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Menos de 5% das empresas europeias apresenta planos alinhados com a meta de aquecimento global de 1,5º C

Foto Shutterstock

Cerca de metade das empresas europeias assume ter planos de transição climática para cumprir a meta do aquecimento global abaixo dos 1,5°C, mas menos de 5% mostra progressos significativos no desenvolvimento de um plano para atingir esse objetivo.

As empresas portuguesas têm um desempenho ligeiramente melhor do que a média europeia, com 6% das empresas consideradas avançadas e mais 49% em desenvolvimento, revela a análise publicada pelo CDP (Carbon Disclosure Project), organização sem fins lucrativos, e pela consultora global Oliver Wyman.

O relatório “Stepping up” mostra que a maioria dos planos das empresas europeias carece de ambição e transparência em áreas-chave, tais como a governação, o planeamento financeiro e o envolvimento na cadeia de valor. Menos de 5% das empresas (56) tem simultaneamente um objetivo de redução de emissões de carbono alinhado com a meta de aquecimento global de 1,5°C e reporta informação na maioria (dois terços) dos indicadores-chave, confirmando ter um plano de transição credível.

 

Portugal

Relativamente às empresas portuguesas, embora nove em cada 10 tenham iniciativas para reduzir as emissões, o relatório também encontra claras lacunas nas ações necessárias para a transição numa trajetória de 1,5°C. Por exemplo, apenas 26% avalia até que ponto as despesas ou receitas se alinham com as metas de 1,5°C e menos de 40% está a levantar preocupações climáticas nos contactos com os fornecedores.

O relatório estima que até 40% de toda a dívida empresarial pendente das empresas analisadas (1,8 triliões de euros) financia atualmente aquelas que não têm objetivos claros ou provas do desenvolvimento de planos de transição credíveis. O acesso ao financiamento pode tornar-se mais desafiante, à medida que os bancos procuram atingir objetivos líquidos zero através da descarbonização dos seus livros de empréstimos. Oito em cada 10 instituições financeiras que reportam para o CDP já estão a avaliar os seus clientes na sua estratégia rumo à meta de 1,5°C em, pelo menos, alguns sectores chave.

 

Natureza

E como o clima é apenas uma parte de um desafio mais vasto relacionado com a natureza, o relatório também analisou áreas de ação chave, como a biodiversidade, desflorestação e segurança da água. Apenas 7% das empresas reportou um forte objetivo de reduzir as emissões, o consumo de água e a desflorestação, enquanto 39% revelou um compromisso público em vigor relativo à biodiversidade.

Falta também incentivar as administrações das empresas a atingir objetivos: 54% das empresas estabelece atualmente uma correlação entre o valor dos salários e a execução da empresa ao nível do clima, com menos de um terço a fazê-lo em função das alterações climáticas, desflorestação e tópicos relacionados com a água.

De forma mais positiva, e mesmo ainda antes da lei da União Europeia que estabelece a obrigatoriedade de apresentação de relatórios (CSRD) entrar em vigor (2024), 71% das empresas que divulgam ao CDP dados sobre alterações climáticas, desflorestação e segurança hídrica já comunica estes dados no seu relatório anual de gestão para investidores. No entanto, relativamente à biodiversidade, esse número cai para uma em cada quatro empresas.

Apenas 5% das empresas que comunicam dados sobre florestas ao CDP certificam que 90% dos volumes de mercadorias não causou desflorestação, enquanto apenas 13% avalia o impacto da sua cadeia de valor na biodiversidade.

 

Aceleração

“Todas as empresas que têm impacto no nosso ambiente precisam não só de objetivos claros, mas também de planos claros para a sua concretização e de provas de que o estão a fazer. A regulamentação da União Europeia irá apertar em breve- passará a ser obrigatório as empresas terem planos claros que façam a transição dos seus modelos de negócio para uma meta de 1,5 °C. Este relatório mostra que apenas uma pequena minoria de empresas, menos de 5%, revela todos os dados de que precisamos para avaliar. E o clima é, evidentemente, apenas uma componente do desafio mais vasto das empresas. À medida que aumentam as expectativas de que as empresas incluam a natureza no seu planeamento de transição mais amplo, este relatório mostra que a maioria destas ainda precisa de acelerar e mostrar aos investidores, financiadores e reguladores que estão prontas para agir. As empresas não podem atingir o ‘net-zero’ sem considerar, também, os impactos que os seus negócios têm na natureza: não temos tempo a perder”, afirma Maxfield Weiss, diretor executivo do CDP.

Já segundo Cornelia Neumann, sócia de Oliver Wyman, é necessária uma mudança radical no âmbito e na qualidade dos planos de transição das empresas europeias nos próximos dois a três anos. “A nossa análise com o CDP mostra que, embora haja progressos na adoção de estratégias de transição, é necessário um maior sentido de urgência. Muitos planos de transição ainda carecem de elementos importantes, especialmente quando se trata de traduzir metas climáticas estratégicas em planos concretos de implementação e de envolvimento na cadeia de valor. Este nível de concretização é necessário se as empresas quiserem ser capazes de conduzir os seus negócios através da transição e demonstrar, de forma credível aos seus parceiros, que estão no bom caminho para cumprir os objetivos climáticos. As empresas com a ambição de liderar na transição terão de ir além do clima e incorporar os seus compromissos sobre biodiversidade e natureza na sua agenda de transição”.

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