A GS1 Portugal promoveu, no passado dia 25 de janeiro, o evento “Sustentabilidade e descarbonização. E agora?”, que contou com intervenções de diferentes especialistas na área da sustentabilidade. Em destaque estiveram temas como as alterações climáticas, a transição energética e as formas como as empresas podem dar um passo rumo a um futuro mais sustentável.
João Guimarães, diretor executivo da GS1 Portugal, deu início ao evento, enquadrando a realidade atual, “em que o consumidor está cada vez mais informado e penaliza as empresas que não se preocupam com sustentabilidade e ‘governance’”.
No primeiro momento de intervenções, Pedro Dominguinhos, presidente da Comissão de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), abordou o tema “Capitalização da Indústria: Financiamento de Projetos de Descarbonização”, apresentando oportunidades, com base no PRR, para as empresas. Pedro Dominguinhos sublinha que “vivemos o último ano com uma crise energética profunda, que veio tornar ainda mais célere e prioritária a transição climática, sobretudo no contexto empresarial. As empresas têm de tomar decisões de investimento, qualquer atraso significa um aumento de custos e menor tempo disponível para a tomada de decisão e para o início da conversão”.
Num segundo momento de intervenções, o destaque foi para o papel das empresas no “Novo Paradigma de Produção e de Consumo: A Regeneração dos Ecossistemas”, com a intervenção de Ricardo Zózimo, investigador e professor auxiliar da NOVA School of Business and Economics. Segundo o investigador, apesar das questões ambientais estarem sempre muito associadas ao Governo e a organizações não governamentais, as empresas também são “parte da solução e não do problema”. Por isso, estas devem acelerar o seu processo de transição para a regeneração, “apostando em processos que pensem como a natureza”, nomeadamente, repensando a água como um recurso finito, tratando o lixo como um acelerador económico, que pode ser uma fonte de rendimento e, ainda, reavivando o sentido de comunidade.
Relatório de sustentabilidade
Na terceira parte do evento, Marta Résio, gestora de comunicação da GS1 Portugal, e Cláudia Coelho, Sustainability and Climate Change Partner da PWC Portugal, protagonizaram uma conversa sobre “Desafios e Melhores Práticas no Relato de Sustentabilidade”, salientando o importante papel dos relatórios de sustentabilidade das empresas, que são exigidos pela Diretiva de Relato de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) a um universo mais alargado de empresas, desde janeiro de 2023.
A GS1 Portugal apresenta o seu primeiro relatório de sustentabilidade, que visa “sistematizar as iniciativas implementadas em matéria ambiental, social e de governança”, procurando com esta ferramenta de melhoria contínua “inspirar a massa associativa, a comunidade GS1 e toda a comunidade empresarial”, afirmou a gestora de comunicação da organização. Além disso, a GS1 Portugal, como acrescentou, propõe-se ainda “trabalhar com a comunidade empresarial e com os associados da GS1 Portugal, no sentido de dar conta do que esta obrigatoriedade legal implica e demonstrar a disponibilidade da GS1 Portugal em apoiar”.
Como acrescentou Cláudia Coelho, esta nova obrigatoriedade da CSRD traz implicações a vários níveis, tais como a obrigatoriedade de empresas em elaborarem um relatório de sustentabilidade sempre que dois destes critérios se concretizem: balanço financeiro superior a 20 milhões de euros, volume de negócios superior a 40 milhões de euros e número médio de colaboradores superior a 250, bem como de o apresentarem auditado.
Desafios da descarbonização
O evento contou, ainda, com um painel de debate sobre “Tendências de Sustentabilidade, Impacto da Inflação e Desafios da Descarbonização”, que teve como foco a execução do PRR. Beatriz Varela Pinto, Manager Climate Change & Sustainability Services da EY, reforçou que “o PRR é instrumento central para a concretização da transição climática necessária e não só pode, como deve impulsionar o acesso ao financiamento pelas empresas e assim concretizar os objetivos”.
Patrícia Franganito, Certification & Training Manager da Bureau Veritas, começou a sua intervenção, salientando que “há várias empresas que já alcançaram determinadas metas, não só na componente ambiental, de que a redução da pegada carbónica é exemplo; mas também nos domínios sociais e de governança de que dos padrões de igualdade de género são exemplo“. Como sublinhou, “toda a componente da transição digital, transição climática, componente da eficiência, da resiliência e inclusão, que é necessário colocar em prática” têm registado avanços signficativos.
Segundo Pedro Cruz, ESG Coordinator Partner da KPMG, pronunciando-se sobre o PRR, há uma “maior dificuldade por parte das empresas mais pequenas em ter acesso a este tipo de incentivos, mesmo que o PRR esteja feito para apoiar estratégias colaborativas, permitindo que empresas maiores e mais pequenas tenham acesso a programas a que, de forma isolada, não teriam capacidade para aceder”. O especialista salientou, contudo, a vontade das PME em aproveitar o PRR e outros fundos para a sua estratégia de descarbonização.
Lean&Green
O evento terminou com a entrega de prémios da terceira edição do programa Lean&Green da GS1 Portugal. Foram reconhecidas pela implementação de planos de ação de redução de, pelo menos, 20% das emissões de gases com efeito de estufa inerentes a operações logísticas e de transportes a Auchan Retail Portugal, Bel, Broliveira, Granfer, Lopes & Carvalho e Santos e Vale. As evidências foram avaliadas por auditores independentes.