A pandemia por Covid-19 já está a fazer vítimas no sector retalhista norte-americano e, designadamente, no sector têxtil. A cadeia de moda J. Crew declarou falência, com uma dívida de 1.650 milhões de dólares (1.500 milhões de euros).
Sediada em Nova Iorque, esta cadeia de moda é conhecida por ser uma das prediletas de Michelle Obama, antiga primeira-dama dos Estados Unidos, mas não resistiu à pressão do encerramento das lojas, uma das medidas decretadas pelo governo norte-americano para conter a propagação do novo coronavírus. Foram encerradas 500 lojas J.Crew, a fábrica e os pontos de venda Madewell.
A Chinos Holding, matriz da cadeia, entregou o pedido de falência num tribunal da Virginia e pediu proteção dos credores. Juntamente com o pedido de insolvência, a empresa apresentou uma proposta de reestruturação da dívida e de encerramento de lojas em troca da cedência da propriedade aos credores que possuem 71% da dívida.
Insolvência evitada em 2017
Esta não é a primeira vez que o “fantasma” da insolvência acossa a J. Crew. A cadeia, comprada em 2011 por dois fundos de capital de risco, já em 2017 tinha evitado esta situação. Em 2014, foi negociada a sua venda à japonesa Fast Retailing, dona da Uniqlo, mas que falhou na concretização. Três anos depois, evitava a falência mediante um acordo com os credores para reduzir a sua dívida e adiar prazos de pagamento.
Já antes do surto da Covid-19, a J.Crew debatia-se com dificuldades para enfrentar as mudanças nas tendências de consumo no sentido da compra online, assim como a concorrência de marcas de moda mais acessíveis, como a Zara e a H&M. No último ano fiscal, terminado no início de fevereiro, registou um prejuízo de 78,8 milhões de dólares.
Vítimas da Covid
Nos primeiros três meses da crise causada pela pandemia por Covid-19, ter-se-ão perdido até 6,1 milhões de empregos no sector do retalho nos Estados Unidos da América, segundo as estimativas da National Retail Federation (NRF).
A moda é um dos sectores mais afetados: num mês em que as vendas no retalho caíram, globalmente, 8,7% no mercado norte-americano, as de vestuário e acessórios contraíram 50,5%, segundo os dados do Census Bureau. Algumas marcas de moda não sobreviverão à pandemia e outras terão que mudar o seu modelo de negócio, de modo a poder responder a um consumidor com novas preocupações e expectativas.
Um estudo realizado pela Kantar e o portal espanhol especializado Modaes.com confirma que a quota de mercado do e-commerce no sector está a aumentar e que 14% dos inquiridos compraram ou pretendem comprar vestuário e acessórios através do canal online durante a crise epidémica.