“O futuro da logística não é apenas digital – é inteligente, ágil e profundamente conectado”

João Faísca, CEO da INFORM, afirma que “não há alternativa” à automação da tomada de decisões no futuro da logística e da cadeia de abastecimento. Com mais de 50 anos de experiência, a INFORM tem liderado o desenvolvimento de soluções baseadas em inteligência artificial e modelos matemáticos, ajudando as organizações a tomar decisões mais inteligentes e rápidas com base em dados em tempo real. Em entrevista à Grande Consumo, João Faísca explica como a digitalização está a transformar a logística e destaca os desafios e oportunidades que as empresas portuguesas enfrentam ao adotar novas tecnologias. 

Grande Consumo – De que se trata a INFORM, qual é a sua missão e propósito? O que é que a empresa pode, ou tem vindo a aportar, ao sector da logística e supply chain?

João Faísca – Há mais de 50 anos que a INFORM se dedica à resolução de problemas empresariais complexos com modelos matemáticos. Pioneiros na Inteligência de Decisão artificial numa altura em que o termo IA era pouco conhecido e os dados digitais eram escassos, os nossos exercícios iniciais rapidamente transformaram-se em poderosos modelos computacionais e na prova da viabilidade dos modelos digitais de tomada de decisão.

Atualmente, a Inteligência de Decisão é a nossa base e o cerne da nossa atividade. Os nossos algoritmos resolvem desafios em todo o mundo para chegar a decisões otimizadas na gestão da cadeia de abastecimento, logística, transportes e produção, tendo em conta a particularidade das indústrias, desafios e os objetivos empresariais.

GC – A digitalização da logística tem vindo a acelerar nos últimos anos. Quais considera serem os principais desafios que as empresas enfrentam nesta transformação? Que impacto tem tido a tecnologia na otimização da cadeia de abastecimento? 

JF – A transformação traz oportunidades incríveis – mas também apresenta um conjunto único de desafios que as empresas devem enfrentar estrategicamente. Os principais desafios que as empresas enfrentam nesta mudança digital são três:

1. Integração e qualidade dos dados: As redes logísticas são complexas e envolvem uma grande variedade de sistemas, partes interessadas e fontes de dados. Garantir uma integração perfeita e a visibilidade em tempo real destes elementos é um obstáculo significativo. Além disso, a qualidade dos dados é fundamental – dados pobres ou incompletos podem prejudicar até mesmo as ferramentas digitais mais avançadas.
2. Gestão da mudança e talentos: A tecnologia, por si só, não impulsiona a transformação – são as pessoas que o fazem. Muitas empresas subestimam a mudança cultural necessária para adotar a digitalização. A qualificação dos profissionais e o alinhamento das equipas em torno de novas formas de trabalho é muitas vezes uma das etapas mais difíceis, mas vitais, do percurso.
3. Cibersegurança e resiliência: À medida que as operações se tornam mais digitalizadas, a superfície de risco expande-se. As empresas devem investir em medidas robustas de cibersegurança e criar sistemas resilientes que possam resistir a perturbações – sejam elas digitais ou físicas.

GC – Hoje, é possível olhar/pensar esta temática sem equacionar a adoção desta mesma tecnologia/variável? Qual é, afinal, a importância real da digitalização na logística moderna?

JF – Não há alternativa, terá de automatizar a sua tomada de decisões. O impacto da tecnologia na otimização da cadeia de abastecimento tem sido profundo:

• A análise preditiva e a IA permitem uma melhor previsão da procura, planeamento de rotas e otimização de inventários – o que leva a poupanças de custos e melhores níveis de serviço.
• O acompanhamento e a visibilidade em tempo real melhoram a coordenação, reduzem os atrasos e aumentam a satisfação do cliente.
• A automação e a robótica nos armazéns estão a simplificar as operações, aumentando a precisão e reduzindo a dependência do trabalho manual em tarefas repetitivas.

Na INFORM, concentramo-nos em fornecer ferramentas inteligentes de tomada de decisão que permitem às empresas fazer escolhas mais inteligentes, mais rápidas e mais fiáveis nas suas cadeias de abastecimento. O futuro da logística não é apenas digital – é inteligente, ágil e profundamente conectado. As empresas que prosperam serão aquelas que equilibram a tecnologia de ponta com uma abordagem centrada no ser humano para a transformação.

GC – A otimização da cadeia de abastecimento passa cada vez mais por tecnologia avançada. Que soluções concretas a INFORM disponibiliza para apoiar as empresas nesse processo?

JF – A INFORM tem Unidades de Negócio especializadas em cada área onde atua. O nosso software otimiza milhares de milhões de decisões todos os dias numa série de indústrias, desde a aviação, transportes, transporte de materiais de construção, produção, gestão de terminais marítimos.

• ADD*ONE: Otimização do Supply Chain interno, desde o planeamento da procura até à otimização do inventário e ao planeamento da produção em série.
• FELIOS: Planeamento inteligente e preditivo para processos optimizados na produção e montagem.
• SYNCROSUPPLY: Gestão inteligente de intervalos de tempo e controlo optimizado de rampas e abastecimento de camiões na logística de entrada e saída.
• SYNCROTESS: Processos de transporte e manuseamento optimizados e eficientes na indústria e no comércio, bem como para empresas de logística de vários sectores.

GC – Quais os principais benefícios que uma empresa pode obter ao implementar soluções da INFORM, nomeadamente em termos de eficiência operacional e redução de custos?

JF – Cada decisão que uma empresa toma tem um impacto direto em muitas partes interessadas, desde clientes e funcionários a acionistas e à sociedade em geral. Na INFORM, acreditamos que as decisões e processos empresariais podem ser amplamente otimizados com a aplicação de IA e matemática avançada. Neste sentido quanto maior for a eficiência alcançada nomeadamente com a redução de custos, maior será o retorno para os acionistas mas também para clientes no geral já que permite preços mais competitivos no mercado.

GC – O mercado português tem especificidades próprias. Que papel pretende a INFORM desempenhar no nosso país e como avalia o nível de maturidade digital das empresas nacionais?

JF – No que respeita à digitalização, na nossa perspetiva ainda há um longo caminho a percorrer pelas empresas portuguesas. Com a entrada no mercado nacional potenciou a promoção da marca INFORM junto de empresas portuguesas, destacando a robustez das soluções e dando a conhecer casos de sucesso internacionais mas replicáveis no mercado português. Esse é um fator chave, demonstrar casos de sucesso internacionais com grande capacidade de replicação e baixo risco de implementação.

GC – Há sectores ou indústrias em Portugal onde a digitalização da logística ainda esteja numa fase incipiente e onde vejam um grande potencial de crescimento? Quais são as principais tendências e desafios que identificam no sector nos próximos anos?

JF – Na nossa perspetiva, em Portugal, a digitalização da logística tem um potencial de crescimento significativo em vários sectores e indústrias em que a INFORM já trabalha e tem soluções específicas:

• Retalho: As soluções digitais podem melhorar a gestão de stocks, a eficiência da cadeia de abastecimento e a experiência do cliente, proporcionando uma vantagem competitiva.
• Indústria transformadora: A integração, automatização e os dados em tempo real, pode otimizar os processos de produção e distribuição.
• Transporte e frete: A adoção de plataformas digitais pode melhorar a otimização de rotas, a gestão de frotas e o acompanhamento de cargas, melhorando a eficiência e reduzindo os custos.

De um modo geral, a digitalização contínua da logística nestes sectores pode levar a uma maior eficiência, à redução de custos e a uma melhor prestação de serviços.

GC – A inovação tecnológica é um fator-chave para o futuro da supply chain. Que tendências tecnológicas considera que terão maior impacto nos próximos anos?

JF – Sem dúvida que um fator chave para o futuro do Supply Chain assenta na Inteligência Artificial (lA) que pode dar às pessoas e gestores uma forte capacidade de agir num mercado cada vez mais dinâmico. Num contexto empresarial, em que as aplicações lA continuarão a crescer nos próximos anos, foi concebida para apoiar as pessoas no trabalho e melhorar a tomada de decisões nas empresas. Isto acontece sempre que processos suficientemente complexos, possivelmente sob pressão de tempo, exigem decisões operacionais de grande alcance. Podemos otimizar ou automatizar todos estes processos empresariais utilizando a inteligência artificial.

Por outro lado, a INFORM está a apostar cada vez mais em soluções baseadas Cloud-Native e SaaS (Software as a Service) que permitem aos clientes um acesso fácil aos sistemas Al. O nosso software não é construído com base em algoritmos aplicados arbitrariamente a diferentes problemas, mas em algoritmos que desenvolvemos para os requisitos e desafios específicos de determinadas indústrias e aplicações. Ao fazê-lo, defendemos uma abordagem transparente e responsável à Al, em que a responsabilidade permanece sempre com o ser humano no circuito.

GC – A INFORM já trabalha com grandes players internacionais, como a Swiss Post, por exemplo. Pode partilhar alguns exemplos concretos de implementação bem-sucedida das vossas soluções?

JF – Para além da Swiss Post temos inúmeros clientes a utilizarem as soluções da INFORM, semelhante a este temos o Austrian Post. No entanto gostava de dar exemplos noutros ramos de atividade. A Ford, Toyota, Vokswagen implementaram o nosso software de Logística de Veículos para otimizar e automatizar o planeamento, coordenação e execução dos processos logísticos. A NVD, a maior empresa de transporte de veículos na Irlanda, implementou a solução integrada da INFORM para armazenamento de veículos, oficinas e gestão de transportes, oferecendo gestão, planeamento e otimização em tempo real. Podia enumerar muitos outros exemplos na otimização da logística mesmo em Portugal, aplicados a companhias aéreas (TAP) e gestão da logística nos aeroportos (ground handling), logística em hospitais, gestão de peças em armazéns ou a otimização de produção fabril em diversos sectores de atividade.

GC – O novo YMS lançado para o mercado português promete uma gestão mais eficiente dos pátios logísticos. Que diferenciação traz face às soluções existentes?

JF – A solução YMS da INFORM foi construído de raiz para servir os operadores de correios e encomendas, bem como os centros de distribuição a nível global, terrestre e marítimos. No seu núcleo, o poderoso motor de otimização da INFORM ajuda a garantir que todas as áreas de gestão de pátios estão a funcionar de forma suave e eficiente, desde a utilização da área de armazenamento e alocação de portas de doca até às ordens internas de movimentação de veículos. A grande diferenciação que a solução oferece num processo de transformação digital é providenciar a capacidade de funcionar como uma ferramenta de apoio à decisão ou como um sistema de IA de tomada de decisões totalmente automatizado.

GC – Para finalizar, que planos tem a INFORM para o futuro, tanto a nível internacional como especificamente em Portugal? Como é que a INFORM pode apoiar as empresas a transformar a sua operação logística?

JF – Tanto a nível internacional como em Portugal, o mercado é muito dinâmico e a capacidade de resposta que as empresas terão que dar para acompanhar o desenvolvimento e os desafios impostos pela dinâmica do mercado vão ser críticos. Problemas complexos nas operações logísticas compostos por inúmeras fontes de dados e quantidades enormes de informação aliado a decisões em tempo real, é aqui que o software inteligente da INFORM terá uma resposta cabal para a otimização de processos e tomadas de decisões com impacto no negócio. O Digital Decision Making combinada com a utilização de Inteligência Artificial, vai proporcionar às empresas uma vantagem competitiva única. Com a crescente globalização ao nível dos negócios, a INFORM em Portugal pretende utilizar experiências de sucesso anteriormente utilizadas em clientes internacionais de forma a acelerar a implementação da solução que trará uma clara proposta de valor para as empresas portuguesas.

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