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Guerra na Ucrânia com impacto no grande consumo europeu

Foto Shutterstock

O impacto da guerra da Ucrânia está a levar à escassez de alimentos e de mercadorias que terá impacto no mercado de consumo e na alimentação dos europeus, revela um novo estudo da IRI.

A Ucrânia é um dos três principais exportadores de trigo, oleaginosas, milho e batatas, ingredientes básicos da maioria dos alimentos processados. Além disso, é o principal produtor de cevada e de centeio utilizados na produção de álcool.

A perda de culturas, a incapacidade dos agricultores trabalharem nos campos, a proibição temporária das exportações para manter as reservas alimentares e a perturbação dos principais portos, como Odessa, resultarão, assim, numa escassez de ingredientes e problemas de qualidade para as indústrias alimentares e de bebidas.

Embora os fabricantes e retalhistas de grandes marcas sejam fornecidos de outros países, o aumento dos preços, a nível global, irá afetar os seus custos“, diz a consultora.

 

Futura escassez de frescos biológicos

Em consonância com este ponto, é assinalada pela IRI uma futura escassez de produtos biológicos. A Ucrânia tem a maior concentração de terras aráveis do mundo, pelo que a cadeia de abastecimento de alimentos biológicos é restrita, o que se traduzirá numa escassez e perturbações no fornecimento de alimentos biológicos frescos.

Além disso, o conflito afeta a disponibilidade de mercadorias básicas, como gás, fertilizantes ou farinha para a alimentação animal. O preço dos fertilizantes aumentou 8% e, juntamente com a farinha para os animais (principalmente bovinos leiteiros e aves de capoeira), prevê-se que o preço aumente ainda mais se a situação se arrastar.

Este país é também um grande produtor de titânio, manganês e minério de ferro para aço de baixo custo e usos especializados. Nesta situação, segundo a IRI, é pouco provável que a bolsa de mercadorias se estabilize até que a cadeia de abastecimento volte ao normal.

A escassez de energia é outro ponto-chave. O gás e o petróleo da Rússia são transportados para o sul da Europa e para a Turquia através da Ucrânia. As redes de distribuição ainda não foram atacadas, mas, em caso afirmativo, isso significará escassez de energia. Os países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), principalmente a Arábia Saudita, recusaram aumentar a produção de petróleo para estabilizar os preços.

 

Monopólios de distribuição russos

Outro ponto a ter em consideração, indica esta análise, são os monopólios russos de distribuição na Ucrânia. Alguns dos maiores distribuidores de Fast Moving Consumer Goods (FMGC) neste país são de propriedade russa e estão sujeitos a sanções comerciais e logísticas.

Por último, há a situação causada pelos refugiados. A população ucraniana em idade ativa não está, atualmente, a trabalhar e é improvável que regresse até que a normalidade e a segurança estejam asseguradas.

Por estas razões, tudo indica que haverá um aumento significativo da inflação na Europa Ocidental e norte de África, principalmente devido a três fatores: a escassez de ingredientes básicos para alimentos, bebidas e álcool, custos das matérias-primas mais elevados e deficiências na cadeia de fornecimento e distribuição.

O impacto da guerra no grande consumo será eliminado, mesmo no caso de um cessar-fogo ser acordado, uma vez que é pouco provável que as sanções à Rússia desapareçam imediatamente. Por outro lado, a Ucrânia precisará de tempo e de uma grande ajuda humanitária e económica para reconstruir a sua agricultura, indústria e transporte marítimo.

Ngozi Okonjo-Iweala

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