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Monliz investe 18 milhões de euros na expansão da capacidade produtiva

A Monliz – Produtos Alimentares do Mondego e Liz, Lda. é uma unidade industrial de produção, embalamento e venda de produtos hortofrutícolas congelados situada em Alpiarça, no coração do Ribatejo – uma região de tradição histórica agrícola. Adquirida em 2000 pelos grupos belgas Ardo e Crop’s, a Monliz possui modernas instalações de produção de vegetais ultracongelados e de embalamento desde 2005. Em 2014 concluiu-se o processo de expansão da sua capacidade produtiva (segunda linha de produção, branqueamento e ultracongelação), acondicionamento (alargamento da capacidade de embalamento em saco para a indústria) e armazenamento (segunda câmara de congelação) com um investimento de cerca de 18 milhões de euros. Mauro Cardoso, diretor geral da Monliz, explica em entrevista à Grande Consumo as mais-valias trazidas por este investimento.

Grande Consumo – O que representa para a Monliz a inauguração da sua segunda linha de produção e câmara de frio? Qual o montante investido e que objetivos presidem a este investimento?

Mauro Cardoso – Para a Monliz é um passo extremamente importante que se traduz na concretização de muitos anos de trabalho e empenho de toda a equipa. Trata-se de um investimento superior a 18 milhões de euros  e que incluiu a segunda fase de expansão com a instalação da segunda linha de produção e segunda da câmara de frio da Monliz.

 

GC – Em que medida vai permitir ampliar a produção da empresa? Quantos postos de trabalho são criados? Com quantos recursos humanos ficará a empresa com este novo investimento?

MCCom esta ampliação foi possível duplicar a capacidade de produção e armazenamento da unidade, que em 2013 se situou nas 31.515 toneladas. Com este investimento, criámos 45 novos postos de trabalho. Ficaremos, assim, com cerca de 204 trabalhadores.

 

GC – Quais foram os principais desafios na concretização do projeto? O apoio da autarquia foi fundamental neste processo?

MCO principal desafio foi a criação da base de produtores para suprir as nossas necessidades de matéria-prima. Essa continua a ser a nossa principal preocupação.
O apoio da autarquia foi imprescindível para que o investimento viesse para Portugal. As condições criadas em Alpiarça permitiram dar confiança aos investidores para o investimento inicial e para o reforço desse mesmo investimento com a duplicação da capacidade.

 

GC – Como se processou a integração, em 2000, nos grupos belgas Ardo e Crop’s? De que forma esta integração contribuiu para um salto evolutivo da atividade da empresa?

MC A Monliz integra, desde 2000, dois grupos internacionais na área de produtos ultracongelados: os grupos belgas Ardo e Crop’s.
A integração neste grupo foi marcante para a Monliz porque permitiu uma troca de sinergias e know-how agronómico, técnico e comercial, fundamentais para a evolução da empresa.
80% das vendas são feitas para o grupo. Sem este volume, o projeto Monliz não seria viável.

 

GC – Quanto representa a Monliz na produção do grupo? Como tem evoluído a empresa em termos de produção e volume de negócios? Quanto cresceu em 2013 face a 2012 e quanto prevê evoluir no presente exercício?

MCA Monliz representa 5% da produção do grupo. Em 2012, a Monliz registou um volume de negócios de cerca de 35.814 milhões de euros e produziu 28.571 toneladas. Em 2013, registou um aumento do volume de negócios que atingiu 38.896 milhões de euros e produziu 31.515 toneladas de legumes.  A Monliz exporta cerca de 80% da sua faturação e comercializa os restantes 20% para a grande distribuição e retalho.

 

GC – Quais são os produtos-âncora da Monliz?

MCTodos os produtos são importantes, mas podemos destacar os pimentos, as ervilhas e os brócolos.

 

GC – Como é a parceria com agricultores? Quanto representa já a Monliz em termos de área cultivada?

MCTrabalhamos lado a lado com os agricultores e, em termos de parcerias, o objetivo da empresa é continuar a fortalecer as nossas relações com os produtores, de modo a manter um trabalho conjunto saudável e profícuo. Contratamos cerca de 3.400 hectares todos os anos.

 

GC – De que forma contribui para a economia local?

MCAs principais contribuições são a compra de cerca de 11 milhões de euros de produtos hortícolas a produtores nacionais e o emprego de cerca de 200 pessoas em média e no pico de campanha cerca de 350. Indiretamente, como as culturas que mais produzimos são culturas muito pouco mecanizadas, há também muita incorporação de mão-de-obra, criando-se assim muitos postos de trabalho indiretos.

 

GC – Portugal é competitivo para esta indústria? Ser português é uma mais-valia?

MCClaro que sim e a principal vantagem competitiva de Portugal é o clima. Se fosse possível cultivar de igual forma pimento na Bélgica ou na Alemanha, seguramente o sul da Europa não produziria o que produz. Mas, mesmo aí temos uma fortíssima concorrência de Espanha, onde a produção tem outra escala e a distância é menor para os mercados. O que significa que temos de trabalhar mais e melhor do que os nossos concorrentes mais diretos para conseguir ser competitivos. Esse tem sido um dos segredos da Monliz, temos uma equipa forte, competente e empenhada que tem conseguido eliminar essa desvantagem.

GC – Quais os grandes desafios que hoje se colocam à Monliz? É a falta de mercado ou, pelo contrário, a falta de capacidade de dar resposta a todas as solicitações?

MCO grande desafio que se coloca à Monliz é aumentar a capacidade produtiva, aumentarmos as nossas exportações e, assim, conseguiremos suprir as necessidades do grupo ao qual pertencemos. Para isso, é necessário ultrapassarmos a limitação que reside na produção hortícola nacional dos produtos que processamos.
A empresa pertence a duas multinacionais belgas com fábricas um pouco por toda a Europa e com uma presença fortíssima no mercado global dos legumes ultracongelados, por isso, mercado não nos falta. Estamos já há muito tempo, através do grupo, a exportar para 56 países. Há brócolo cultivado em Portugal a ser consumido em sítios tão distantes como o Brasil ou a Austrália.

 

GC – Ainda é possível inovar nesta área de negócio?

MCÉ sempre possível inovar. Estamos constantemente a experimentar novas variedades de plantas e outras formas de produção, o que nos permite lançar regularmente novos produtos de acordo com as novas tendências alimentares. Procuramos sempre antecipar as necessidades dos consumidores regionais nos países onde estamos presentes.
Assim, para continuarmos a estar na linha da frente, temos de implementar constantemente processos inovadores, desde a procura de novas variedades e novas receitas até às novas embalagens. Temos de inovar constantemente todo o processo, desde a seleção da semente até ao embalamento. Tudo isto é valorizado pelos grupos de distribuição nacionais com os quais a Monliz trabalha.

 

GC – Que nichos de mercado se podem explorar para fugir à luta pelo preço?

MCA Monliz tem um portfólio muito extenso de produtos, abrangendo dos produtos mais comuns a toda a espécie de especialidades. Da mais saborosa ervilha aos grelos salteados tão do agrado do paladar português. Dos nuggets de brócolo aos hambúrgueres vegetais. Temos produtos altamente convenientes e produzidos de forma sustentável nas mais variadas embalagens.

 

GC – A marca é importante?

MC – A percentagem de marca branca neste sector é altíssima. Acreditamos. ainda assim, que através das marcas que representamos conseguimos apresentar propostas diferentes e inovadoras.

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