1 e 2 e redução de 17% nas emissões absolutas de âmbito 3 (em relação aos níveis de 2020). O objetivo de emissões líquidas nulas das emissões de âmbito 1, 2 e 3 relevantes da empresa até 2040.
Para gerir este desafio de forma eficaz, criámos uma função dedicada à descarbonização integrada na organização da cadeia de abastecimento. Trabalhando com partes interessadas internas e externas através de iniciativas multifuncionais, a equipa identificou as alavancas de descarbonização à nossa disposição, mas também os principais facilitadores que nos permitirão atingir os nossos objetivos.
Concentrar-nos-emos em três áreas principais de desenvolvimento: operações (detidas diretamente e subcontratadas), logística e aquisições diretas. Algumas das principais alavancas para estas áreas incluem: maximizar a recuperação e a reutilização das nossas paletes e contentores para reforçar o modelo circular da empresa; eletricidade renovável para alimentar as nossas instalações próprias e subcontratadas; otimização das instalações e da logística, incluindo a redução dos corredores vazios e a maximização das cargas dos camiões; possibilitar a implantação de combustíveis alternativos e tecnologias de transporte com emissões zero (elétrico, hidrogénio); um programa de envolvimento dos fornecedores para os apoiar na contabilização do carbono e na definição de objetivos; reduzir o volume de resíduos e desviá-los dos aterros; explorar as oportunidades de redução de carbono, incluindo soluções naturais e técnicas.
GC – E quais são as estratégias para reduzir o desperdício e melhorar a reciclagem de materiais?
APS – As nossas ambições regenerativas procuram alargar a nossa filosofia circular para além das fronteiras da nossa empresa, abrangendo os nossos principais fornecedores e abordando questões ambientais críticas como os resíduos de plástico.
Um dos nossos objetivos para 2025 é atingir zero materiais de produtos enviados para aterros, para todos os nossos locais próprios e subcontratados, bem como inovar mais produtos de ciclo fechado, aspirando a utilizar 30% de resíduos plásticos reciclados ou reciclados.
Um exemplo deste último é a nova palete Q+ Display, fabricada inteiramente a partir de resíduos de plástico pós-consumo: 70% do material é derivado de polipropileno reciclado e os restantes 30% provêm de paletes de sala CHEP danificadas que são recicladas no final da sua vida útil no mercado retalhista.
Outro exemplo é o novo contentor dobrável ZirConic, uma inovação muito aguardada no segmento dos equipamentos de “partilha e reutilização” para produtos secos, fabricado com 97% de resíduos plásticos pós-consumo.
Um exemplo deste último é a nova palete Q+ Display, fabricada inteiramente a partir de resíduos de plástico pós-consumo: 70% do material é derivado de polipropileno reciclado e os restantes 30% provêm de paletes de sala CHEP danificadas que são recicladas no final da sua vida útil no mercado retalhista
GC – Como é que a inovação pode ajudar a melhorar a eficiência e a sustentabilidade da cadeia de abastecimento? Que tecnologias emergentes a CHEP vê como mais promissoras para otimizar a sustentabilidade na logística?
APS – De facto, a inovação tem-se revelado um aliado fundamental da sustentabilidade. A chave para gerir o binómio sustentabilidade-digitalização é incluir ambos nos planos estratégicos das empresas com uma visão holística. Não se pode pensar em planos apenas de sustentabilidade ou digitalização separadamente, mas, trabalhando em conjunto, estabelecer-se-ão sinergias que contribuirão para tornar as empresas muito mais eficientes, inovadoras e sustentáveis.
Nos últimos anos, a automatização dos processos de inspeção e reparação da CHEP em todos os nossos centros de serviço resultou, por exemplo, em ganhos notáveis não só em termos de eficiência, mas também em termos de garantia de uma melhor qualidade e de um ciclo de vida mais longo das nossas paletes, reduzindo assim a necessidade de recursos naturais e de resíduos.
Ao mesmo tempo, a adoção de tecnologias como dispositivos de rastreio e localização nas paletes ou algoritmos inteligentes para gerir os grandes volumes de dados recolhidos diariamente pela CHEP, ajudam a melhorar a eficiência operacional e proporcionam maiores poupanças de custos e uma melhor experiência do cliente.
Olhando para os próximos anos, a IoT destacar-se-á como uma tecnologia promissora para a otimização da cadeia de abastecimento, tal como a IA e a machine learning.
Além disso, a análise de grandes volumes de dados continuará a ser essencial para otimizar as cadeias de abastecimento e acompanhar as métricas de sustentabilidade, ao mesmo tempo que vemos os drones e a robótica a melhorarem as operações de entrega e de armazenamento.
Nos últimos anos, a automatização dos processos de inspeção e reparação da CHEP em todos os nossos centros de serviço resultou, por exemplo, em ganhos notáveis não só em termos de eficiência, mas também em termos de garantia de uma melhor qualidade e de um ciclo de vida mais longo das nossas paletes, reduzindo assim a necessidade de recursos naturais e de resíduos
GC – De que forma assegura a transparência e a rastreabilidade ao longo de toda a cadeia de abastecimento?
APS – A CHEP oferece um sistema Track & Trace para rastrear dispositivos e evitar a sua perda ao longo das cadeias de abastecimento. Estes dispositivos permitem aceder a informações como a localização e o estado das paletes e contentores à medida que se deslocam ao longo da cadeia de abastecimento.
Além disso, mantemos uma comunicação constante com os nossos clientes através do nosso portal de clientes myCHEP, para garantir o controlo das paletes da CHEP que estão a ser utilizadas, onde e quando devem ser recolhidas.
GC – Quais são as expectativas da CHEP em relação à expansão do mercado de soluções de pooling ecológicas?
APS – Acreditamos que existe uma procura cada vez mais evidente por soluções mais sustentáveis, também devido à regulamentação internacional e às normas estabelecidas para atingir os Objetivos de Sustentabilidade 2030. Neste sentido, estamos constantemente a procurar melhorar a nossa oferta para que esta se adapte às necessidades emergentes e facilite a integração de novos clientes em soluções mais sustentáveis.
GC – De que forma a CHEP prevê a mudança nas exigências de sustentabilidade dos seus clientes para o ano seguinte?
APS – Ao longo dos anos, tem-se registado uma procura crescente por parte dos nossos clientes em termos de soluções sustentáveis.
No próximo ano, as empresas procurarão transparência e rastreabilidade nas suas cadeias de abastecimento e soluções de embalagem mais sustentáveis, reduzindo os plásticos de utilização única e aumentando a utilização de materiais recicláveis. As práticas de economia circular tornar-se-ão mais comuns, com destaque para a reciclagem, a reutilização e o aprovisionamento local para minimizar o impacto ambiental. Prevemos também um impulso no sentido da neutralidade do carbono, das energias renováveis e dos produtos de conceção ecológica, a par de uma maior conformidade regulamentar e de relatórios de sustentabilidade.
Os consumidores vão desempenhar um papel crucial nesta mudança, à medida que as empresas se empenham em campanhas educativas e oferecem incentivos para comportamentos sustentáveis. As marcas irão inovar para criar produtos sustentáveis e a colaboração dentro do sector será a chave para enfrentar os desafios comuns. De um modo geral, o sector terá de equilibrar a gestão ambiental com a viabilidade económica, adaptando-se rapidamente a novas regulamentações e às expectativas dos consumidores para um futuro mais sustentável.