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Janela para limitar o aquecimento global está a fechar-se

Foto Shutterstock

A janela para limitar o aquecimento global a níveis relativamente seguros está a fechar-se rapidamente, de acordo com o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC). Para cumprir os objetivos do Acordo de Paris, limitar o aumento médio da temperatura global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e, caso não seja possível, abaixo dos 2ºC, serão necessárias medidas imediatas e sem precedentes de todos os países.

O IPCC tem lançado um novo relatório de avaliação a cada oito anos. Cada ciclo culmina num trio de relatórios que examina minuciosamente a ciência das alterações climáticas. O último relatório é a sexta iteração do processo do IPCC. A sua primeira parte, que publicada em agosto de 2021, concluiu que o clima estava a mudar mais rápido do que o inicialmente previsto pelos cientistas do clima. Em fevereiro, o segundo volume mostrou que as consequências das perturbações no sistema climático global também são piores do que o esperado e avaliou o quanto os seres humanos e o mundo natural poderiam adaptar-se. A terceira parte expõe as ações que se podem tomar para impedir que as temperaturas globais aumentem para além de certos níveis, até ao final do século, e define ainda as consequências destas ações, sobre a economia e o uso da terra, bem como a forma como os comportamentos das pessoas devem mudar, entre muitos outros fatores.

 

Conclusões

As conclusões são muito preocupantes. Para se ter 50% de hipóteses de evitar mais de 1,5ºC de aquecimento, ao longo do século XXI, as emissões globais de carbono terão de ser zero, em termos líquidos, ou seja, não é libertado mais carbono para a atmosfera do que aquele que é removido, no início dos anos 2050. Já para se ter 50% de hipóteses de manter o aquecimento abaixo dos 2ºC, as emissões globais de carbono devem ser zero, em termos líquidos, no início dos anos 2070. Para ambos os cenários, as emissões de todos os gases com efeito de estufa devem atingir o pico até 2025.

No entanto, isto está longe de acontecer. Apesar das promessas de quase todos os países para travar as alterações climáticas, o IPCC constatou que o salto nas emissões líquidas médias anuais de gases com efeito de estufa, entre 2000 e 2009 e entre 2010 e 2019, foi o maior. Nota, no entanto, que a taxa média de crescimento desacelerou, de 2,1% para 1,3% ao ano, durante o mesmo período.

Atingir a meta de 1,5°C significa que o uso global de carvão deve diminuir em 95%, até 2050. O uso de petróleo deverá cair 60% e o de gás 45%, durante o mesmo período. As reduções necessárias para limitar o aquecimento abaixo de 2°C não são muito inferiores. Em ambos os cenários, não há espaço para novos projetos de combustíveis fósseis e a maioria dos existentes terá de ser terminada.

 

Transformações

O relatório descreve as formas pelas quais a agricultura, as viagens e a maioria das indústrias terão de ser transformadas e, pela primeira vez, olha em detalhe como os indivíduos podem ser encorajados a mudar o seu comportamento.

As potenciais vias delineadas pelo IPCC para limitar o aquecimento a 2°C dependem também da remoção do dióxido de carbono da atmosfera, seja sequestrando-o nas árvores e solo, seja capturando-o diretamente do ar.

Tudo isto tem um custo substancial. O relatório estima que tomar as medidas necessárias para manter as temperaturas abaixo dos 2ºC poderia reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) global em 1,3% para 2,7%, até 2050, quando comparado com a adesão apenas às políticas climáticas que os países já anunciaram.

No entanto, o relatório salienta que estes custos não contemplam os danos causados pelas alterações climáticas ou pelos sacrifícios necessários à adaptação. Ou seja, não adotar políticas climáticas mais agressivas traz os seus próprios custos, que incluem a perda de vidas e de meios de subsistência, a destruição causada por eventos climáticos extremos e a perda de produtividade, para listar apenas alguns.

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